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'Pioneiro' em fuga da seleção, Arílson diz que caso de Mário é mais grave que o seu

Arílson fugiu da seleção brasileira em 1996, quando o time jogava o Pré-Olímpico - Cesar Itiberê/Folha Imagem
Arílson fugiu da seleção brasileira em 1996, quando o time jogava o Pré-Olímpico Imagem: Cesar Itiberê/Folha Imagem

Marinho Saldanha

Em Porto Alegre

26/09/2011 14h23

Mário Fernandes comunicou, nesta segunda-feira, que não quer servir à seleção brasileira. Convocado para o jogo de volta do Superclássico das Américas, o lateral-direito perdeu o voo no início da manhã e rejeitou uma segunda passagem. Não é o primeiro caso de jogador que se nega a vestir a amarelinha. Arílson, em 1996, disputava o Pré-Olímpico e fugiu da concentração. Em entrevista ao UOL Esporte, o ex-jogador disse que o caso atual é muito mais grave que o seu.

Arílson era um dos quatro jogadores da equipe comandada por Zagallo que atuavam fora do país. Além dele, Juninho Paulista [Atlético de Madri], Caio Ribeiro e Roberto Carlos [Inter de Milão] serviam ao time Olímpico. Os outros estavam atuando regularmente, ele nem no banco. Sem ter com quem conversar, pressionado por dirigentes do Kaiserslautrn-ALE, ele simplesmente foi embora sem avisar.

"Minha situação foi completamente diferente. Eu já estava na seleção, joguei amistosos, a Copa Ouro, estava sendo utilizado. Além disso eu era um dos quatro jogadores que jogavam fora do país. Eu, o Caio Ribeiro, o Roberto Carlos e o Juninho Paulista. Eles estavam jogando, eu não. Achei aquilo uma sacanagem. Eu estava perdendo jogos importantes na Alemanha, no Kaiserslautrn", disse o ex-jogador ao UOL Esporte.

Já Mário Fernandes teve somente sua segunda convocação para a seleção. Na primeira, chegou a treinar entre os titulares mas acabou no banco no jogo de ida do Superclássico das Américas, contra a Argentina. A ideia de Mano Menezes era testar o jogador do Grêmio para a Olimpíada e até para o time principal.

"O caso dele é muito mais grave. Não tem como comparar. Ele nem esteve lá, nem foi. Só no último jogo. Era um amistoso. Ele pode ter visto algo que não gostou, mas sequer deu chance de tentar. É incrível. Não entendi. Como ele não está preparado para jogar na seleção? Se não está para a seleção também não está para o Grêmio. O Grêmio é um dos maiores clubes do mundo. Quem não pode jogar na seleção, também não pode no Grêmio", exclamou Arílson, que ganhou destaque no futebol ao conquistar a Libertadores de 1995 pelo clube gaúcho.

Arílson: "Fiz muita m..."

Divulgação
Arílson participou do quadro "Por Onde Anda" do UOL Esporte e pediu desculpas públicas a Zagallo

O assunto da negativa do jogador para a seleção logo chamou atenção de Arílson, que atualmente é técnico das categorias de base do Imbituba-SC. "Eu estava vendo a televisão agora e sabia que iriam me ligar na sequência. Tinha certeza. Vi o telefone tocar, código de Porto Alegre, e até ri. Sabia que lembrariam de mim", disse.

No entanto, o ex-jogador se negou a dar conselhos para o mais jovem a dar as costas para o selecionado nacional. Segundo ele, é muito difícil acreditar que outra chance possa aparecer na carreira do atleta.

"Não tenho como dizer nada diretamente para ele. Não o conheço, e não entendi o que aconteceu. Ele deve ter algum problema. Eu me arrependo muito até hoje. Sei que deveria ficar e queria muito ter outra chance. Não tive, como acho que ele também não vai ter. Este tipo de coisa é irreversível", finalizou.

O Grêmio fará reunião com o jogador e seu empresário nesta tarde e ainda busca o convencer a servir à seleção. Mário Fernandes tem carreira pautada por polêmicas. Em 2009, recentemente contratado, abandonou o Grêmio e retornou para sua cidade natal alegando depressão. Recluso por um mês, ele pensou em abandonar a carreira, mas foi convencido a tentar. No clube, ele já perdeu treinamentos por "dormir demais" e recebeu orientações curiosas como de Silas, em 2010, que impôs ao atleta "tomar café da manhã" para ser titular.

Em sua primeira convocação, Mário sorriu e brincou com o passado. "Não posso sumir da seleção brasileira", disse ele. Algo que acabou não se confirmando posteriormente com a rejeição ao posto almejado por todos os jogadores brasileiros