Neuza Kitizo Uyheara, a Neuzinha, rotulada como a primeira namorada de Pelé, ainda chora quando vê o ex-jogador de futebol na televisão. “Eu lembro dos tempos de brincadeira, quando convivíamos juntos. Falo para os meus filhos: ‘Isso sim era amizade. Eu conservo essa amizade até hoje’”, diz.
Retrato de Neuzinha de 1958...
...ganhou mensagem de Pelé
Pelé conheceu Neuzinha em Bauru quando ainda era criança e dividia suas atenções entre campinhos de futebol, partidas de bola de gude e bailinhos. Os dois ficaram mais próximos quando Dondinho, pai de Pelé, transferiu-se para uma residência na rua Sete de Setembro. As casas das famílias de Pelé e Neuzinha eram separadas apenas pela residência do também ex-jogador de futebol Baroninho (ex-Palmeiras).
Neuzinha não lembra exatamente a partir de que ano a amizade floresceu. “Era uma grande turminha de crianças. Lembro que no início dos anos 1950, eu e mais duas amigas gostávamos de ver os meninos jogando bola nos campinhos do bairro. O Dico (apelido de Pelé durante a infância) estava entre eles.”
Pelé só deixou evidente seu interesse pela menina quando estava para deixar definitivamente a cidade de Bauru. Waldemar de Brito, seu técnico no infanto-juvenil do Bauru Atlético Clube, o Baquinho, estava tão empolgado com o menino que, em 1956, o indicou ao Santos.
“Só descobri que ele realmente gostava de mim quando viajou para Santos e me deixou uma foto autografada e com dedicatória.”
Nessa época, ainda desconhecido, Pelé tinha facilidade para deixar Santos durante as folgas e visitar seus pais em Bauru. “Ele sempre me procurava. Mas aquela época era diferente. Namorado tinha que ficar conversando com a menina na frente do portão. As coisas não eram tão livres como são nos dias de hoje’, recorda Neuzinha.
Em 1958, após o retorno consagrado com a conquista da Copa do Mundo na Suécia, Pelé registrou em um retrato de sua namorada a declaração mais inesquecível do romance: “Neuza, receba este autógrafo de quem lhe estima e quer muito bem. Como prova de amor, Edson Arantes (Pelé). 15-7-1958” (foto ao lado).
Mas fazer visitas a Neuzinha já não era mais tão simples. Era complicado para Pelé andar com tranqüilidade pelas ruas de Bauru. Todo encontro era minuciosamente combinado para evitar o assédio de torcedores e jornalistas.
“Lembro que, antes de viajar para a Suécia, o Dico teve uns dias de folga e veio até Bauru. Ele me procurou e disse: ‘Se eu ganhar a Copa do Mundo, vou dizer aos jornalistas que você é a minha primeira namorada. Você aceita?’ Claro que aceito!”
Mas o namoro não durou muito tempo. Após a fama, Pelé se resguardou em Santos e deixou de visitar Neuzinha. Em comum, os dois passaram a ter somente algumas conversas pelo telefone. Em 1960, os namoricos de Pelé viraram notícia e Neuzinha optou por desistir do relacionamento.
Pelé se casou com Rosemeri Cholbi, em 1966, Neuza casou-se em 1965, mas ficou viúva em 1982 e passou a cuidar dos três filhos sozinha. “Não casei mais. Trabalhei no comércio de Bauru e consegui sustentar minha família.”, disse.
Neuza não recebe uma visita de Pelé há mais de 40 anos. “Gostaria muito de revê-lo, mas sei que é difícil para ele.” Porém, garante que mantém contato com a mãe do ídolo, dona Celeste, a irmã do ex-jogador, Maria Lúcia e o tio Jorge.
“Falo sempre com eles pelo telefone. E quando eles conseguem passar aqui em Bauru, sempre me procuram.”
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