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Tirone chega com missão de se desvencilhar de 'cardeais' e antigos rótulos

Roberto Frizzo (e), 1º vice, e Arnaldo Tirone (d), novo presidente do Palmeiras - Paula Almeida/UOL
Roberto Frizzo (e), 1º vice, e Arnaldo Tirone (d), novo presidente do Palmeiras Imagem: Paula Almeida/UOL

Paula Almeida

Em São Paulo

20/01/2011 09h01

Passado o período eleitoral, agora que não é mais uma promessa e sim uma realidade no Palmeiras, o novo presidente do clube, Arnaldo Tirone, assume o poder com alguns desafios pela frente. Desafios esses que passam pelo futuro do clube, como o saneamento das dívidas e a recuperação da autoestima palmeirense, e também pelo passado, com a tentativa de mostrar que, mesmo sendo apoiado por ex-presidentes, o novo mandatário fará uma gestão independente.

TIRONE É ELEITO APÓS QUASE DESISTIR

  • Carlos Padeiro/UOL Esporte

    Nesta quarta-feira, Arnaldo Tirone venceu eleição em que concorria com Salvador Hugo Palaia e Paulo Nobre e agora é o sucessor de Luiz Gonzaga Belluzzo, que deixa o poder após dois anos de uma gestão frustrante. O novo presidente representava a oposição e tem como aliados os ex-presidentes Mustafá Contursi, Carlos Facchina e Afonso Della Monica. O último foi o responsável pela candidatura ter resistido a uma crise, em novembro, quando Tirone pensou em desistir de ser presidente.

No caminho rumo ao comando do Palmeiras, Tirone foi carregado por membros da oposição alviverde e, sobretudo, pelos três ex-presidentes ainda vivos (exceto Luiz Gonzaga Belluzzo): Mustafá Contursi, Afonso Della Monica e Carlos Facchina. O primeiro deles, principalmente, deixou um histórico de títulos e denúncias, e por isso o novo mandatário sabe que não pode atrelar sua imagem à de Mustafá.

“Eu aprendi muito com grandes ex-presidentes que hoje estão no céu e com amigos que estão hoje no Palmeiras”, afirmou Tirone, não citando Mustafá quando perguntado sobre quais presidentes o inspiraram. “Quero ajuda de todos os lados”.

Roberto Frizzo, primeiro vice-presidente e novo homem forte de futebol, ecoou as palavras do parceiro e tentou minimizar a importância dos ‘cardeais’ que apoiaram a chapa da oposição, vencedora no pleito da última quarta-feira.

“O Mustafá é um ex-presidente, como o Carlos Facchina, o Afonso Della Monica e agora o Belluzzo, e o estatuto contempla os ex-presidentes com a vitaliciedade no Conselho de Orientação e Fiscalização (COF). Sempre que for necessário ouvir alguém que já passou por um caminho, por que não nos valer da experiência dessas pessoas?”, declarou Frizzo, que também já concorreu duas vezes à presidência, mas perdeu para Della Monica e Belluzzo.

Para não pressionar nem atrapalhar o início de trabalho de Arnaldo Tirone e sua equipe, os próprios ex-presidentes que o acompanham negam qualquer interferência na gestão do novo mandatário.

“Sou apenas um ex-presidente. Ficamos vigilantes com a última administração, que foi desastrosa, e debateremos com os próximos dirigentes sobre aquilo que não acontecer da maneira esperada”, declarou Mustafá. “Não teremos interferência. Nós só seremos acionados em caso de alguma necessidade. Ele tem condições plenas de exercer um grande mandato”, reiterou Della Monica.

BLOGUEIROS DO UOL OPINAM SOBRE O NOVO PRESIDENTE DO PALMEIRAS

Juca Kfouri:
"Que ele se liberte de Contursi como um dia, no rival do outro Parque, Valdemar Pires libertou-se de Vicente Matheus"

Ricardo Perrone: "Nova diretoria não descarta rescisões para aliviar gastos"
Roberto Avallone: "Arnaldo Tirone, o pai, foi um competente diretor de futebol. Se o filho tiver a mesma vocação e a mesma sorte..."Leandro Quesada:
"O tempo responderá se Tirone conseguirá implantar um modelo que devolva ao clube o equilíbrio financeiro necessário"

E o ‘bom e barato’?

Além de se desvencilhar de Mustafá Contursi, Arnaldo Tirone terá que se esforçar para não repetir, ou pelo menos não demonstrar que repetiu, o “bom e barato”, rótulo usado por Mustafá Contursi em sua última passagem pelo clube. A ideia era compor um time sem estrelas e que não estourasse a folha salarial do clube, mas o projeto não deu certo, e o Palmeiras caiu para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro em 2002.

“Temos que colocar uma meta de trabalho. Nós não temos orçamento agora, porque todo o orçamento deste ano já foi usado. Então teremos que usar uma política de salários”, declarou o novo presidente. “Temos atletas com virtudes, um treinador de alta qualidade, e temos que trabalhar com os recursos que temos”, completou Frizzo.

A nova dupla quer ainda amenizar o clima conturbado dos bastidores no Palmeiras. “É preciso acalmar os ânimos, tirar essa energia negativa e sair da mídia com discussões ridículas e patéticas. O Palmeiras precisa recuperar a credibilidade e a respeitabilidade”, sentenciou Frizzo, prometendo ainda o fim das polêmicas entre elenco e diretoria. “Temos atletas profissionais, não um grupo de boleiros. Vamos ter uma relação madura, de respeito. Não tenho destemperos verbais”.