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Diretoria palmeirense agenda reuniões para tentar resolver impasse entre Felipão e DIS

Felipão declarou guerra aos empresários de jogadores do Palmeiras - Robson Ventura/Folhapress
Felipão declarou guerra aos empresários de jogadores do Palmeiras Imagem: Robson Ventura/Folhapress

Paula Almeida

Em São Paulo

11/06/2011 07h01

A elevação no tom do técnico Luiz Felipe Scolari contra a DIS, grupo de empresários que detém os direitos econômicos de alguns jogadores do Palmeiras, já começa a preocupar a diretoria alviverde. Diante das severas críticas que o treinador vem disparando contra os agentes, a cúpula do clube pensa numa maneira de apaziguar os ânimos.

OS JOGADORES ENVOLVIDOS NO IMPASSE

  • Paula Almeida/UOL

    Segundo Felipão, Vinícius (f) recusou a proposta da Udinese porque a DIS o influenciou a forçar uma renovação contratual com aumento salarial

  • Fabio Braga/Folhapress

    Jogador que costuma ser elogiado por Felipão pelo empenho nos treinos, Tinga, também agenciado pela DIS, foi cortado do jogo contra o Atlético-PR.

  • "A gente fica triste, sem saber o que está acontecendo. No treino você fica pensando, vê seus amigos, há um tempo você estava com eles. Agora, você está fora, ou não está entrando nos planos. Tenho tentado firmar a cabeça, mas é ruim, sou vítima de uma coisa que eu não tenho nada a ver", disse à rádio Bandeirantes.

Correndo o risco de perder dinheiro com os atletas ou o apoio de alguns empresários investidores, a cúpula alviverde se reunirá com as duas partes para tentar amenizar os problemas futuros para o clube. O UOL Esporte apurou que já neste sábado o presidente Arnaldo Tirone deve ter uma conversa com o técnico Scolari. Já um encontro com representantes da DIS deve acontecer na semana que vem.

O entrevero público de Felipão com o braço esportivo do Grupo Sonda começou no início deste mês, quando o atacante Vinícius recusou uma proposta da Udinese-ITA. Embora o clube paulista tivesse interesse na negociação, já que a proposta era de 1,5 milhão de euros, o garoto de 17 anos rejeitou a oferta alegando que ainda queria fazer carreira no Palmeiras antes de migrar para o futebol europeu.

Segundo Scolari, porém, a proposta foi negada porque a DIS teria influenciado Vinícius, um de seus agenciados, a pressionar o Palmeiras por uma renovação contratual com aumento salarial. Os empresários responderam e lembraram que o clube ainda lhes devia R$ 800 mil pela negociação com a Ponte Preta por Tinga. Felipão não hesitou e, além de não relacionar Vinícius para o jogo da semana passada contra o Atlético-PR, cortou Tinga da equipe no dia da partida.

“Não foi coincidência”, confirmou o treinador, em entrevista coletiva na última sexta-feira, ao ser questionado sobre a relação entre os cortes dos dois jogadores. “Eu não sou contra grupos. Eu faço tudo direitinho pro Palmeiras com a concordância de grupos que investem no clube. Mas eu quero uma situação bem correta. Eu busco dar todo dia conhecimento, qualidade, trazer pessoas para observarem esses meninos. Mas o Palmeiras vem em primeiro lugar. Existe uma interferência, agiotagem, roubo, uma vergonha. Isso está demais. Enquanto eu estiver aqui, vou ajudar o Palmeiras. Eu cuido dos bens do Palmeiras”, reiterou o comandante.

COM A PALAVRA...

Existe uma interferência, agiotagem, roubo, uma vergonha. Isso está demais

Felipão, sobre a presença dos empresários no futebol atual e no Palmeiras

[Felipão] não deu satisfação nem falou nada. Vou no treino, normal, e vou embora. Ninguém fala nada

Tinga, sobre a sua situação

Para nós não é importante a opinião do Felipão, mas sim a posição do Palmeiras

Guilherme Miranda, sócio da DIS

Em entrevista à rádio Estadão/ESPN, Guilherme Miranda, sócio da DIS, mais uma vez respondeu ao técnico. “Para nós não é importante a opinião do Felipão, mas a do Palmeiras. O Felipão é um empregado importante da instituição. Amanhã ele está em outro clube e quem vai pagar o pato é o Palmeiras. Então, para mim, é importante a posição do Palmeiras, do Tirone e do Frizzo [vice-presidente de futebol]”, declarou o empresário, ressaltando que considerava incorreta a decisão de Felipão de punir o volante Tinga por uma questão que, a princípio, envolvia apenas o atacante Vinícius.

“Agora, o Tinga está preocupado. Porque ele está sendo envolvido em uma questão na qual ele não tem nada a ver. Ele não é responsável por isso. Então, na família Scolari, o pai está sendo injusto”, comentou Miranda.

Vinícius tem contrato com o Palmeiras até setembro de 2012, e se não tiver seu acordo renovado, poderá assinar um pré-contrato com qualquer outro clube a partir de março do ano que vem. O acordo de Tinga, por sua vez, vai até junho de 2015. Outro agenciado da DIS, o lateral esquerdo Gabriel Silva, que até agora não foi envolvido no problema, tem contrato até fevereiro de 2015.

Felipão já avisou que pode começar a vetar no Palmeiras a entrada de jogadores trazidos por empresários. A DIS, por sua vez, ameaça não colocar mais atletas no clube.