Superado por Ceni, Chilavert reclama que rival jogou mais e o chama de 'aluno'

Chilavert há tempos foi superado por Rogério Ceni em números de gols marcados, mas ainda se julga vencedor nesta disputa. Com uma vasta coleção de polêmicas em seu currículo, o ex-goleiro do Paraguai classifica o rival brasileiro como um "aluno".

O posto de goleiro-artilheiro foi perdido por Chilavert em 2006, quando foi ultrapassado por Ceni.

A distância ficou ainda maior no domingo, quando o camisa 1 do São Paulo chegou ao centésimo gol na carreira, o segundo do time no clássico contra o Corinthians, 2 a 1, em Barueri.

O paraguaio argumenta que Ceni disputou muito mais partidas, considerando desigual a disputa entre ambos.

“O Rogério Ceni é um excelente aluno. Ele teve oportunidade de jogar a cada três dias. Eu jogava uma vez por semana”, diz o ex-goleiro, em entrevista aos blogueiros e repórteres da Jovem Pan Felipe Motta e Nilson César.

O argumento de Chilavert não é convincente.  Ele, de fato, fez menos partidas. Mas na média de jogos disputados por cada um, Rogério fez um gol a cada 10 partidas. Chilavert demorava mais a marcar: 1 gol a cada 11 partidas, em média.

Chilavert também considera que os gols de Ceni não tiveram o mesmo peso. O ex-goleiro afirma que o concorrente jamais fez gols defendendo a seleção nacional, enquanto Chilavert marcou oito gols pelo selecionado paraguaio.

Rogério Ceni alcançou a marca de 100 gols, ficando bem à frente de Chilavert, que totalizou 62 gols como profissionais. A Fifa desconsidera dois gols de Ceni, alegando que esses dois tentos não foram feitos em jogos oficiais. Ceni, portanto, soma 98 gols na contagem da Fifa.

Atualmente proprietário de uma empresa na Argentina, Chilavert protagonizou diversos atritos com personalidades do futebol. Ele considera Maradona um desafeto, já cuspiu no lateral Roberto Carlos após confronto entre as duas seleções pelas Eliminatórias da Copa. Segundo maior goleiro-artilheiro da história do futebol mundial, Chilavert se diz vencido numa disputa particular com Ceni.

O paraguaio marcou uma vez diante do concorrente, no empate entre Velez Sarsfield 3 x 3 São Paulo, em Buenos Aires, em 1997. Ceni jamais fez gol em Chilavert.

Carpegiani defende Rogério

Técnico de Rogério Ceni no São Paulo e de Chilavert na seleção do Paraguai, Paulo César Carpegiani vê uma diferença crucial entre os dois goleiros-artilheiros: a técnica que, para ele, sobra ao brasileiro e falta ao paraguaio.

"Eu tive o privilégio de dirigir o Chilavert na seleção paraguaia, e ele colocava mais jogadores na barreira, matava o outro goleiro, porque esse adversário não via nada. O Rogério tem uma maestria. É mérito total dele", comentou o treinador, que em sua passagem pelo São Paulo em 1999, liberou Ceni a voltar a cobrar faltas após o veto de seu antecessor, Mário Sérgio.

"Sou muito fã do Mário como técnico, e talvez ele sentisse que aquele não era o momento ideal. Se tivesse possibilidade, ele iria rever isso. Eu já sabia que o Rogério era um exímio batedor, aí eu liberei", lembrou.

*Colaborou Paula Almeida

SOBRE JULIO CESAR, O GOLEIRO QUE SOFREU O 100º GOL "É uma valorização para a minha marca fazer um gol contra um goleiro como ele [Julio Cesar (f)] e um time como o Corinthians. Hoje ele é uma realidade, um goleiro de ponta do futebol brasileiro, com titularidade indiscutível".

SOBRE O AMARELO LEVADO POR TIRAR A CAMISA NA COMEMORAÇÃO "Eu passei por ele [árbitro Guilherne Cereta de Lima (f)] e falei 'Nunca tomei cartão por tirar a camisa, mas se o senhor quiser me dar, é seu direito, não é por ser um gol festivo que a regra tem que ser aplicada diferente'".

SOBRE MÁRIO SÉRGIO, TÉCNICO QUE O IMPEDIU DE COBRAR FALTAS “Eu agradeço ao Mário, porque eu aprendi que eu preciso ter uma hierarquia dentro de uma empresa. Não foi bom pra mim, mas é importante aprender a entender os mais velhos, os que mandam no futebol”.

SOBRE OS TÉCNICOS QUE O INCENTIVARAM DURANTE A CARREIRA “Teve muita gente importante, o Rojas, que foi um grande incentivador, o Muricy (f), que teve a personalidade de me autorizar a efetuar minha primeira cobrança, e muito mais gente que me ajudou, que foi exemplo pra mim”.

SOBRE AS COMPARAÇÕES COM OS 1.000 GOLS DE ROMÁRIO E PELÉ "Eu não pude servir o Exército [como Pelé, que conta alguns dos gols feitos quando estava nas Forças Armadas]. Logicamente que eu jamais conseguiria fazer os 1.000 gols de Pelé e Romário (f), mas esses 100 já são suficientes".

SOBRE SER O MAIOR ÍDOLO DA HISTÓRIA DO SÃO PAULO "A história é muito complexa, temos gerações e gerações, como eu poderia me comparar a Raí (f), Pedro Rocha, Leônidas, tantos jogadores? Mas dentro da história que eu me propus a escrever, ficarei na memória de muita gente".

SOBRE ESTAR PRÓXIMO DE CHEGAR A 1.000 JOGOS PELO SÃO PAULO "Meu maior objetivo é ser campeão. Os 1.000 jogos chegarão e serão muito comemorados, porque só Pelé e Dinamite (f) alcançaram. Mas pra mim, o que vai valer muito é um titulo. O retorno à Libertadores é o meu objetivo".

SOBRE SER COMPARADO A PELÉ "Eu sou melhor que o Pelé (f)... no gol. De resto, ele é melhor que eu". É então o Pelé do gol? "Não, eu sou o Rogério Ceni do gol".

OS 10 MAIORES GOLEIROS ARTILHEIROS DA HISTÓRIA DO FUTEBOL

	1 - Rogério Ceni 100 gols (44 de pênalti/56 de falta)		6 - Vegas 39 gols (30 de pênalti/9 de falta)
	2 - Chilavert 62 gols (45 de pênalti/17 de falta)		7 - Patterson 33 gols (29 de pênalti/4 de falta)
	3 - Higuita 41 gols (37 de pênalti/4 de falta)		8 - Alfaro 31 gols (30 de pênalti/1 de falta)
	4 - Jorge Campos 40 gols (9 de pênalti/31 de falta)		9 - Jorg Butt 28 gols (28 de pênalti)
	4 - Ivankov 40 gols (40 de pênalti)		10 - Enyeama 24 gols (24 de pênalti)