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Advogado de vítima diz que prisão de Edmundo é irregular e serve para juiz aparecer

Edmundo é encaminhado para cela onde aguarda a transferência para o Rio - Hélio Torchi/AE
Edmundo é encaminhado para cela onde aguarda a transferência para o Rio Imagem: Hélio Torchi/AE

Bruno Freitas

Em São Paulo

16/06/2011 12h23

O advogado de uma das vítimas envolvidas no acidente automobilístico de 1995 que teve Edmundo responsável por homicídio culposo afirmou nesta quinta-feira que a prisão do ex-atacante é irregular e que funciona exclusivamente para que o juiz do caso apareça diante da opinião pública, na onda da notoriedade do personagem principal do incidente.

COMO FOI A PRISÃO

Edmundo estava em um flat no bairro do Itaim Bibi e recebeu ordem de prisão na porta do seu apartamento. A polícia recebeu uma denúncia anônima na noite desta quarta e foi auxiliada pelo recepcionista e pelo segurança do flat até chegar ao ex-jogador no prédio que fica na rua Amauri.

Depois de uma denúncia anônima, Edmundo foi preso na madrugada de quarta para quinta-feira em São Paulo, em um flat na zona oeste. O comentarista da TV Bandeirantes era procurado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro desde terça, quando o juiz Carlos Eduardo Carvalho de Figueiredo (da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Rio) ordenou a prisão por conta de um acidente de carro na Lagoa Rodrigo de Freitas na madrugada de 2 de dezembro de 1995.

“A prisão é irregular. Existem duas possibilidades. Ou o juiz errou na matemática, viu um 2 mais 2 igual a 5, faltou nessa aula, ou então ele se distraiu com este fato [com a notoriedade de Edmundo]. Devo dizer que a segunda hipótese é uma busca por holofotes. Lamento muito”, afirmou João Tancredo, advogado de Débora Ferreira da Silva, ferida no acidente que vitimou fatalmente três pessoas em 1995.

Edmundo foi condenado em 1999 a quatro anos e seis meses de prisão, sendo três anos de pena principal, em regime semiaberto, e mais 18 meses de agravante por lesões corporais. Segundo Tancredo, a prescrição do caso em cálculo com base na pena principal é de oito anos, e não de 12 como interpretado pelo juiz do caso.

Tancredo afirma que o desdobramento óbvio do caso é o êxito da defesa de Edmundo na tentativa de libertação do ex-atacante através do pedido da habeas corpus. O advogado Arthur Lavigne disse que entrará com este recurso no início da tarde desta quinta.

Débora Ferreira da Silva foi representada por João Tancredo e Leonardo Amarante no caso civil, que acabou com Edmundo condenado ao pagamento de R$ 150 mil – a quantia foi quitada pelo ex-atacante. No acidente, a vítima teve a bacia lesionada, além de outras sequelas.

De acordo com Tancredo, a prisão de Edmundo ordenada pelo juiz Carlos Eduardo Carvalho de Figueiredo significa apenas uma dose desnecessária de desgaste para as vítimas. O advogado disse ter conversado com a mãe de Débora e relatou o sentimento dos familiares.

“A consequência disso tudo será a libertação dele. Por isso se reforça o sentimento de injustiça para as vítimas. A legislação deveria ser cumprida na época. Mas um caso que começou mal não iria acabar bem”, disse o advogado.

O ex-atleta já havia sido condenado a quatro anos e meio de prisão em 1999, em regime semiaberto, mas ainda respondia em liberdade. A batida de carro resultou nas mortes de Joana Maria Martins Couto, Carlos Frederico Britis Tinoco e Alessandra Cristini Pericier Perrota. Ainda ficaram feridas Roberta Rodrigues de Barros Campos e Natascha Marinho Ketzer, além de Débora Ferreira da Silva.

O delegado Eduardo Castanheira, do 14º DP de São Paulo, afirmou que o ex-jogador deve ser transferido para o Rio de Janeiro ainda nesta quinta-feira, já que ele é um preso da Justiça desta cidade. O ex-atleta será transportado de carro pela Divisão de Capturas da Polícia Interestadual (Polinter).

PRISÃO DE EDMUNDO DIVIDE PAULISTANOS