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Rochemback troca chutão por assistência e vira arma ofensiva do Grêmio

Fábio Rochemback se vê como volante moderno e participa das jogadas ofensivas  - Edu Andrade/Freelancer
Fábio Rochemback se vê como volante moderno e participa das jogadas ofensivas Imagem: Edu Andrade/Freelancer

Marinho Saldanha

Em Porto Alegre

19/02/2011 07h03

Quando o assunto é volante a primeira coisa que vem na cabeça é um jogador forte, mas limitado tecnicamente, que tem por função primordial tirar a bola do adversário e tocar para o companheiro mais próximo. Porém, o principal marcador do Grêmio contraria esta regra. Sem fugir do combate corpo a corpo, Fábio Rochemback se define como o volante moderno, que endurece a jogada quando necessário, mas arma a equipe.

Assim, o jogador se caracteriza como principal "garçom" do time tricolor em 2011. Responsável pelo último passe em quatro gols até agora, Fábio é um dos mais capacitados do meio-campo gremista e elemento surpresa em boa parte das jogadas.

Por isso, ele admite que já percebeu vários treinadores orientando os armadores a marcá-lo em campo, contrariando mais um paradigma que prevê marcação para os volantes e armação para os meias.

A experiência de quase 10 anos de Europa, segundo Fábio, o faz exemplo para os jogadores mais jovens em partidas e treinamentos, fato que ele garante lutar para manter. A busca do marcador é mobilizar seus colegas para que juntos façam a equipe crescer.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, ele disse gostar das possibilidades ofensivas e se mostrou indiferente sobre voltar à Europa ou vestir a camisa da seleção brasileira. Feliz pelo momento no Grêmio, o capitão do time espera entrar para história do clube fazendo o mesmo que Hugo de Leon e Dinho: levantando a taça da Libertadores.

  • Neco Varella/Freelancer

UOL Esporte: De onde vem a característica de sair jogando e dar assistências?
Fábio Rochemback: É uma característica que eu tenho. Gosto de buscar a bola e armar as jogadas, buscar o jogo e dar o melhor passe para os companheiros. Isso vem do treinamento e da experiência de jogos. Procuro dar o melhor passe para meus colegas marcarem os gols.

Neco Varella/Agência Freelancer
Fábio Rochemback iniciou sua carreira profissional aos 18 anos no Internacional.Depois disso passou pelo Barcelona, Sporting, Middlesbrough e agora Grêmio

UOL Esporte: Foi aprimorado na Europa, onde se joga diferente do Brasil?
Fábio Rochemback: Também. Passei muitos anos lá (Fábio jogou em Portugal, na Espanha e na Inglaterra durante 8 anos) e se joga mais rápido. Lá se trabalha muito os passes porque para eles é fundamental. Isso vem de lá e daqui.

UOL Esporte: Por incrível que pareça, Fábio, para marcar o Grêmio é fundamental cuidar com o volante. Na maioria dos times quem cria realmente são os armadores. Por isso, você já percebeu algum meia se esforçando a mais para tentar marcar?
Fábio Rochemback: Já. Vários jogos eu já prestei atenção e até o próprio treinador do outro time falou para colocar alguém em cima de mim para não deixar eu jogar. O jogador não sai dali e até acaba me limitando as vezes. Eu procuro sempre sair e buscar o jogo porque é uma maneira de tentar fazer o time jogar.

UOL Esporte: Seria a concepção de volante moderno?
Fábio Rochemback: Acho que sim. O volante não pode se limitar só na marcação. Tem que priorizar isso, como eu sou primeiro volante tento proteger a zaga sempre, mas tem também que fazer o time jogar porque quem começa a jogada é o volante.

Edu Andrade/Freelancer
Vários jogos eu já prestei atenção e até o próprio treinador do outro time falou para colocar alguém em cima de mim para não deixar eu jogar

Fábio Rochemback, volante do Grêmio

UOL Esporte: Foste muito cedo para Europa (com 19 anos para o Barcelona). O quanto isso te deu de bagagem e experiência para o bom momento?
Fábio Rochemback: Muita experiência. Saí novo e fiquei quase 10 anos na Europa. Isso me ajudou bastante. Morei sozinho, depois com a família, com minha mulher, agora com filho, tudo vai acumulando. Hoje eu chego no Grêmio, onde já estou há bastante tempo, e tenho uma experiência boa para ajudar os mais novos.

UOL Esporte: Esperas um dia voltar à Europa?
Fábio Rochemback: O jogador de futebol se programa, mas eu não faço muito isso. Vivo o momento. O futebol te dá o momento bom, mas te derruba rápido. Tenho mais dois anos de contrato e quero cumprir. Na vida do jogador de futebol muitas coisas podem acontecer.

UOL Esporte: E a seleção brasileira?
Fábio Rochemback: Eu já tive lá e sei como é bom. Quem vai para seleção é porque está sendo lembrado. Estou procurando fazer meu trabalho. Meu objetivo é o Grêmio, a seleção brasileira seria uma consequência do meu trabalho. Se vier, com certeza, estarei preparado.

UOL Esporte: Como seria levantar a taça da Libertadores na primeira vez que disputas o torneio?
Fábio Rochemback: Não tive oportunidade de jogar nenhuma, é minha primeira e logo como capitão. Sempre que chego em um clube quero entrar para história. Com o grupo que temos e o Renato Gaúcho podemos chegar muito longe. Temos esperança de levantar esta taça.

Neco Varella/Freelancer
Não dá para entrar mole nunca, sempre duro. Sem agressividade, mas sempre forte. Gosto de fazer isso. Tem que impor respeito

Fábio Rochemback, volante do Grêmio

UOL Esporte: A Libertadores é uma competição que tem muito a ver com tuas características porque há forte marcação e contato entre os jogadores?
Fábio Rochemback: Na marcação tem que ser assim. Ainda mais na Libertadores porque são jogadores de outros países e que tem qualidade. Não dá para entrar mole nunca, sempre duro. Sem agressividade, mas sempre forte. Gosto de fazer isso. Tem que impor respeito.

UOL Esporte: Tu te consideras exemplo dentro de campo?
Fábio Rochemback: Eu procuro passar isso, gosto de ser assim. Quero organizar o jogo, e até o posicionamento dos companheiros. Isso me faz ser esta pessoa. Os colegas vão vendo isso e se inspiram.

UOL Esporte: Você conversa com os mais jovens sobre isso?
Fábio Rochemback: Eu procuro passar a experiência de vida e carreira. Nos treinamentos eu procuro dar o máximo para que eles analisem porque a vida do jogador é muito rápida e tem que aproveitar o momento.

UOL Esporte: Então você aconselharia um garoto a repetir teu exemplo e ir com 19 anos jogar na Europa?
Fábio Rochemback: Se tiver bem acompanhado, com certeza. Não pode é surgir a chance e sair sozinho. Tendo a família e pessoas que você gosta do seu lado não há problema. Se surgir a oportunidade o jogador tem que aproveitar.