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Frizzo assume status de 'todo-poderoso' no futebol, mas tem seu poder em xeque

Vice-presidente Roberto Frizzo comanda futebol do clube, mas encontra resistência de opositores - Robson Ventura / Folha Imagem
Vice-presidente Roberto Frizzo comanda futebol do clube, mas encontra resistência de opositores Imagem: Robson Ventura / Folha Imagem

Luiza Oliveira e Ricardo Perrone

Em São Paulo

26/05/2011 07h02

Roberto Frizzo tem uma grande responsabilidade nas mãos e não quer dividi-la com ninguém. O vice-presidente comanda o futebol do Palmeiras sem a presença de um diretor e dispensa ajuda. Gosta de estar sozinho. Mas seu estilo 'mandão' já encontra resistência no clube e põe em xeque até o seu poder.

Frizzo resume em poucas palavras sua opinião sobre a nomeação de um diretor de futebol, que ainda não foi escolhido pelo presidente Arnaldo Tirone. "Sou filho e neto único, me acostumei a ficar sozinho", disse. "Se um dia eu sentir a necessidade, procuro um companheiro, que pode ser um conselheiro. Mas não acho que isso vai acontecer", completou.

O dirigente justifica seu pensamento centralizador pela dedicação integral ao clube. Apesar de ter outros negócios como a lanchonete Frevinho, em São Paulo, ele diz que já estão encaminhados e hoje seu foco é o futebol.

"Se somarem o tempo que os três últimos diretores de futebol ficaram no clube trabalhando, não dá o mesmo tempo que eu fiquei até hoje. É muito difícil em um clube grande existir quem dedique tanto tempo como eu. É o dia inteiro", afirmou.

A postura centralizadora não agrada a todos e já influencia as atitudes de Tirone. O mandatário alviverde sofre pressões de alas descontentes com o estilo do vice e abre brechas para que uma outra força surja no clube. O estatuto prevê a nomeação de um diretor de futebol, e o presidente é cobrado para escalar alguém que consiga dialogar mais com jogadores e comissão técnica.

Um exemplo que ilustra a situação tem sido a contratação do argentino Alejandro Martinuccio. Assim como em outros casos, o presidente ouviu alguns conselheiros mais próximos e tocou a negociação sem a interferência do homem forte do futebol. Depois apenas o comunicou que decidira contratar o atleta. O reforço deve ser anunciado oficialmente em breve.

Frizzo também teve seu poder minado após vender a estreia no Brasileirão, contra o Botafogo, para a BWA. Acertou que a partida seria em Brasília. O clube recebeu R$ 150 mil adiantados, mas a Federação Paulista vetou o jogo em outro Estado.

No final, o Palmeiras atuou em São José do Rio Preto e deu à BWA o direito de ficar com a renda por R$ 150 mil, em vez dos R$ 300 mil acertados para Brasília. Ainda teve que pagar as despesas com transporte. Os críticos de Frizzo classificaram a operação como desastrosa, ainda mais porque a BWA é concorrente da Outplan, parceira palmeirense na fabricação e venda de ingressos.

Frizzo começou a ganhar resistência pelo estilo 'xerife' e o slogan 'nem a Dilma muda o que eu decido'. O vice também ficou marcado por um episódio envolvendo Luiz Felipe Scolari no início do ano. Ele disse que o técnico poderia sair e era "só pagar a multa", o que gerou desavença com o próprio treinador.