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Zetti relata clima tenso na Tchetchênia e "ajuda" em pênalti do presidente

Líder tchetcheno Ramzan Kadyrov bate pênalti contra o brasileiro Zetti em amistoso - REUTERS/Sergei Karpukhin
Líder tchetcheno Ramzan Kadyrov bate pênalti contra o brasileiro Zetti em amistoso Imagem: REUTERS/Sergei Karpukhin

Luiz Gabriel Ribeiro<br>Em São Paulo

11/03/2011 12h21

Contratados para disputa de um amistoso na Tchetchênia, os ex-jogadores da seleção brasileira sentiram o clima de tensão que domina a região russa, por causa das guerras entre separatistas e o Exército. O jogo-exibição, disputado em Grozny na última terça-feira, contou até com o presidente Ramzam Kadyrov em campo. O ex-goleiro Zetti afirma ter dado uma “ajuda” ao político para evitar que o ambiente pudesse ficar ainda mais nervoso.

  • Sergey Ponomarev/AP

    Soldados da Tchetchênia caminham pelas ruas de Grozny antes de partida com ex-astros da seleção

De volta ao Brasil após a aventura na Rússia, Zetti admite que os integrantes do time brasileiro não forçaram o ritmo. Uma goleada não estava nos planos do time local e nem dos visitantes. O jogo terminou com o placar de 6 a 4 para o Brasil. Entretanto, a vantagem do time verde e amarelo poderia ter sido ainda maior, como conta Zetti à reportagem do UOL Esporte.

“Era evidente que se a gente jogasse sério, poderíamos fazer muitos gols. Ninguém corria, era mais um jogo só com brincadeiras, com  dribles”, comentou o ex-goleiro. Nomes como Romário, Dunga, Bebeto, Cafu, Raí, Zinho, Dida, Emerson, Junior Baiano, Djalminha e Denílson participaram da exibição.

Para ajudar o time local durante a partida, Zetti teve que facilitar a vida de Kadyrov. O político governa a república da Tchetchênia e é um dos homens mais ricos da Rússia. A sua família fez fortuna com o petróleo.

Além de comandar a região, Kadyrov também é presidente do Terek Grozny. Ele era o protagonista do time adversário do Brasil, que também contou com o alemão Lothar Matthaus e o holandês Ruud Gullit, e teve nada mais nada menos que três pênaltis à sua disposição.

O líder tchetcheno errou os dois primeiros, após chute para fora e defesa de Zetti. Para não estragar a festa, o ex-goleiro facilitou na terceira cobrança. Kadyrov acertou as redes, e o amistoso pôde ser encerrado com tranquilidade. O presidente já havia marcado uma vez com a bola rolando. “O terceiro ele fez, mas tive que ajudar. Foram três faltas marcadas para que ele pudesse fazer o gol de pênalti”, conta.

Zetti revela detalhes sobre a Tchetchênia. Segundo ele, a tensão domina o ambiente, mas a delegação brasileira recebeu um tratamento especial. “A gente fica tenso por estar em lugar diferente. Tudo aconteceu muito rápido e foi cansativo, mas estávamos seguros e ninguém acreditava que algo de ruim pudesse acontecer”, ressalta Zetti, que descreve o que viu pelas ruas da Tchetchênia.

“É um clima tenso nas ruas. Existem muitos caminhões, soldados do exército sempre atentos e barreiras. Isso é o dia a dia da população e parece que todos já estão acostumados. Assim como a gente vive em São Paulo com o trânsito, eles vivem lá com esse clima”, completou o ex-jogador, que não revela quanto recebeu para aceitar o convite. “Não dá para sair de graça”, resume Zetti.