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Na despedida, Belluzzo exalta arena, reconhece erros e diz que teve prejuízos

Belluzzo concede entrevista durante a eleição presidencial do Palmeiras em 2011 - Paula Almeida/UOL Esporte
Belluzzo concede entrevista durante a eleição presidencial do Palmeiras em 2011 Imagem: Paula Almeida/UOL Esporte

Paula Almeida

Em São Paulo

19/01/2011 19h49

Em seu último dia como presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo esteve na Academia de Futebol para deixar seu voto para Paulo Nobre, que concorre com Salvador Hugo Palaia e Arnaldo Tirone, e concedeu sua derradeira entrevista coletiva no comando do clube.

Após avisar que falaria pouco em razões de limitações físicas, Belluzzo participou de uma longa conversa com jornalistas e falou sobre seus dois anos de mandato. Criticado por deixar uma dívida grande para a próxima gestão, o mandatário voltou a dizer que os débitos são menores do que os especulados – R$ 90 milhões em vez dos R$ 130 ventilados na imprensa -, mas admitiu que a situação financeira do alviverde é complicada.

“O clube está com uma situação financeira delicada, mas nenhuma dívida é construída de um dia para o outro”, afirmou Belluzzo, que procurou exaltar as rendas obtidas durante seu mandato. “Profissionalizei o departamento de marketing e o departamento financeiro, onde coloquei um economista de Oxford. O marketing aumentou em 400% as receitas do clube, conseguimos neste ano entre R$ 45 e R$ 50 milhões só em patrocínio”.

O presidente ainda reclamou que nos resumos feitos sobre sua gestão o projeto da Arena Palestra tenha sempre ficado em segundo plano. “Eu me dediquei à viabilização da Arena, empenhei minha alma nisso, e vamos deixar esse legado para o futuro. Fico espantado de ver como as pessoas não conseguem antecipar o bem que a Arena fará ao clube”.

Em uma breve análise de sua administração, Belluzzo reconheceu que não teve como presidente de futebol o sucesso mostrado como economista. “Li que foi um fracasso do economista, mas sem fazer uma apologia própria, acho que não sou um fracasso como economista”, comentou, sorrindo. “Se comparar a outros desempenhos que tive, como artificie do Plano Cruzado, criador da Unicamp e sócio da Carta Capital, são coisas completamente diferentes. Acho que cometi alguns erros, erros de avaliação, porque o ambiente do futebol tem outra lógica moral”.

Por fim, Luiz Gonzaga Belluzzo fez questão de ressaltar a realização vivida como presidente do Palmeiras, mas reconheceu que os dois anos de gestão lhe deixaram mais malefícios do que benefícios.

“Eu só tive prejuízos, e não os enfrentaria de novo. O ônus que um presidente carrega é muito pesado. Sacrifiquei minha família, minha atividade docente, minhas palestras, os pareceres que eu faço. Perdi muito dinheiro. Mas ser presidente do Palmeiras foi uma honra, uma realização. Não do meu pai, que sempre me avisou para não ser presidente. Acho que foi ele quem me puniu”, concluiu o economista, a partir de amanhã ex-presidente do Palmeiras.