Topo

Renato Gaúcho compara Escudero a Conca e minimiza problema de timidez

Marinho Saldanha

Em Porto Alegre

09/02/2011 10h48

A apresentação dos últimos reforços do Grêmio deixou claro que Carlos Alberto e Escudero tem personalidades completamente diferentes. Enquanto o brasileiros sorria, brincava e respondia questões com clareza, o argentino tinha semblante assustado, falava baixo, rápido e parecia não compreender o que estava acontecendo. A timidez de Escudero pode ser um empecilho em sua adaptação ao Brasil, mas Renato Gaúcho o vê com semelhanças a Conca, que também chegou ao país sem muitas palavras.

Ao fim da entrevista concedida por ambos na segunda-feira, Carlos Alberto se levantou para deixar a sala de conferências, mas Escudero não. "Vai ficar aí Pichi?", perguntou o armador brasileiros usando o apelido de seu colega. Sem responder nada, Escudero sorriu e saiu. Em campo, mais uma situação inusitada aconteceu. Terça-feira, quando Flávio de Oliveira comandava treino físico, orientou corridas curtas aos jogadores, sem entender Escudero ficou parado, e só fez atividades depois que teve tudo esclarecido.

Não é a primeira vez que Damián, de 23 anos, joga fora da Argentina, ele teve passagens por Villarreal e Valladolid. Porém é o primeiro país de outro idioma que o recebe. A dificuldade com o Português ficou claro na entrevista de apresentação. A maioria das perguntas não foi compreendida, mas respondida em poucas palavras.

"Adaptação é normal, quando um jogador brasileiro vai para outro país também é assim. O Conca, por exemplo, quando foi para o Vasco eu era o treinador. Ele chegou assim, falando baixinho, fala mansa, mas em campo 'comeu' a bola. Isso é normal. Não me serve também aquele que chega falando bem, é extrovertido, e no jogo não aparece. Vamos mostrando tudo para ele (Escudero) e o mais importante é o jogo. As vezes se é tímido fora de campo e dentro dele vira um monstro", comentou Renato, técnico de Conca em 2007.

O último argentino a jogar pelo Grêmio como titular tinha outra personalidade. Mais rodado que Escudero quando chegou ao Brasil, Maxi López falava até demais tanto em entrevistas quanto no dia a dia. Não era raro ouvir até palavrões em português do jogador que atualmente defende o Catania, da Itália.

O GRÊMIO NO TWITTER

"Estamos procurando deixar o Escudero à vontade. Mas temos que respeitar o jeito dele. Quanto mais rápido ele se adaptar ao futebol, será melhor. São esquemas diferentes, maneiras diferentes de pensar, mesmo que a Argentina seja aqui do lado. Vou ver as características e onde se encaixa melhor. Todos os jogadores são tratados da mesma forma aqui no Grêmio. Tímidos, extrovertidos, brasileiros e estrangeiros são iguais", explicou Renato Gaúcho.

A preocupação com adaptação de atletas de outros países já foi esclarecida pelo treinador desde 2010. Segundo Renato até fisicamente jogadores de outros locais chegam ao Brasil inferiorizados.

Escudero ficou com o grupo principal do Grêmio em Porto Alegre enquanto os reservas viajaram para Ijuí, onde jogam nesta quarta-feira, às 22h, contra o São Luiz. O primeiro trabalho com bola do argentino aconteceu na terça-feira à tarde, mas Renato Gaúcho não esteve presente, já que acompanha o time de baixo. Alexandre Mendes e Andey Lopes, auxiliares técnicos, comandaram a atividade.