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Sem Lúcio, Gilson e Collaço, Grêmio revive "maldição" da lateral-esquerda

Marinho Saldanha

Em Porto Alegre

25/04/2011 11h44

Ser lateral-esquerdo do Grêmio não é tarefa fácil. Não bastasse as vaias da torcida e a forte cobrança de quem não vê um jogador brilhante vestindo a camisa 6 há anos, o flanco canhoto da defesa carrega uma "maldição". Quem passa pela posição se lesiona. Fábio Santos, Neuton, Uendel, Bruno Collaço, Gilson e até Joílson foram exemplos de atletas que bastou ser indicado para o lugar, que algo aconteceu. O efeito "sobrenatural" não deixa ninguém se firmar na função, que terá novo dono no próximo compromisso gremista.

Maldição da lateral-esquerda, versão 2011

  • Carmelito Bifano/UOL Esporte

    Bruno Collaço apresenta lesão muscular na coxa esquerda e para por 30 dias, desfalcando o Grêmio

  • Tárlis Schneider/Agência Freelancer

    Uma dividida com Maylson deixou sequelas no tornozelo esquerdo de Gilson, que ainda pode voltar

  • Neco Varella/Freelancer

    E Lúcio sentiu muito a partida no campo sintético, tendo que ficar afastado por 15 dias com lesões

Para que a análise não se estenda muito ao passado, os problemas de laterais do Grêmio citados serão somente a partir de 2010. Em 13 de fevereiro, o primeiro indício do efeito negativo. Contra o São José, Lúcio foi disputar uma bola praticamente perdida e acabou rompendo os ligamentos do joelho esquerdo. Resultado: seis meses afastado dos campos.

Ainda no início do ano, Fábio Santos teve um acidente familiar com sua filha de apenas 2 anos. Quando tomava banho com a pequena Eduarda, a menina empurrou o box de vidro que, pela falta de uma trava, se chocou com a parede, quebrou e um estilhaço perfurou o pé do jogador afetando os tendões.

Depois disso foram lesões musculares em série. Neuton, que ganhou espaço a partir do problema de Fábio, foi o primeiro e ser afetado pela "maldição". Depois, Joílson foi improvisado pela esquerda e, em um lance no qual levou acidentalmente um carrinho de um companheiro de time, acabou tendo uma entorse. Quando voltou, lesão muscular e ausência no time.

Uendel foi contratado já no meio do ano passado para resolver o problema, mas, mais uma vez o destino pregou uma peça no time tricolor. O ex-jogador do Avaí sequer estreou, pois, teve duas lesões durante os treinamentos. Com a saída de Silas do comando gremista, em agosto, ele foi emprestado ao Flamengo.

Renato Gaúcho parecia ter posto fim aos fluidos ruins que insistiam em atrapalhar o flanco canhoto. Lúcio, que havia passado por uma cirurgia no início do ano, voltou, e Fábio Santos se firmou no time. Gilson veio do Paraná para ser nova opção e tudo transcorreu normalmente até o fim da temporada.

Porém, 2011 guardava novos problemas para equipe. Fábio Santos saiu do clube, Uendel sequer voltou de empréstimo pois foi dispensado. Gilson e Bruno Collaço viraram as principais alternativas para a posição. Revesando titulares, o treinador gremista não teve danos significativos até este mês. Abril fez voltar a "maldição" com, primeiro, os problemas musculares na coxa esquerda de Gilson. Além disso, houve a fase ruim vivida pelo jogador, que não conseguiu se firmar na equipe.

Depois, Bruno Collaço, que aparecia como opção válida, fazendo bons jogos, apresentou lesão muscular também na coxa esquerda. Nenhum problema, pois Gilson voltaria, mas o jogador dividiu uma bola com Maylson no treinamento da última sexta-feira e não aguentou as dores no tornozelo esquerdo. Enfim, Lúcio, que estava jogando no meio-campo de forma improvisada poderia ser recuado para sua função de origem, como foi contra o São José, no último sábado. No entanto, o campo sintético deixou sua marca e por 15 dias ele não poderá atuar devido a problemas na panturrilha direita e na virilha esquerda.

Com tantos percalços, Renato Gaúcho terá que, mais uma vez, ser criativo improvisando Neuton na função. Além de procurar amenizar as falhas do time, o comandante terá que torcer para o fim das lesões na lateral-esquerda. O Grêmio realiza nesta segunda-feira o último treinamento para a partida contra o Universidad Católica, marcada para terça, às 19h30, no Olímpico, pelas oitavas de final da Libertadores. Ao todo são oito desfalques no time tricolor, que deve ter somente 18 jogadores disponíveis para a partida.