Topo

Movimento gaúcho sugere elencos sem limite para "comunitários" do Mercosul

Jeremias Wernek<br> Em Porto Alegre

11/02/2011 12h42

Se na Europa um jogador que nasceu no bloco da comunidade européia pode jogar em qualquer país, sem contar para o limite de estrangeiros da sua equipe, porque no Mercosul, com um bloco econômico idealizado nos moldes deste do velho Mundo, isso não acontece? Um empresário ligado ao futebol gaúcho teve a ideia e um movimento, ainda incipiente, se organiza para tentar estabelecer o mesmo padrão no Mercosul.

"GRINGOS" DO INTER ATUALMENTE

Fernando Cavenaghi (Argentina)
Andrés D'Alessandro (Argentina)
Pablo Guiñazu (Argentina)
Mario Bolatti (Argentina)

A meta é oficializar uma comunidade sul-americana que permita aos atletas do continente não contem dentro do limite de estrangeiros nos elencos das equipes. O projeto, em linhas gerais, é baseado no que é feito na Europa. A maneira como colocá-lo em prática, no entanto, ainda é controversa.

A ideia nasceu no final de ano passado, quando um emissário gaúcho começou as negociações com dois argentinos para reforçar o Internacional em 2011.

O empresário é o mesmo que participou das vindas de D'Alessandro e Maxi López para a dupla Gre-Nal. Fernando Otto repassou o projeto para políticos, dirigentes de Grêmio e Inter e também para a FGF. A Federação Gaúcha de Futebol tomou conhecimento, gostou, mas, pelo menos em um primeiro momento, não tomou frente da situação, assim como os clubes grandes de Porto Alegre.

“Estava de férias e quando voltei este assunto já circulava por aqui, por toda a cidade”, conta o mandatário da FGF, Francisco Novelletto.

De maneira simplista, o projeto quer reduzir a burocracia e permitir que jogadores de nações do Mercosul tenham liberdade de transferência entre os países do eixo, sem ocupar vaga de estrangeiros. No Brasil, apenas três atletas do exterior podem atuar em partidas do Brasileirão.

A ideia é valorizar o mercado para os jogadores brasileiros. Abrir ainda mais as estradas entre o futebol nacional e clubes de Paraguai, Uruguai ou Equador. Como na Comunidade Européia, livre trânsito para seus cidadãos, mas barreiras para quem é de fora, para países do México, de Honduras ou de Portugal, por exemplo.

A informação é de que o projeto já foi repassado para a Confederação Brasileira de Futebol.

"GRINGO" DO GRÊMIO ATUALMENTE

Damián Escudero (Argentina)

"GRINGOS" DO GRÊMIO NO PASSADO

Julián Maidana (Argentina)
Germán Herrera (Argentina)
Rolando Schiavi (Argentina)
Sebastián Saja (Argentina)
Diego Gavilán (Paraguai)
Sérgio Orteman (Uruguai)
Julio dos Santos (Paraguai)
Richard Morales (Uruguai)
Maxi López (Argentina)

“Existe uma proposta, ficaram de analisar. A CBF ficou de pensar sobre essa ideia. A proposta foi levada para eles um mês atrás”, revela Novelletto.

Em caso de êxito, depois de ser chancelada pelo presidente Ricardo Teixeira, a suposta proposta seria repassada para Nicolas Leoz, da Conmebol.

Então, caberia ao dirigente paraguaio firmar a mudança na legislação esportiva para criar um pacto para negociações sem limites entre os países do continente filiados ao Mercosul.

Em Porto Alegre, outra ala acha difícil que exista um acordo entre os países. Até por um possível conflito entre legislações desportivas e gerais. “É uma discussão muito mais desportiva do que geral. Tem que ser focada no âmbito do futebol. O que se poderia fazer é um acordo entre Brasil e Argentina, por exemplo. CBF e AFA acertando que seus jogadores não contem como estrangeiros”, opina o vice-presidente da própria FGF, Luciano Hocsmann.

Em Brasília, partidos políticos foram procurados para dar aval e apoio ao embrião do que seria uma comunidade sul-americana. Mas nenhum deles quis levar adiante o projeto.

Caso este caminho seja escolhido pelos idealizadores da proposta, uma saída seria procurar deputados ligados ao esporte: caso do ex-goleiro do Grêmio Danrlei e do atacante Romário.