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Sérgio Moraes/Reuters

Desde domingo, alguns ônibus foram incendiados em ataques de bandidos

24/11/2010 - 20h34

Violência no Rio altera rotina no futebol, assusta atletas e pode afastar reforços

Pedro Ponzoni *
No Rio de Janeiro

A onda de violência que vem afetando a cidade do Rio de Janeiro nos últimos dias arranha não só a imagem da cidade, como também do futebol. Nesta quarta-feira, em que ao menos 14 pessoas morreram em confrontos armados, a rotina do Botafogo foi alterada, jogadores correram para suas casas e os clubes já temem não conseguir convencer reforços a se mudarem para a capital fluminense.

"Essa onda de violência já ocorreu em São Paulo e afastou alguns jogadores que iriam para lá. Isso precisa acabar imediatamente, o governo precisa interferir energicamente porque essa situação tem de acabar. Certamente esses atos de violência vão atrapalhar os clubes cariocas, pois os jogadores não vão querer trabalhar aqui. Os clubes vão querer se reforçar, principalmente o Fluminense para o ano que vem, e poderão ter algumas dificuldades", diz o presidente do Fluminense, Roberto Horcades.

Um dos líderes do elenco do Botafogo, o time que mais foi atingido pela violência desta quarta, confirma que jogadores ficam receosos de ir para o Rio. “Muita gente pensa nisso. Para viver no Rio, você acaba convivendo com a violência no dia a dia. Mas para quem não mora aqui, a imagem diferente. As pessoas ficam com essa imagem [de violência] e as pessoas ficam com um pé atrás quando são convidadas para trabalhar na cidade. Entendo que isso é um grande malefício para o Rio”, afirmou o jogador.

Desde segunda-feira, 153 pessoas já foram detidas e a PM contabiliza 22 mortos em confrontos armados. “Nessa semana essas notícias tomaram uma maior proporção. Todas as pessoas precisam se cuidar, mas não podemos deixar que o desespero tome conta. Infelizmente, uma cidade como o Rio, que tem tantas coisas para se admirar acaba sendo tomada por esses ataques. É muito ruim para quem vive aqui”.

Helio Ferraz, vice-presidente geral do Flamengo, concorda que a situação é negativa, mas vê o processo como parte do plano de pacificação do Rio. "Para mim, isso não é motivo de desespero e nem de tristeza. Isso é um sofrimento necessário para que a paz possa ser instalada de vez. Para ter uma cidade limpa, saudável e sem violência, é preciso bater de frente com os bandidos. Estamos pagando esse preço. Acho que isso não atrapalha em nada o nosso futuro e nem na próxima temporada. É lógico que existe um impacto pelo momento, mas daqui a pouco isso será resolvido e tudo voltará ao normal".

O exemplo do Botafogo

O time de General Severiano viveu um dia de exceção nesta quarta. O medo acabou tomando conta dos jogadores, que evitaram dar entrevistas porque queriam seguir logo para suas residências. Desta maneira, somente o experiente meio-campo falou com os jornalistas.

Lúcio Flávio lembrou que nos próximos anos a Cidade Maravilhosa irá receber eventos de grande apelo, como os Jogos Militares (2011), a Copa das Confederações (2013), a Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos (2016). Por esse motivo, ele entende que essas notícias podem trazer muitos malefícios.

“A situação é muito ruim não só para nós que vivemos aqui. Teremos nos próximos anos a Copa do Mundo e as Olimpíadas no Rio. Infelizmente essa é uma daquelas situações que nenhum de nós quer passar. Todas as pessoas acabam saindo de casa com muito medo. Espero que as autoridades tomem as providências para tomar conta dos cidadãos. Não podemos nos preocupar quando precisamos sair de casa para trabalhar”, opinou.

* Atualizada às 21h40. Colaborou Bernardo Coimbra

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