Rivais mineiros testaram quase 2 times para tentar resolver problema crônico das laterais
A indefinição dos titulares aliada à irregularidade daqueles que mais atuam nas posições caracteriza a situação das laterais ao longo desta temporada nos rivais mineiros, que enfrentam uma carência que se tornou crônica. Ocupando a 11ª e a 14ª colocações no Brasileirão, com 18 e 15 pontos, respectivamente, Cruzeiro e Atlético-MG, juntos, já utilizaram 20 jogadores este ano, entre especialistas e atletas improvisados.
Desde que Jonathan saiu do Cruzeiro, para jogar no Santos, o time mineiro não conseguiu encontrar um outro lateral-direito que conseguisse se firmar
Nem sempre foi assim. Cruzeiro e Atlético-MG, que contam 90 e 103 anos de existência, têm tradição não apenas na revelação, mas também na contratação de laterais, tanto direitos quanto esquerdos, que acabaram vestindo a camisa da seleção brasileira, em momentos diferentes. Essa relação é extensa e abrange, entre muitos outros Nelinho, Getúlio, Orlando, Paulo Roberto Costa, Cicinho, Gilberto e Mancini.
Os dois últimos nomes integram os elencos atuais de Cruzeiro e Atlético-MG. Ambos mudaram de posição, com o tempo, ganharam projeção inclusive internacional, executando funções no meio-campo e até no ataque, mas aceitaram o sacrifício de uma volta às origens, para tentar solucionar parte dos problemas enfrentados nas laterais por seus times.
Gilberto, que na derrota para o Internacional, por 3 a 2, no último domingo, atuou como meia, vinha de uma sequência na lateral esquerda, posição que o levou à Copa do Mundo da África do Sul, ano passado. Já Mancini, uma das contratações atleticanas feitas no início desta temporada, resistiu a atuar como lateral-direito em seu retorno ao Atlético-MG, depois de fazer sucesso no futebol italiano, como meia-atacante.
TENTATIVAS NAS LATERAIS ATLETICANAS
ESPECIALISTAS | IMPROVISADOS |
Patric, Rafael Cruz, Roger, Leandro, Eron, Guilherme Santos | Jackson, Bernard, Richarlyson, Wesley, Serginho |
Na última quinta-feira, a pedido do então treinador atleticano Dorival Júnior, Mancini aceitou treinar como lateral-direito e admitiu, em entrevista, após o coletivo, voltar a jogar por ali para ajudar. Acabou fora da lista de Dorival para o jogo de despedida do treinador, sábado à noite, quando o Atlético perdeu para o Figueirense, por 2 a 1.
No Cruzeiro, Jonathan, que no início deste ano foi para o Santos e acaba de se transferir para a Internazionale, foi o dono da lateral direita do Cruzeiro, desde 2005. Formado na base do clube, ele caiu nas graças da torcida. Utilizado no time profissional desde 2005, Jonathan esteve entre os melhores jogadores do Brasil.
Desde a saída de Jonathan, que aconteceu ainda em janeiro deste ano, tanto Cuca, quanto o técnico Joel Santana encontram uma lacuna na lateral direita do time. Este ano, passaram por lá, Rômulo que não agradou, sendo emprestado para o Atlético-PR. Sem opções, os treinadores improvisaram os volantes Pablo, que já deixou o clube, Marquinhos Paraná e Leandro Guerreiro para tentar solucionar.
Na lateral esquerda, a falta de um dono absoluto é ainda mais longo. Desde a saída do argentino Sorín, em 2003, quando se transferiu para a Lazio e depois da aposentadoria do atleta, que retornou ao time celeste em 2009, mas sem atuar e convivendo com lesões abandou o futebol, o clube mineiro encontra dificuldades para encontrar este jogador.
Lateral-esquerdo Leandro, outro que já passou pelo Cruzeiro, não tem conseguido sequência de jogos
O último grande destaque na esquerda foi Leandro, hoje no rival Atlético-MG, em 2003, ano que o time conquistou a Tríplice Coroa. Porém, após boa temporada, o jogador se transferiu. Com Adilson Batista, vários nomes foram tentados nos últimos três anos, mas tendo em Marquinhos Paraná sempre uma alternativa para suprir esta carência.
Em 2011, o Cruzeiro volta a ter problemas para arrumar o time na lateral-esquerda. O jovem Diego Renan se destacou em 2010, principalmente na parte ofensiva, mas não manteve o bom futebol e perdeu espaço. Sem muitas soluções, Cuca, que acaba de assumir o comando atleticano, e Joel Santana testaram o volante Everton improvisado nesta posição. Mas quem vem tendo maior número de jogos, apesar de ser contragosto é o experiente Gilberto, que desejava atuar no meio de campo.
O técnico Joel Santana reconhece que neste início de trabalho no Cruzeiro, a sua principal preocupação tem sido as duas laterais. “Lógico, pois nós estamos mexendo muito nesta posição e no futebol a gente não pode mexer muito. Estou falando tanto em tempo de trabalho, como vou ficar trocando de treinador toda hora, não posso ficar trocando assim, primeiro porque eu não gosto e segundo porque o esporte não permite”, disse,
“Você tem de ter uma equipe ideal, estou tentando repetir uma equipe clássica. Se você ver os primeiros quatro, cinco jogos meus, eu repeti uma base da minha equipe. Se você não tem tempo de trabalhar na parte prática, trabalha na parte teórica. Mas você tem agora de mexer muito na equipe e prejudica tudo isso”, acrescentou Joel Santana, que vem improvisando nas duas laterais.
Atlético vive situação complicada
No rival Atlético, a situação é ainda mais complicada e a carência nas laterais duram ainda maior período. No começo do ano, a diretoria acertou a contratação de Patric, que chegou com status de titular. Porém, o jogador que estava no Avaí, disputou posição e se revezou com Rafael Cruz, mas ambos não inspiravam confiança do torcedor.
TENTATIVAS NAS LATERAIS CRUZEIRENSES
ESPECIALISTAS | IMPROVISADOS |
Rômulo, Diego Renan, Gilberto, Vítor | Pablo, Marquinhos Paraná, Leandro Guerreiro, Everton, Fabrício Carioca |
Com problemas na direita, Dorival Júnior viu na improvisação de Serginho na posição. Apesar de ser contragosto do volante, o meia foi deslocado para a lateral no Campeonato Mineiro. Por lá, atuaram ainda o volante Jackson e o jovem meia-atacante Bernard, formado na base do clube mineiro. Para Sorín, improvisar nem sempre é uma boa alternativa. “Muitas vezes o jogador que não é da posição fica perdido quando improvisado”, afirmou o ex-lateral-esquerdo, em comentário feito durante o programa Alterosa no Ataque, exibido pela TV Alterosa, afiliada ao SBT.
No Campeonato Brasileiro, Rafael Cruz atuou em uma partida, contra o Bahia, mas sem agradar foi emprestado para o Atlético-GO. Patric virou titular, mas é sempre criticado pelos torcedores, e Dorival Júnior chegou a dar chances para o jovem lateral Roger, formado pelo clube mineiro. Mesmo com tantas tentativas, nenhum dos atletas caiu no agrado da torcida.
Na lateral esquerda, muda-se o lado, mas o problema permanece. Remanescente da temporada passada, o experiente Leandro, que brilhou pelo rival Cruzeiro em 2003, ganhou a concorrência de Guilherme Santos, contratado junto ao Almeria para solucionar a velha e longa carência na posição.
Marquinhos Paraná é volante, mas tem jogado nos últimos tempos nas duas laterais, como alternativa dos treinadores cruzeirenses, em função da carência de jogadores especialistas
O jogador, formado pelo Vasco, iniciou bem a sua trajetória pelo Atlético, inclusive barrando a Leandro, no Campeonato Mineiro. Porém, bastou uma lesão na final do estadual e uma série de problemas fora das quatro linhas, para o jogador perder a titularidade para o experiente antigo dono da lateral-esquerda.
Porém, após se firmar na lateral-esquerda, mesmo sem agradar ao torcedor e passar confiança, Leandro sofreu uma grave lesão muscular, perdendo espaço novamente para Guilherme Santos. Sem conseguir mostrar o mesmo futebol do estadual, Dorival Júnior barrou o reforço e promoveu, diante do Palmeiras e Grêmio, a entrada do jovem Eron, formado na base do time mineiro e que já havia tido chances em 2010, com Vanderlei Luxemburgo, que também encontrou dificuldades na posição.
Dorival Júnior, agora substituído por Cuca, tentou ainda na lateral esquerda o volante Richarlyson, que desempenhou esta função por muitos anos no São Paulo e até mesmo o meia-atacante Wesley. Resta saber como o novo treinador atleticano, que assumiu o cargo nesta segunda-feira, se comportará em relação às soluções para as duas laterais.
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