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Presidente do Gama "esquece" atrasos de salários, viaja aos EUA e fomenta greve

No Bezerrão, comissão do Gama aguarda a equipe, que ameaçou entrar em greve - Gustavo Franceschini/UOL
No Bezerrão, comissão do Gama aguarda a equipe, que ameaçou entrar em greve Imagem: Gustavo Franceschini/UOL

Gustavo Franceschini

Em Brasília (DF)

29/04/2011 07h00

O Gama está às vésperas de um jogo decisivo contra o Brasiliense, pelo quadrangular do Campeonato Estadual, mas vive uma crise fora de campo. Sem receber há dois meses, o elenco profissional se irritou com a notícias de que o presidente, Paulo Goyaz, viajou para os Estados Unidos e respondeu ao descaso com uma ameaça de greve.

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    Técnico Heriberto da Cunha apoiou os jogadores e avisou que não segue na equipe após o Estadual

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    Goleiro Léo, do Gama, (à direita) que deixou clube por conta dos dois meses de salários atrasados

Os jogadores adotaram a postura na última quinta-feira, durante um treinamento no Bezerrão. Antes do início das atividades, os atletas expuseram os problemas financeiros para o técnico Heriberto da Cunha, que os dissuadiu da ideia de uma greve.

Segundo o próprio treinador, atletas chegaram a chorar no vestiário, carregado de reclamações contra o abandono da diretoria. A notícia de que o presidente teria viajado para os Estados Unidos só piorou o ambiente.

“Eu só tenho a agradecer estes atletas. É uma situação complicada a que eles vivem, e eles têm sido um grupo maravilhoso, apesar do abandono da diretoria”, disse Heriberto da Cunha.

O Gama está na briga por uma vaga na decisão do Campeonato Estadual. O time tem nove pontos no quadrangular semifinal, atrás de Brasiliense e Formosa, ambos com dez. Somente os dois primeiros do grupo se classificam, e uma vitória contra o Brasiliense, no próximo sábado, pode aproximar a equipe da grande final.

Só que a falta de dinheiro pode desfalcar o Gama. Pelo menos um jogador não suportou a situação e decidiu voltar para casa. O goleiro Léo, de 19 anos, natural de Uruguaiana (RS), cidade próxima  à fronteira do Brasil com a Argentina, está se desligando do elenco.

“Eu estou com alguns problemas pessoais e estou voltando para a minha cidade. Minha mão está sozinha, eu tenho de ajuda-la e não posso mais ficar aqui. Eu pelo menos não tenho filhos, mas é triste você ver a situação dos companheiros que têm uma família inteira para sustentar, pensão...”, disse o jogador.

Heriberto da Cunha, em entrevista coletiva, disse esperar que pelo menos uma parte dos salários atrasados seja quitada antes da partida. “Quando eu vim para cá eu tinha um projeto, junto com o Macedo [diretor de futebol], de levar o clube de volta ao cenário nacional. Mas eu tenho de pedir desculpas à essa torcida maravilhosa do Gama e dizer que depois do Estadual eu vou deixar o clube, porque preciso parar de acumular funções. Não dá para ser técnico e psicólogo”, concluiu.