Presidente do Palmeiras será eleito nesta quarta; confira as propostas dos candidatos

Após dois anos de uma gestão frustrante de Luiz Gonzaga Belluzzo, o Palmeiras elege nesta quarta-feira, por meio de seus 288 conselheiros, um novo presidente.

Três candidatos estão na disputa, e o clube alviverde, sempre com uma vida política conturbada, agora vê sua situação rachada, com dois representantes: o veterano Salvador Hugo Palaia e o 'novato' Paulo Nobre. Arnaldo Tirone é o nome da oposição, e entra no pleito com o favoritismo ao seu lado justamente em razão da divisão da situação.

Além de votar para presidente, os conselheiros elegerão quatro vice-presidentes e os novos membros do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização), sendo 15 efetivos e sete suplentes.

Os três candidatos concederam entrevistas ao UOL Esporte e você confere abaixo as ideias e propostas de cada um sobre temas que interessam ao torcedor e sócio palmeirense.

	ARNALDO TIRONE	PAULO NOBRE	SALVADOR PALAIA
Principais propostas	Ser um presidente "sociável", com bom relacionamento em todas as esferas do futebol, e cortar gastos	Modernizar a gestão do clube, com profissionalização de cargos, e cuidar pessoalmente do futebol	Criar um comitê gestor para cuidar do futebol e um comitê orçamentário para controlar melhor as finanças do clube
Eleição: janeiro ou outubro?	"Eleição em outubro dá uma organização melhor, uma tranquilidade melhor".	"Em outubro! Acho um absurdo um clube que tem no futebol o verdadeiro motivo de sua existência atrasar a formação da montagem de um elenco por motivos de eleições presidenciais".	"Em outubro. Nesse espaço de tempo, o eleito já começa seu plano de trabalho com o presidente que fará a transmissão de posse".
Voto direto (torcedor e/ou sócio) na eleição	"A tradição do Palmeiras nunca foi essa, e a vida política do Palmeiras sempre foi mais conturbada. A gente tem que organizar melhor o clube, aí depois pensar nisso".	"Nossa sugestão seria uma eleição em dois turnos, sendo o 1º dentro do Conselho Delibertativo, onde os dois candidatos mais votados entre todos, iriam a um 2º turno onde os sócios do clube e os Sócios Torcedores elegeriam o presidente"	"Sou favorável com determinadas condições. Sócios terão que passar por uma sabatina, como um vestibular de uma faculdade, para ser conselheiro. E ele poderia votar como sócio".
Como reduzir a dívida do Palmeiras (estimada em mais de R$ 130 milhões)?	Controle maior dos gastos, investimentos na base e maior trabalho de marketing	Separação entre futebol e social, tentativa de obter empréstimos com juros mais baixos e criação de receitas alternativas baseadas no interesse do torcedor/consumidor	Corte de gastos (com a criação do comitê orçamentário), investimentos na base e maior trabalho de marketing
Pretende manter a parceria com a Traffic?	"Se eu não estiver achando alguma coisa interessante pro Palmeiras, tenho que falar. Mas não pode descartar a Traffic nem outras parcerias que queiram ajudar o Palmeiras".	"Posso dizer que sou favorável a esse tipo de parceria, desde que ao se firmar o acordo as duas partes saiam ganhando. Se for possível ter uma relação dessas com a Traffic, por que não?".	"Sou a favor de parceria, é uma solução para o Palmeiras. Muita gente vai contra a Traffic porque ela levou o Ronaldinho para o Flamengo, mas tem que entender que ela não presta serviço só para o Palmeiras, ela é uma empresa".
Qual será o papel do seu aliado que tem maior rejeição?	Mustafá Contursi. "É uma honra ter o Mustafá como amigo. Ele é um ex-presidente, e a gente tem obrigação de ouvir os ex-presidentes porque eles são membros natos do COF. Mas se eu for eleito, quem vai tocar minha administração vai ser minha diretoria comigo".	Gilberto Cipullo. "Tenho muito orgulho de ter o apoio político do Dr. Gilberto Cipullo, mas ele não faz parte dos planos da minha gestão. Tenho um bom relacionamento com ele e sei que posso contar com sua opinião sempre que achar necessário".	Wlademir Pescarmona. "No momento, ele está com espírito, além de diretor de futebol, de torcedor que não quer ver o Palmeiras perder. Mas é extremamente inteligente, não tem me decepcionado e espero que ele continue do meu lado. Será meu diretor de futebol".
Como pretente cuidar das categorias de base?	"A base é um futuro patrimônio, uma poupança que a gente faz. Você vai investindo na base e daqui a uns dois anos você pode colher um jogador para o time ou um jogador para vender e fazer caixa".	"A base é fundamental, mas não gera frutos a curto prazo, por isso acaba tendo pouco investimento. Está na nossa proposta um investimento real e não fisiológico nela, e tenho ciência que ela vai gerar frutos provavelmente em outra gestão".	"As categorias de base serão a solução do Palmeiras, o que vai trazer lucros e diminuir a dívida do Palmeiras com a revelação de novos jogadores".
O que pensa do contrato para a Arena?	"Achei 30 anos [de concessão] exagerado. A gente fica um pouco descontente porque quer uma coisa melhor. Mas o estádio já foi demolido e agora é começar a construir, espero que não atrase".	"Se não houver indícios de mácula, falcatrua ou desonestidade no contrato, não há mais que se discutir. A WTorre é uma empresa séria e renomada. Quero que essa obra termine para o sócio ter seu clube de volta e o torcedor sua casa".	"Ela vai ser uma arena multifuncional, para orgulho do futebol brasileiro e sul- americano. Agora, as condições econômicas e financeiras como foram feitas, eu prefiro não discutir".
O que achou da gestão Belluzzo?	"O Belluzzo imprimiu um ritmo muito forte em relação a investimentos, mas nós não obtivemos nenhum título e os investimentos não trouxeram retorno. Acho que houve um descontrole".	"Uma gestão que não teve sucesso no futebol. As receitas cresceram significativamente, o que foi ótimo, mas as despesas cresceram também, o que foi ruim. Talvez ele tenha se engessado com os compromissos políticos, talvez tenha faltado dizer não em algumas oportunidades".	"O Belluzzo delegou muito o poder. O que pode se esperar de diretores que contratam 96 jogadores em quatro anos? Jogadores que a gente nem sabe onde estão atualmente. Eles fizeram um rombo no Palmeiras".
O que acha do atual time do Palmeiras?	"O Palmeiras tem uma espinha dorsal. A gente não pode perder os jogadores que estão lá: Marcos Assunção, Kleber, Valdivia, Deola, Danilo. Tem que pegar esse time e completar com peças para fazer um banco".	"Tenho certeza que se der condições de trabalho a esse grupo, liderado pelo Luiz, eles têm condições de desenvolver um trabalho digno e de respeitar o torcedor honrando a camisa tradicional do Palmeiras".	"O Palmeiras tem um bom time, mas isso não é o principal. O Palmeiras tem um grande técnico, isso é o mais importante".
O que tem a dizer sobre seus adversários?	"O Palaia era o candidato natural, porque ele é o primeiro vice-presidente". "O Paulo Nobre é uma novidade no clube. Ele foi entusiasmado por um grupo novo de conselheiros, e ele é uma nova oportunidade pro Palmeiras".	"São duas pessoas capazes e com quem sempre tive bom relacionamento, mesmo nunca tendo sido amigo.Tenho muito respeito pelas duas candidaturas e não guardo mágoas do Palaia pelas farpas que lançou durante a campanha. No fundo elas só prejudicaram a ele mesmo".	"Paulo Nobre é o continuísmo de uma má administração. Paulo Nobre é, no meu entender, um candidato laranja, um candidato pré-fabricado". "Falar do Arnaldo Tirone seria fazer uma propaganda do meu adversário, mas posso dizer que a oposição do Palmeiras hoje está sendo leal".
Pretende renegociar o salário do Felipão? (cerca de R$ 700 mil)	"Não. Aí seria um golpe".	"De forma alguma! Se o Palmeiras firmou um contrato, ele tem que ser cumprido, a não ser que você encontre indícios de coisas erradas".	"Não. Você gostaria que eu reduzisse seu salário em 50%?"

*Colaborou Carlos Padeiro