Topo

Peladas expõem relações de jogadores amigos e rivais; veja quem são eles

Neymar e Dentinho fazem comemoração "barata tonta" em um amistoso beneficente - Fernando Pilatos/VIPCOMM/Divulgação
Neymar e Dentinho fazem comemoração "barata tonta" em um amistoso beneficente Imagem: Fernando Pilatos/VIPCOMM/Divulgação

Gustavo Franceschini*

Em São Paulo

16/12/2010 07h00

Durante o ano, eles trocam farpas pela imprensa, dividem bolas rispidamente e acirram rivalidades. No fim do ano se misturam em peladas de fim de ano e mostram entrosamento dentro e fora de campo. Jogadores como Neymar e Dentinho se encaixam no perfil dos amigos e rivais. A simpatia pelo inimigo, no entanto, às vezes pode criar problemas para os envolvidos.

COMO ELES SE CONHECERAM?

Júlio César Guimarães/UOL
Neymar
(Santos)
Fizeram uma ação de caridade juntos e acabaram virando amigos.Junior Lago/UOL
Dentinho
(Corinthians)
Júlio César Guimarães/UOL
Neymar
(Santos)
Jogaram nas seleções de base. Segundo o pai de Neymar, são quase irmãos.Rob Carr/AP
P. Coutinho
(Inter-ITA)
Neco Varella/Agência Freelancer
André Lima
(Grêmio)
Se conheceram no São Paulo e seguem amigos até hoje.Wagner Carmo/VIPCOMM
Richarlyson
(São Paulo)
Site oficial do Vasco
C. Alberto
(Vasco)
Na base do Fluminense. F. Henrique é padrinho de casamento de C. Alberto.Wallace Teixeira/Photocamera
F. Henrique
(Fluminense)
Marinho Saldanha/UOL Esporte
Leandro
(Grêmio)
Têm amigos em comum. Leandro emprestou a casa para uma festa do rival.Flávio Dias/Freelancer
Índio
(Inter)
Ricardo Nogueira/Folhapress
Kléber
(Palmeiras)
Formados no São Paulo, organizavam churrascos em Belo Horizonte.Divulgação/Atlético-MG
D. Tardelli
(Atlético-MG)

Os jovens jogadores de Santos e Corinthians, respectivamente, foram parceiros nos jogos beneficentes da última semana. A parceria rendeu comemorações curiosas e pedidos para que os dirigentes coloquem ambos no mesmo time.

A amizade de Neymar e Dentinho vem do tempo em que eles dividiram espaço em uma Campanha do Agasalho. Wagner Ribeiro, empresário do atacante santista, vê a relação como natural e diz que não vê problemas por conta da rivalidade, apesar de admitir que isso já existiu em casos mais antigos.

Uma possível resistência da torcida definitivamente não incomoda Neymar, que ainda mostrou entrosamento com outros corintianos. O atacante foi filmado participando de uma roda de pagode ao lado de Elias e Bruno César. O santista ainda tem uma relação muito próxima com Philipe Coutinho, da Inter de Milão, que conheceu nas categorias de base da seleção brasileira.

Casos como os de Neymar se espalham pelo Brasil. No Sul, o mais curioso deles tem Leandro, do Grêmio, como protagonista. O jogador tricolor tornou-se uma espécie de tutor de Walter, atacante problemático da base do Inter que hoje está no Porto.

“Ele é um garoto humilde, nos conhecemos e procuro orientar com minha experiência”, disse Leandro, quando foi questionado sobre o assunto. O gremista também se envolveu em outro caso inusitado nesta temporada.

Leandro é amigo de Índio, zagueiro do Inter. No primeiro semestre, o gremista cedeu seu apartamento para uma festa do rival. Foi nesse dia que Índio cortou a mão com um copo, problema que chegou a deixá-lo como desfalque colorado por algum tempo.

No Rio de Janeiro, o cenário também é parecido. Crias da base do Fluminense, Carlos Alberto (Vasco), Fernando Henrique (Fluminense) e Arouca (Santos) seguem amigos até hoje. O goleiro tricolor, inclusive, é padrinho de casamento do meio-campista vascaíno.

Só que Carlos Alberto também teve dor de cabeça com rivais. No primeiro semestre deste ano, o capitão do time de São Januário resolveu visitar seu irmão Fernando, do Flamengo, no hotel rubro-negro antes de um clássico. Ouviu do presidente Roberto Dinamite que a postura “não cabia”.

O lado negro dessas amizades pode ser inesquecível na carreira de um jogador. Diego Tardelli era uma das revelações do São Paulo na Copa São Paulo de juniores de 2004, que perdeu a decisão para o Corinthians.

Na época, surgiu um boato de que Diego Tardelli, pela amizade com Abuda, teria participado da festa de comemoração do título alvinegro. Tido como um atleta problemático, o são-paulino conviveu com a história durante muito tempo, mesmo negando o ocorrido.

Hoje, mesmo mais escolado, Tardelli não deixa de se relacionar com rivais. Uma das grandes estrelas recentes do Atlético-MG, o atacante manteve sua amizade com Kléber na passagem deste pelo Cruzeiro, entre 2009 e 2010.

Os dois se conheceram nas categorias de base do São Paulo, e não deixaram de se falar nem mesmo após as provocações de Kléber ao Atlético-MG. Enquanto conviveu em Belo Horizonte, a dupla organizou churrascos e manteve a proximidade das famílias, alheia à rivalidade, mas respeitando limites aceitáveis.

O caso mais emblemático de exagero no quesito é de Renato Gaúcho. Dono de uma história respeitável no Flamengo, o então atacante defendia o Botafogo em 1992. Na final do Campeonato Brasileiro, o primeiro encontro entre os clubes rivais acabou com um 3 a 0 para os rubro-negros.

Renato, enturmado com os “inimigos”, decidiu participar da confraternização flamenguista, organizada na casa do também atacante Gaúcho. A decisão pegou mal no Botafogo. Irritada, a diretoria decidiu dispensar Renato, que sequer jogou a grande decisão do Brasileiro daquele ano, vencido pelo Flamengo. 

*Colaboraram os escritórios de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Porto Alegre