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Atacante brasileiro revela ter pensado que morreria em terremoto no Japão

Marquinhos, atacante do Vegalta Sendai, estava dentro de um restaurante na hora do terremoto - Divulgação
Marquinhos, atacante do Vegalta Sendai, estava dentro de um restaurante na hora do terremoto Imagem: Divulgação

Ricardo Espina

Em São Paulo

16/03/2011 07h01

Marquinhos estava tranquilamente em um restaurante de Sendai, na última sexta-feira, quando se preparava para fazer uma refeição. O atacante brasileiro, que se transferiu recentemente para o Vegalta Sendai, porém, viveu momentos de desespero pouco depois. O jogador revela, em entrevista ao UOL Esporte, as cenas de terror passadas após o terremoto devastador que atingiu o Japão. Ele pensou que morreria, mas escapou da tragédia e desembarca no Brasil nesta quarta-feira.

Por enquanto, o jogador pensa em ficar por aqui mesmo. Sem planos de voltar. Com a suspensão do Campeonato Japonês por tempo indeterminado, o jogador ficará em Bataguassu (Mato Grosso do Sul) ao lado de seus familiares. Questionado se pensava em voltar ao futebol japonês após a tragédia, Marquinhos não titubeou. “De forma alguma. Vou ficar treinando no Brasil esperando uma orientação dos dirigentes do Vegalta. Eles pediram para nós sairmos da cidade até que a situação se normalizasse”, afirmou.

A cidade de Sendai, onde o brasileiro atua, fica localizada na região nordeste do Japão. Foi uma das mais atingidas pelo tremor, que chegou a nove graus na escala Richter. O consequente tsunami arrasou a região, provocando centenas de mortes e com impressionantes imagens de destruição, com barcos que foram levados até a área urbana.

“Estava em um restaurante com Max Carrasco, outro jogador brasileiro do Vegalta Sendai. Corremos para fora do local, onde encontramos outros japoneses. Todos demos as mãos e nos jogamos no chão. Foi um momento de desespero, que pareceu demorar uma eternidade para passar. Pensei que iria morrer”, revelou Marquinhos.

O atacante, de 34 anos e com passagem pelo Coritiba, apenas começava a viver um pesadelo. As fortes imagens de destruição não devem sair tão cedo de sua memória. “Eu vi prédios ruindo, carros destroçados. O centro de treinamentos do Vegalta ficou acabado. Vestiário, acomodação, não tem mais nada”, disse o brasileiro.

O brasileiro mal teve tempo para defender sua nova equipe. Marquinhos fez apenas uma partida pelo Vegalta Sendai – foi titular da equipe no empate sem gols com o Sanfrecce Hiroshima, fora de casa, na abertura da temporada da J. League. Ele disputaria o jogo contra o Nagoya Grampus no último fim de semana, mas a rodada foi cancelada.

A tragédia parecia não ter fim para Marquinhos, que encontrou muitas dificuldades nas horas seguintes ao tremor. “Não tinha como comprar alimentos em Sendai. Ficamos quase três horas na fila de um mercado para conseguir alguma coisa. Conseguimos um carro e demoramos seis horas para chegar em Yamagata, onde a situação estava mais tranquila. De lá fomos de ônibus para Narita, de onde consegui falar com meus parentes e amigos. Também pude comprar as passagens de avião”, contou.

Marquinhos está no Japão desde 2001, quando deixou o Coritiba e foi para o Tokyo Verdy. O atacante, maior artilheiro da história do Kashima Antlers com 59 gols, nunca havia passado por momentos tão tensos em sua vida. “Minha reação foi de alívio por estar vivo. Nunca havia passado por algo parecido. Pensei que ia morrer. Graças a Deus conseguimos escapar dessa”, comentou, aliviado por voltar ao Brasil.