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Guyane Araújo/UOL Esporte

Máquinas trabalham para abaixar nível do gramado, visando a Copa do Mundo de 2014

05/09/2010 - 07h00

Em obras, Mineirão chega aos 45 anos ainda de olho na abertura da Copa

Guyane Araújo
Em Belo Horizonte

Após 3.386 partidas de futebol, o Mineirão, conhecido como “Gigante da Pampulha”, completa 45 anos, neste domingo, 5 de setembro, sem festa e com os portões fechados. Em reforma, visando a Copa do Mundo de 2014, o estádio Governador Magalhães Pinto, no momento, é uma lembrança para os desportistas mineiros, que vivem a expectativa de sua reabertura. Para os rivais Atlético-MG e Cruzeiro, que transformaram o lugar em suas casas, o fechamento trouxe prejuízo financeiro e dificuldades dentro de campo.

Bruno Freitas/UOL
Construções ou reformas em estádios têm que trazer benefícios posteriores à população. Isso é importante, senão joga-se dinheiro fora que é um absurdo. Espero que isso aconteça

Tostão, ex-craque do Cruzeiro e seleção brasileira, que marcou 143 gols no Mineirão, entre 1965 e 1972

Apesar dos transtornos aos clubes, jogadores e torcedores, o Mineirão está sendo preparado para a abertura da Copa do Mundo. Mesmo com o futuro estádio do Corinthians, em Itaquera, sendo colocado como a sede do primeiro jogo do Mundial no Brasil, os responsáveis pelo projeto de Belo Horizonte na competição não desistem.

“Desde o início temos trabalhado para a abertura. Essa será uma decisão tomada mais adiante. São vários fatores que influem, tem os requisitos da Fifa. Estamos atendendo todos os requisitos. Toda a rede Hoteleira e a adequação a padrões internacionais. Estamos tranquilos”, defende o presidente do Núcleo de Gestão das Copas de Minas Gerais, Tadeu Barreto Guimarães. Ele pontua que as obras estão dentro do cronograma.

O ex-craque Tostão, um dos grandes jogadores da hiostória do Mineirão, considera que a reforma o deixará mais bonito e moderno. Ele não tem dúvidas que o estádio será palco de jogos importantes. O ex-atleta, que esteve na Copa da África do Sul, disse que o que mais o chamou atenção lá foram os estádios. “A África construiu estádios caríssimos, muito grande e sem necessidade. Acho que o futebol de lá, não tem prestigio para manter os estádios. Sou contra fazer e depois ficar sem uso. É como em Manaus e Mato Grosso, que não tem nem times de primeira divisão”, comparou.

A reforma do Mineirão mexe não apenas com craques que ajudaram a consagrá-lo, mas também com personagens menos famosos, mas não menos importantes. É o caso do funcionário mais antigo da Administração dos Estádios de Minas Gerais (Ademg), José da Silva França Sobrinho, 71 anos, que está fazendo um levantamento de dados para compor o Memorial do Mineirão, que incluirá estatísticas de todos os jogos nacionais e internacionais, além de fotos e histórias dos artilheiros.

Fernando Santos/Folha Imagem
Tenho marcas no Mineirão e tenho saudades. Ninguém me pegava lá

Dario, ídolo da história do Atlético-MG, que marcou 37 gols no Mineirão em 1969

Em março de 2011, José França completará 50 anos dedicados ao Mineirão, já que participou da construção do estádio, quando foi o responsável pelo controle de três mil funcionários durante as obras. Hoje, ele analisa desde a primeira ficha técnica das partidas da qual extrai dados como as escalações dos times, campeonato, público, renda, o salário mínimo da época, árbitro, assistente, reserva, gols, escalações, faltas, cartões e faturas para compor por time as estatísticas como artilheiro, gols, pênaltis, faltas, fraturas.

Fechado desde o dia 26 de junho para reforma e modernização, o estádio conta com um planejamento estratégico elaborado pelo trabalho integrado entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Belo Horizonte. Grupos como Infra-estrutura Esportiva, Mobilidade, Turismo e Rede Hoteleira, Comunicação e Marketing e Utilidade Pública compõem os projetos em etapas de preparação e operação para a Copa de 2014.

De acordo com o presidente do Núcleo de Gestão das Copas de Minas Gerais, Tadeu Barreto Guimarães, a adaptação do Estádio está sendo feita por um grande conceito. “Ele será um centro de serviços que vai atender e integrar a população do entorno de segunda a segunda. Será um espaço para jogos, shows e eventos de lazer”, definiu.

OS NÚMEROS IMPORTANTES DO MINEIRÃO

PRIMEIRO GOL: Buglê, para a seleção mineira, na vitória sobre o River Plate, da Argentina, por 1 a 0, em 5 de setembro de 1965
ARTILHEIRO: Reinaldo, do Atlético-MG, é o maior artilheiro da história do Mineirão, por ter marcado 144 gols entre 1973 e 1984.
MAIOR MÉDIA DE GOLS POR ANO: Tostão, do Cruzeiro, tem média de 17 gols por ano. Ele marcou 143 gols entre 1965 e 1972.
GOL MAIS RÁPIDO: Reinaldo, do Atlético-MG, aos 20 segundos do dia 14 de abril de 1993.
MAIOR PÚBLICO (ENTRE PAGANTES E NÃO PAGANTES): Cruzeiro 1 x 0 Villa Nova, em 22 de junho de 1997, na final do Campeonato Mineiro, com 132.834 pessoas, sendo que mulheres e crianças não pagaram ingressos.
MAIOR PÚBLICO PAGANTE: O maior público pagante foi em 4 de maio Cruzeiro 1 x 0 Atlético-MG, em 1969, com 123.351 pessoas.
MENOR PÚBLICO: América-MG 6 x 1 Democrata, em 2 de junho de 1988, com apenas 88 torcedores.

O espaço multiuso será feito por uma gestão compartilhada e terá como alguns objetivos o retorno das famílias ao estádio e o crescimento do futebol mineiro. “O Cruzeiro e o Atlético passaram a disputar as competições em nível nacional a partir do surgimento do Mineirão. A partir de agora eles vão crescer igual na década de 60”, compara.

Rebaixamento do gramado

O Modelo de Gestão Compartilhada entre o poder público e o privado funcionará no estádio, onde o Governo não investe recursos na obra e em troca cede o direito do poder privado de explorar comercialmente o local por 25 anos. A obra foi dividida em três etapas. A primeira que consistia na correção de anomalias estruturais das vigas de sustentação já foi entregue no dia 8 de julho.

Agora, as obras que seguem são a demolição de parte da arquibancada inferior, a extinção da geral e no rebaixamento do gramado em 3,5 metros, para melhorar a visibilidade. Ao todo serão tirados 68,8 mil metros cúbicos de terra, quantidade que cabe em 5.700 caminhões, segundo dados do projeto.

Já na terceira fase que deve iniciar em janeiro de 2011 será feita a adequação aos padrões da Federação Internacional de Futebol (Fifa). Segundo Tadeu Barreto, essa etapa é a grande intervenção do projeto. “Teremos a preservação do anel que é tombado pelo patrimônio histórico”, ressalta.

Entre outras mudanças, está a cobertura adicional das arquibancadas, construção de camarotes, a instalação dois telões e cobertura de uma esplanada no entrono onde funcionará o estacionamento, lojas e restaurantes; outra mudança é a construção de uma passarela ligando o Mineirão e o Mineirinho.
 

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