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Juiz do caso Edmundo nega prescrição e retruca advogado: 'é insignificante'

Edmundo é encaminhado para cela onde aguarda a transferência para o Rio - Zanone Fraissat/Folhapress
Edmundo é encaminhado para cela onde aguarda a transferência para o Rio Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress

Alexandre Sinato e Roberto Pereira de Souza

Em São Paulo

16/06/2011 15h41

Responsável por ordenar a prisão de Edmundo na última terça-feira, o juiz Carlos Eduardo Carvalho de Figueiredo, da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Rio, explicou o argumento que o levou a tomar tal decisão. Para ele, o crime ainda não está prescrito e o ex-jogador deve cumprir a pena de quatro anos e meio. O magistrado também respondeu ao advogado de uma das vítimas que o acusou de “querer aparecer’.

“A sentença foi dada em março de 1999 e confirmada pelo Tribunal de Justiça. Em outubro de 1999 foi decretada a prisão do Edmundo e ele foi preso. No meu ponto de vista, esse momento da prisão marca o início da execução da pena e recomeça a contagem da prescrição”, afirmou Figueiredo ao UOL Esporte.

A defesa de Edmundo alega que não houve marco interruptivo em outubro de 1999 e que a contagem da prescrição começou em março, seguindo normalmente até março de 2011, quando completou os 12 anos previstos.

O ex-jogador e comentarista não se apresentou à polícia no início desta semana, após a decisão do juiz Carlos Figueiredo, e foi considerado foragido. Na madrugada desta quinta, a polícia paulista recebeu uma denúncia anônima e o prendeu em um flat na zona sul de São Paulo.

Os policiais encaminharam Edmundo para exames no Instituto Médico Legal (IML). O ex-jogador  passou a noite no 14º DP, no bairro paulistano de Pinheiros, onde aguardava sua transferência para o Rio de Janeiro. Policiais da Polintercarioca o levariam de carro para uma unidade prisional no Rio, mas seus advogados conseguiram antes um alvará de soltura que o deixou livre nesta tarde. Ele poderá ir para casa logo depois de fazer exames no Instituto Médico Legal (IML).

No início da tarde desta quinta, o advogado de Edmundo, Arthur Lavigne, entrou com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça do Rio. “O juiz que mandou prendê-lo [Carlos Eduardo Carvalho de Figueiredo] está errado. Para ele o crime só prescreverá em 12 anos, completado em outubro. No meu entendimento já prescreveu. Mas a Justiça decidirá este assunto”, disse Lavigne.

COMO FOI A PRISÃO

Edmundo estava em um flat no bairro do Itaim Bibi e recebeu ordem de prisão na porta do seu apartamento. A polícia recebeu uma denúncia anônima na noite desta quarta e foi auxiliada pelo recepcionista e pelo segurança do flat até chegar ao ex-jogador no prédio que fica na rua Amauri.

Para Figueiredo, o fato de Edmundo ter sido considerado foragido pouco afetará o processo, mas pode ter maior importância para o julgador do pedido de habeas corpus. “Depende do julgador, mas uma coisa é a pessoa se apresentar espontaneamente para conversar e provar sua inocência, outra coisa é ser capturada.”

O juiz também rebateu a declaração de João Tancredo, advogado da vítima Débora Ferreira da Silva, ferida no acidente causado por Edmundo em 1995. Tancredo afirmou que o juiz estava “buscando holofotes”. “Não gosto de estimular esse tipo de comentário e não sei se esse é o sentimento das vítimas ou só do advogado em defesa da classe. Isso me causou muito espanto, mas para mim é insignificante”, ponderou Carlos Figueiredo.

Edmundo foi considerado culpado pelo acidente que provocou no dia 5 de dezembro de 1995, na região da Lagoa, zona sul do Rio. Na oportunidade, ele colidiu seu carro com outro veículo e causou a morte de três pessoas (Joana Maria Martins Couto, Carlos Frederico Britis Tinoco e Alessandra Cristini Pericier Perrota) e feriu outras três vítimas (Roberta Rodrigues de Barros Campos, Débora Ferreira da Silva e Natascha Marinho Ketzer).

PRISÃO DE EDMUNDO DIVIDE PAULISTANOS