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Padre 'traíra' aconselha Felipão, vira trunfo e até se concentra com o Palmeiras

Amigo de Felipão, padre Pedro veste a camisa de Portugal e mostra autógrafo - Guto Kuerten/Folha Imagem
Amigo de Felipão, padre Pedro veste a camisa de Portugal e mostra autógrafo Imagem: Guto Kuerten/Folha Imagem

Luiza Oliveira

Em São Paulo

19/05/2011 07h02

Pedro Bauer é religioso, dedicado a ajudar o próximo, mas já 'traiu' um amigo em nome do Palmeiras. O pecado poderia ser perdoado por quem entende o que o futebol causa a seus seguidores. O detalhe é que Pedro é padre. E seu amigo é ninguém menos que Luiz Felipe Scolari.
 
Mais do que amigo, o padre se tornou conselheiro do técnico, frequenta sua casa e até participa de concentrações ao lado dos jogadores, como ocorreu no último Campeonato Paulista. O laço foi criado há 20 anos. Em uma de suas viagens pelo país, em 1991, Pedro estava em Criciúma e foi 'relacionado' por Felipão, que treinava o time local, para abençoar seus atletas em Porto Alegre, na primeira final contra o Grêmio. O título consagrou Felipão e transformou o padre em seu talismã. Nunca mais se separaram.

Quando Palmeiras e Cruzeiro se enfrentaram nas quartas de final da Copa Mercosul, Pedro caiu em tentação e revelou um dos segredos mais bem guardados do futebol. Depois de abençoar o time mineiro a pedido do amigo, visitou o vestiário do Palmeiras para uma oração e revelou a escalação celeste, que havia descoberto minutos antes, ao técnico Marco Aurélio.

Ainda disse ao volante Galeano que seria dele o gol da vitória. A travessura deu certo e a equipe paulista se classificou para a semifinal com o triunfo de 2 a 1 no Mineirão. Galeano fez o primeiro.
 
Pedro sabe que colocou a relação em risco. Mas a história virou apenas um capítulo engraçado da amizade com o pentacampeão. O religioso se considera pé quente e lamenta não ter estado presente na derrota vexatória para o Coritiba, na Copa do Brasil, por 6 a 0. Mas nem em Passos, cidade do interior de Minas Gerais onde vive hoje, abandona o grupo. No dia seguinte, telefonou para Felipão e passou sua palavra de apoio.
 
“Ele ficou muito abalado. Falei também com a esposa dele que estava no Brasil. É bom passar a palavra de Deus, dá incentivo. São muitas coisas que acontecem nos bastidores, nas arbitragens. Não é fácil. Esta semana ele ganhou o prêmio de melhor treinador do Paulistão e isso dá muito ânimo”, disse.

 
A última visita do padre foi na véspera da vitória por 3 a 1 sobre o Paulista, pelo campeonato estadual. Ele passou dois dias em tempo integral com o grupo e conheceu os novos atletas, já que só o goleiro Marcos restou dos tempos passados.

  “O Marcos até brincou. ‘Padre vou jogar e você está escalado’. Gostei muito do Marcos Assunção, Kleber, Cicinho. Alguns falam mais, outros menos, mas percebi que é um grupo bem unido”, avaliou.
 
“Eles se sentem bem com a oração, independente da religião que seguem o importante é o respeito. É o que eu digo: ‘Você prepara o corpo, treina, faz massagem e a alma? Sem ânimo, sem alma, não se chega a lugar nenhum”, disse ele que já planeja a volta durante o Campeonato Brasileiro para, quem sabe, abençoar mais um título.