Gigante do mundo esportivo também "entra" no ramo de descobrir craques
Investir na revelação de jovens talentos se tornou uma opção lucrativa no futebol brasileiro. A Copa São Paulo é prova disso. Além dos times tradicionais, clubes criados por empresas ou fundos de investimentos são cada vez mais numerosas - um deles, o Desportivo Brasil, da Traffic, inclusive, está na semifinal. Este mercado, porém, ultrapassou os limites brasileiros e chegou à Nike, uma das maiores empresas de material esportivo do mundo.
JOVENS SONHAM COM ESTÁGIO FORA
Talento, qualidade técnica e uma dose de sorte. Os seis jovens classificados para a etapa mundial do "A Chance" têm histórias semelhantes às de muitos garotos que sonham um dia em se tornar jogadores profissionais. Todos passaram por peneiras em clubes grandes, ouviram muitos "nãos" e "conselhos" para seguir outros caminhos, mas nem por isso desistiram de seu principal objetivo.
A porta de entrada da empresa neste ramo está em seu programa “A Chance” – em linhas gerais, uma imensa “peneira” cujo prêmio será oferecer a oito jovens a oportunidade de fazer um estágio de um ano na Nike Academy, na Inglaterra. No mundo todo, houve cerca de 75 mil jovens jogadores inscritos.
No Brasil, em torno de seis mil garotos de 16 a 21 anos tentaram a sorte no projeto, mas apenas seis deles chegaram à etapa final, após um longo processo de observação. Os escolhidos passaram por um período de treinos no Desportivo Brasil, em Porto Feliz (interior de São Paulo). Eles se juntaram a outros 94 garotos de todo o mundo, que foram para Londres para participar da última etapa. Arsène Wenger, treinador do Arsenal, acompanhará o processo de escolha dos vencedores, que serão conhecidos nesta segunda-feira (24).
Mesmo com a oportunidade oferecida pelo “A Chance”, os jogadores nem sempre podem se sentir como se estivessem em um clube. “Há muitas diferenças. No programa, todos recebem os mesmos estímulos para se adaptar. Embora também exista a competição, eles não têm um planejamento de treinos com foco em jogos e a disputa de competições”, analisou Rodrigo Leitão, treinador da equipe sub-17 do Corinthians.
Curiosamente, Leitão conhece muito bem os seis garotos que viajaram para a Inglaterra para participar da etapa mundial do “A Chance”. Ele trabalhava no Desportivo Brasil antes de ir para o Corinthians e participou do processo de seleção. O treinador viveu uma sensação estranha ao ver sua equipe disputar um amistoso contra os jovens que ajudou a revelar. O time do Desportivo Brasil, mesclado com os participantes do programa da Nike, venceu por 2 a 1. “Fiquei feliz por ver que não errei. Eles tiveram uma boa evolução”, analisou.
A Nike, por sua vez, refuta a ideia de querer competir com os clubes na tarefa de descobrir talentos e prepará-los para a futura carreira. Para a empresa, o principal objetivo com “A Chance” é oferecer uma “última oportunidade” para aqueles atletas que ainda não foram descobertos.
“Está no DNA da Nike acreditar em jovens talentos em todos os esportes. É prática da empresa apoiar atletas desde pequenos antes de se tornarem grandes esportistas. A idéia surgiu com o objetivo de oferecer oportunidade a jovens de 16 a 21 anos, faixa etária considerada alta pelos clubes. Muitos deles já rodaram por outros times pelo Brasil e não obtiveram êxito, mas passaram a ter uma nova chance de ingresso ao mercado do futebol profissional”, explica João Chueiri, gerente da área de futebol da empresa.
Embora os garotos tivessem acesso a uma infraestrutura de qualidade, isso não significa dizer que eles sairão de lá como craques. “Há dois lados nisto. O bom é que dá status para o garoto fazer um estágio na Inglaterra. Por outro, eles voltam de lá e não conseguem se firmar. Eles não saem tão bem preparados daqui e sentem dificuldades para se adaptar ao estilo de treino europeu”, comentou Wagner Ribeiro, empresário de Neymar e vários outros jogadores.
Chueiri prefere exaltar o lado positivo de investir não só na descoberta de talentos, mas também no amadurecimento dos jovens. “Consideramos que os garotos foram expostos ao que há de melhor em matéria de treinamento para o futebol profissional e tiveram a oportunidade de mostrar seu talento em uma grande vitrine nacional e mesmo global”, afirmou.
Os garotos classificados para a etapa mundial do “A Chance” participaram de um período de treinos na Academia Traffic, em Porto Feliz, antes da viagem para a Inglaterra. O Desportivo Brasil, clube pertencente à empresa, já tinha parceria com a Nike e entrou com a infraestrutura e os profissionais para acompanhar os jogadores.
“O intuito principal da permanência dos atletas na Academia Traffic é o condicionamento ideal deles visando à aprovação na seletiva mundial que ocorrerá na Inglaterra. Portanto, estamos focados no desenvolvimento destes atletas. Caso algum atleta não seja aprovado, poderemos sim analisar a condição técnica e verificar a possibilidade de encaixe, por que não?”, explicou Rodolfo Cavanesi, superintendente de futebol do Desportivo Brasil.
Chueiri explica qual o objetivo da Nike em investir na revelação de talentos. “Queremos dar a estes jovens o acesso ao mundo profissional. Mesmo não obtendo êxito no programa, eles levarão essa experiência para o resto de suas vidas. A oportunidade de patrocinar jogadores do programa ‘A Chance’ que se tornarem profissionais será avaliada pela marca”, completou.
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