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Amigo baleado por Castan celebra fama e quer atrair agentes para jogar em time grande

Leandro Castan acompanha o amigo Leonardo Calixto na saída da Santa Casa de Jaú - Cléo Furquim/Revista Etapa/Jaú
Leandro Castan acompanha o amigo Leonardo Calixto na saída da Santa Casa de Jaú Imagem: Cléo Furquim/Revista Etapa/Jaú

Luiza Oliveira

Em São Paulo

13/06/2011 07h00

Leonardo Miguel Calixto viveu uma das experiências mais traumáticas para um ser humano e chegou a correr riscos de morte. Mas ele não imaginava que ser baleado acidentalmente por um amigo teria um lado bom e poderia mudar sua vida. Iniciante na carreira de jogador de futebol, ele ficou famoso e já aspira conquistar o estrelato nos gramados.

ZAGUEIRO CHOROU E RECLAMOU

  • Mauro Horita/AGIF/AE

    O zagueiro Leandro Castán deu coletiva no último dia 1 para falar sobre o episódio em que ele atingiu acidentalmente um colega com uma arma de brinquedo. Ele chorou durante a entrevista e mostrou indignação sobre as acusações que sofreu na internet de que era um assassino.

O garoto de 20 anos alimenta sonhos como todos os jovens atletas de sua idade. É fã de Ronaldo, quer atuar em clube grande e já pensa até em seleção brasileira. Sempre com o discurso ‘um passo de cada vez’ e, de preferência, com a ajuda do amigo mais experiente e conhecido Leandro Castan, zagueiro do Corinthians.

“O susto passou. Falei com ele que fiquei famoso. Até que me ajudou bastante, dei muita entrevista, fiquei muito contente. Quando eu voltar a jogar, acho que os empresários vão me ver. Aí vai depender de mim, vamos o que vai dar”, disse ao UOL Esporte.

Leonardo se profissionalizou no ano passado depois de passar por equipes modestas nas categorias de base como Rio Branco de Americana, XV de Jaú e Flamengo de Guarulhos. Ele havia acabado de assinar um contrato de três meses com o São Judas-SP e, antes mesmo de se apresentar, sofreu o acidente com uma arma de chumbinho e correu o risco de interromper a carreira precocemente.

Graças à vida regrada, sua recuperação foi rápida e a volta aos gramados não vai demorar a acontecer. Em até vinte dias, já deve treinar com o grupo para a disputa da quarta divisão do Campeonato Paulista.

O jovem que atua como meia-atacante garante que a equipe de Jaguariúna é prioridade, mas sua cabeça também está no futuro. Esta semana vai se reunir com seu agente Mauro Moraes e o zagueiro corintiano para planejarem o restante da temporada. Castan se prontificou a conversar com alguns clubes onde jogou para cavar uma vaga.

Depois de dar entrevistas e ter o nome mencionado várias vezes pelo colega de profissão, que chegou a chorar em público, Leonardo espera ser visto por algum empresário que se interesse por seu futebol e possa colocá-lo em uma equipe de maior expressão. “Às vezes eles atrapalham, mas acho que podem me ajudar sim”, brincou.

Os dois amigos se conheceram há dez anos quando jogaram juntos na escolinha de futebol do pai do zagueiro em Jaú. De lá para cá a amizade foi mantida e nunca perderam contato, mesmo com os destinos diferentes pelos gramados.

“Até acho que o Leandro pode me ajudar como ele prometeu, mas não tenho que ficar pressionando. Se fizer algo é pela amizade, não pelo que aconteceu. Ele confia em mim, acha que jogo bem”, garantiu.

Nesta segunda-feira completa uma semana que jogador deixou a Santa Casa de Jaú depois de ficar internado. O acidente aconteceu na casa de corintiano na cidade do interior paulista, quando o anfitrião lhe mostrou a arma que acabou disparando acidentalmente. A bala atingiu o pulmão e parou próxima ao coração onde ainda está alojada.

Recuperado e pronto para retormar sua vida normalmente, Leonardo conta o que sentiu e exime o colega de qualquer culpa. “Senti muita dor, falta de ar, quando cuspi sangue comecei a ficar com medo. Todo mundo chegou ao hospital gritando ‘emergência, emergência’, desesperado. Ele não teve culpa nenhuma, é uma pessoa maravilhosa. Fiquei muito triste pelo que as pessoas falaram”, disse, em defesa de Castan, acusado de ser um assassino.

Do acidente, só ficou o susto e o aprendizado. Leonardo mostrou que não sofreu sequelas, nem psicológicas. Prova disso é que não descarta brincar novamente com a arma de chumbinho. "Sempre quis aprender a atirar, sei que foi um acidente e não fiquei com medo. Não digo que nunca farei."