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Em estreia 'tímida', filme sobre Palestra arranca risos e expõe nostalgia palmeirense

Imagem tirada do documentário "Primeiro Tempo", sobre o Palestra Itália - Reprodução/Oka Comunicações
Imagem tirada do documentário "Primeiro Tempo", sobre o Palestra Itália Imagem: Reprodução/Oka Comunicações

Paula Almeida

Em São Paulo

03/06/2011 07h01

Se grandes clubes nacionais já têm algumas de suas histórias contadas em filmes há quase uma década, o Palmeiras entra nesta seara agora. Produzido de maneira independente e só depois encampado oficialmente pela diretoria alviverde como um produto licenciado, o primeiro filme da história palmeirense, tratando dos quase 100 anos do estádio Palestra Itália, foi lançado na última quinta-feira, em uma estreia tímida, para poucas pessoas, mas reveladora de alguns dos principais sentimentos desta torcida.

FILME SOBRE O PALESTRA ITÁLIA

  • Reprodução

    "Primeiro Tempo" é a metade inicial do projeto "Palestra Itália.doc", que também mostrará a construção da nova arena palmeirense

  • Almeida Rocha/Folhapress

    Documentário é permeado pelo último jogo oficial do Palestra, a vitória do Palmeiras por 4 a 2 sobre o Grêmio em 22 de maio de 2010. Lembre como foi

“Primeiro Tempo”, um media metragem de “45 minutos mais dois de acréscimo”, como faz questão de ressaltar o diretor Rogério Zagallo, foi exibido na abertura da edição paulista do Cinefoot, festival que apresenta apenas filmes sobre futebol. Pela baixa divulgação, o primeiro dia da mostra no Museu do Futebol não reuniu sequer 400 pessoas, mas ainda assim a procura pelo filme palmeirense exigiu uma sessão extra, já que a lotação máxima da sala, 180 pessoas, foi atingida rapidamente na primeira exibição.

Diferentemente de outras produções cinematográficas de esporte, “Primeiro Tempo” não provoca choradeira entre os espectadores. Mais do que lágrimas, o documentário, que peca apenas pelo número reduzido de imagens de arquivo, arrancou risos da plateia na exibição acompanhada pela reportagem de UOL Esporte.

Foi assim, por exemplo, quando o goleiro Marcos apareceu na tela contando que, na primeira vez em que esteve no Palestra assistindo a uma partida, teve de entrar na dança da Mancha Verde ao perceber que havia sentado no lugar reservado para a torcida organizada. Ou quando uma torcedora gaúcha revelou ter virado palmeirense aos sete anos de idade ao ver que, para esses torcedores, “o céu estava azul, o sol estava brilhando, os pássaros estavam voando. Eu só disse: ‘Como é boa a vida de palmeirense’”. A frase estourou os primeiros aplausos da sessão.

Mas nem mesmo as gargalhadas foram as manifestações mais ouvidas na sala. “Primeiro Tempo” extrai de cada torcedor uma grande nostalgia, tanto pela saudade do Palestra Itália, cujos portões se fecharam em maio do ano passado, como das gerações mais vitoriosas do Palmeiras, entre elas as Academias dos anos 1960 e 1970, a era Parmalat liderada por Evair e a equipe que conquistou o único título alviverde da Libertadores, em 1999, conduzida pelo goleiro ‘santo’.

A cada menção às conquistas daqueles times ou aos detalhes do Palestra que faziam dele um dos estádios mais charmosos do Brasil, viam-se cabeças balançando, suspiros e sussurros de “é verdade”, “ahhh” e outros do gênero. “O Palmeiras é um jardim suspenso, e você sobe para a glória”, exalta César Maluco em uma de suas primeiras frases no filme.

Mesmo sem se propor a isso nem apelar a um drama exagerado, o média metragem consegue resgatar um pouco do passado vitorioso da equipe em meio à história do Palestra Itália. Tudo permeado pelo dia do último jogo oficial disputado no estádio, o 22 de maio de 2010 em que o Palmeiras venceu o Grêmio por 4 a 2 pelo Campeonato Brasileiro.

CONFIRA O TRAILER DO DOCUMENTÁRIO "PRIMEIRO TEMPO"

“Não é um filme sobre a Libertadores, ou sobre o time de 1993, porque essas conquistas merecem filmes só para elas, mas acho legal que as pessoas agradecem ao final do filme, por ele resgatar tanta coisa. Então eu tenho meio que um sentimento de dever cumprido”, afirmou Rogério Zagallo. “Nós mostramos esteticamente o cotidiano de um dia de jogo e as peculiaridades do Palestra Itália. Nós ficamos felizes de registrar um jogo e o estádio de uma maneira diferente, com detalhes que as pessoas não reparam normalmente”.

“Primeiro tempo” é apenas a metade inicial de um projeto maior. A segunda parte retratará as obras no local do antigo Palestra, a construção da nova Arena e o primeiro jogo da futura casa palmeirense.

Para azar dos entusiastas de futebol e história, o documentário ainda não tem previsão de estreia no circuito nacional, mas a equipe de produção espera colocar algumas cópias nos cinemas no segundo semestre, apesar da dificuldade de fazer isso por se tratar de um média metragem. Antes disso, porém, o filme será exibido no Festival de Cinema de Ouro Preto (MG), na terceira semana de junho, e em breve deverá estar à disposição do público no acervo do Museu do Futebol de São Paulo.