Márcio Santos revela mágoa com Carpegiani e se vê na mesma situação de Rivaldo
Márcio Santos parou de jogar há sete anos, mas ainda tem mágoa da primeira passagem do técnico Paulo Cesar Carpegiani pelo São Paulo. O ex-zagueiro não se conformou por ter sido deixado de lado pelo treinador em 1998 e até se comparou ao meia-atacante Rivaldo, que também teve rusgas com o comandante na segunda vez que esteve no clube (saiu neste ano).
EX-ZAGUEIRO FICOU MAGOADO COM CORTE NA COPA DO MUNDO DE 1998
Márcio Santos admitiu que não entende até hoje o porquê de ter sido cortado da seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1998. A mágoa do ex-zagueiro é com o médico da seleção brasileira na época, Lídio Toledo (hoje falecido), que optou por cortá-lo por causa de uma lesão na coxa, apesar de o técnico Zagallo e do auxiliar Zico terem sido favoráveis à sua permanência. Antes do início do Mundial, ele chegou a jogar normalmente pelo São Paulo, segundo contou ao UOL Esporte.
“Cheguei para a reunião com eles e comentei que em três dias, quatro no máximo, eu estaria 100%, tinha certeza. O Lídio achou que não dava. Eu disse: me conheço, estou bem fisicamente, isso não é grave. Demoraram duas horas para decidir, deixaram o doutor Lídio dar a palavra final e ele acabou me cortando. Naquela semana mesmo voltei a treinar”, relembrou.
“Convocaram o André [Cruz], que três meses antes teve uma hérnia de disco, e foi no meu lugar. Deu que o time ficou só com três zagueiros na França, e eu poderia ter jogado facilmente”.
“No São Paulo, desde a chegada do Carpegiani, minha vida mudou da água pro vinho. Era capitão e, de uma hora pra outra, fui deixado de lado e não entendi. Acho que ele resolveu me pegar para ganha moral e dar exemplo aos mais jovens. Tive problemas por ter chegado como campeão do mundo”, detonou Márcio Santos.
O tetracampeão do mundo em 1994 saiu em defesa do veterano são-paulino, e protestou pelo fato de Rivaldo também ser reserva no São Paulo de Carpegiani e também do atual técnico do time, Adilson Batista. “Ele [Carpegiani] não é de conversar com ninguém. Ele fez comigo a mesma coisa que fez com o Rivaldo... com o Carpegiani ele saiu quando era o melhor em campo. O Rivaldo é um grande jogador. Não pode ficar fora do time do São Paulo de jeito nenhum”.
Apesar do ressentimento, Márcio Santos disse ter boas recordações do período que passou pelo São Paulo, mas reclamou de não ter sido valorizado no episódio que culminou na sua saída. “Os dirigentes queriam renovar comigo por um salário bem abaixo do que eu ganhava. Não está certo isso aí”, falou o ex-jogador, que acabou indo para o Santos em 2000.
Confira trechos da entrevista com Márcio Santos:
Nem Romário passava na Copa de 1994
Márcio Santos falou sobre a dupla de zaga com Aldair na Copa do Mundo de 1994. Os dois chegaram a treinar como reservas, mas foram alçados ao posto de titulares devido às lesões de Ricardo Gomes e Ricardo Rocha, os preferidos do então técnico Carlos Alberto Parreira.
“Quem acompanhava o dia a dia na seleção sabe. Pode perguntar para o Romário, ele vai falar que não fez gol nem em coletivo quando jogava eu e o Aldair no time de baixo. Aí nos subimos e deu no que deu”.
Falta de renovação dos zagueiros da seleção
Um dos grandes zagueiros da sua geração, Márcio Santos discordou da tese de que a renovação do Brasil na posição é boa. Ele vê Lúcio ainda como soberano no setor, apesar de não acreditar que o beque da Inter de Milão estará na Copa do Mundo de 2014.
CLUBES DE MARCIO SANTOS
Novorizontino (SP): 1987-1990 Internacional (RS): 1990-1991 Botafogo (RJ): 1992 Bordeaux (FRA): 1992-1994 Fiorentina (ITA): 1994-1995 Ajax (HOL): 1995-1997 Atlético (MG): 1997 São Paulo (SP): 1997-2000 Santos (SP): 2000 Gama (DF): 2001 Jinan (CHN): 2001 Paulista (SP): 2002 Al-Araby (QTR): 2003 Portuguesa Santista (SP): 2004 |
“O Lúcio é um grande jogador, mas nessa posição não tem surgido mais ninguém. Não tem tido renovação. Tanto é que da seleção de 2010, que foi muito criticada, voltaram seis ou sete jogadores. Não tem opção, fica difícil”.
Ensaiando retorno ao futebol
O ex-zagueiro explicou que atualmente administra um shopping da sua propriedade em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina, mas que pretende retornar ao futebol como dirigente.
“Estou ligado a um clube, e as pessoas que vão entrar lá estão querendo me levar para trabalhar no clube, como superintendente, ou alguma coisa nesse sentido. Não vou falar ainda [o nome do time]”.
Conselho para Ricardo Gomes (os dois tiveram AVC)
Com a experiência de quem também teve um AVC (mas em escala muito menor), Márcio Santos disse que o técnico do Vasco, Ricardo Gomes, deve mesmo retornar a sua atividade quando estiver plenamente recuperado. Mas ele aconselha que o colega mude alguns hábitos.
FINAL EM CLUBES MENORES
O último clube grande que joguei foi o Santos. Depois comecei a jogar em time pequeno porque existia corporativismo na época. O atleta que entrasse na justiça contra uma agremiação sabia no que dava
“O Ricardo é meio introspectivo, foi sempre mais caladão, é da personalidade dele. Ele precisa gritar mais. Se vai guardando, cria um problema. Tem que melhorar nesse sentido”.
Críticas ao ex-dirigente do Santos Marcelo Teixeira
Márcio Santos participou em 2000 de um ‘supertime’, pelo menos no papel, montado pelo ex-presidente do Santos, Marcelo Teixeira. De concreto, o clube ganhou apenas o vice-campeonato paulista em 2000, e uma série de ações trabalhistas de Rincón, Galvan, e ele próprio. Por isso, sobraram críticas ao ex-dirigente santista.
“O Marcelo Teixeira montou um time forte [em 2000]. Conseguiu tirar o Rincon do Corinthians, mas foi inconsequente, pois não pensou que teria que pagar o salário a esses jogadores todo mês. Eu tive problemas, vários jogadores tiveram salários atrasados. Tive que entrar na justiça, pois passei quase cinco meses sem receber”.
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