Um ano após tragédia, Cabañas corre risco de ser preso se for ao México

Há um ano, Salvador Cabañas viu sua vida tomar um rumo completamente diferente daquilo que havia imaginado. O atacante paraguaio, que almejava disputar a Copa do Mundo, levou um tiro na cabeça durante uma discussão em um bar na Cidade do México. Após lutar contra a morte, o jogador agora se vê cercado de polêmicas. Ele corre até o risco de ser preso caso pise no México.

A reviravolta se deu na relação entre Cabañas e o América, clube mexicano no qual atuava quando foi baleado. Ídolo da equipe, o atacante se tornou um problema para os dirigentes. Tudo começou no final de 2010, quando a esposa do atleta denunciou o América por um suposto descumprimento de contrato.

O América não demorou para reagir. Os dirigentes do clube questionaram a capacidade mental de Cabañas, pelo menos no nível de analisar a situação e, a partir daí, brigar por seus direitos. Os advogados do paraguaio se indignaram com a atitude da equipe, mas convivem com outro problema.

Cabañas não pode visitar o México por um motivo simples: ele será preso se entrar no país. O atacante deve cerca de 2,5 milhões de pesos (algo em torno de US$ 200 mil) em impostos que não pagou desde 2007 – por isso, foi expedida uma ordem para prendê-lo.

Em novembro, María Alonso, esposa de Cabañas, afirmou que o jogador estava falido e que isso comprometeria o tratamento do paraguaio. A família estaria em dificuldades financeiras após o rompimento do vínculo com José María González, ex-representante do atleta. Para evitar uma situação ainda pior, ela colocou dois carros de Cabañas à venda.

Quanto ao ataque sofrido pelo jogador, algumas novidades. Após ficar quase um ano foragido, José Jorge Balderas Garza, conhecido como “El JJ” e suspeito de atirar em Cabañas, foi transferido para o presídio de segurança máxima El Altiplano neste domingo.

Além da acusação de ter atirado no paraguaio, “El JJ” também é suspeito por formação de quadrilha, crime penalizado em âmbito federal. Em entrevista polêmica, ele afirmou que Cabañas estava bêbado e o teria atacado com cabeçadas. “A desculpa deve ser dada a mim, porque foi ele quem me agrediu”, disse Garza.

Cabañas está fisicamente bem, mas sofreu algumas sequelas – por exemplo, ele apresenta falta de memória a curto prazo. Os médicos decidiram não retirar a bala da cabeça do atacante. Seus últimos gols foram marcados em 17 de janeiro de 2010, quando foi às redes duas vezes na goleada por 5 a 1 sobre o San Luís. Hoje, ele vive com sua família no Paraguai.