UOL Esporte Futebol
 
10/12/2010 - 07h02

Seleção feminina atrai famílias, fãs de Marta e torcida que tem medo de estádio

Luiza Oliveira
Em São Paulo

Nada de torcidas organizadas, rivalidade, bandeirões ou brigas. O cenário no Pacaembu na noite de quinta-feira estava bem diferente de um jogo de futebol comum. A partida da seleção brasileira feminina contra o México reuniu famílias inteiras e torcedores que têm medo da violência dos estádios.

  • Bruno Miani / ZDL

    Marta tenta drible sobre a mexicana Natalie. Ela fez dois gols de pênalti na vitória por 3 a 0 da seleção

  • Luiza Olivera/UOL

    Janaí e sua família assistem ao jogo da seleção brasileira contra o México, quinta, no Pacaembu

  • Luiza Olivera/UOL

    Torcedores se aglomeram na grade para ver as jogadoras da seleção brasileira de perto

O eletricista Janaí Dias representa bem o paulistano que se afastou graças à insegurança. Ele levou a esposa, os dois filhos Iara, de 8 anos, e Iago (2), a sobrinha Vilma e o enteado Igor (14) para ver as jogadas de Marta, Cristiane e cia.

Janaí aprovou o programa e pretende voltar mais vezes. Segundo ele, é o único jeito de reunir os parentes, palmeirenses e são-paulinos, em um jogo de futebol.

“Aqui dava para trazer todo mundo. Não costumo ir a estádio porque acho muito violento hoje em dia. Não dá mais para ir. Qualquer clássico é muito perigoso. Aqui na seleção feminina é muito tranquilo.”

As mais de três mil pessoas que acompanharam a partida formavam um público diferente, com o único intuito de vibrar, pouco crítico e que ainda se familiariza com as jogadoras da seleção.

As exceções são Cristiane e especialmente Marta. Todas as vezes em que a maior jogadora do mundo pegava na bola era ovacionada com aplausos. No fim do jogo, muitos se aglomeraram na grade para vê-la de perto.

A atleta recém-contratada pelo Santos deixou a torcida a ver navios e foi direto para o vestiário. Nada que causasse desânimo. As outras jogadoras atenderam gentilmente os pedidos de autógrafos e fotos.

Os mais fanáticos correram por trás do campo para conseguir uma lembrança de Marta, que reconheceu o carinho. “Saber que mais de três mil pessoas vieram numa quinta à noite nos ver é muito gratificante”, disse. A zagueira Aline considera o público é muito receptivo. “Somos tratadas com muito respeito. Ninguém xinga. É muito legal essa relação", disse.

A tolerância com as meninas pode ser observada até entre os boleiros mais exigentes. Felipe Torres, de 19 anos, é jogador profissional e foi ao Pacaembu com os amigos Victor Tadashi e Felipe Marques. Ele não aprovou o futebol apresentado pela seleção, apesar do triunfo fácil por 3 a 0 na estreia do Torneio Internacional Cidade de São Paulo.

Ainda assim demonstrou seu apoio, diferente de como faz com Palmeiras, seu time do coração. “Não cobro tanto. Acho legal ver as meninas em campo. Tive uma namorada que jogava futebol e passei a acompanhar. Mas não acho que elas jogaram bem não. Foi mais ou menos.”

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