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Primeiro técnico diz que Ganso precisa deixar o Santos e revela apelido de Petrobras

Ganso começou no futsal da Tuna Luso e mantém gratidão ao treinador Capitão - Reprodução e Bruno Freitas/UOL
Ganso começou no futsal da Tuna Luso e mantém gratidão ao treinador Capitão Imagem: Reprodução e Bruno Freitas/UOL

Bruno Freitas

Em Belém

30/09/2011 07h00

Bem longe da Vila Belmiro, existe uma voz do passado que Paulo Henrique Ganso costuma ouvir com obediência. Trata-se de Carlos Alberto Carvalho, primeiro técnico do meia no futsal, que recomenda ao seu mais famoso pupilo dos times juvenis da Tuna Luso que deixe o Santos rumo à Europa assim que puder.

Conhecido como Capitão, o técnico de 67 anos segue cuidando do ensino esportivo básico de vários meninos do clube de Belém. Mas, à distância, o veterano treinador preserva os laços de amizade com Ganso e recomenda que a jovem estrela do futebol brasileiro abrevie sua estada no país, quem sabe já em janeiro de 2012.  

"Ele deve muito ao Santos. Precisa ter gratidão e jogar este Mundial. Mas depois tem que seguir a trilha dele. O lugar dele não é aqui no futebol brasileiro. Precisa de alguma coisa maior. Assim como o Neymar e o (Leandro) Damião", afirma o técnico paraense.

GANSO QUASE FEZ CARREIRA COMO PETROBRAS

Ao falar de seu ex-jogador no futsal da Tuna Luso, Capitão entrega a emoção através dos olhos marejados. O treinador costuma se referir ao ídolo do Santos como Henrique, em sugestão de uma relação de intimidade. No entanto, revela que o camisa 10 atendia por um nome inusitado quando defendia o clube de Belém.

"A gente chamava ele aqui de Petrobras, não tinha essa de Ganso. Porque o pai dele era funcionário da Petrobras", conta o treinador. Mas, num exercício de imaginação, seria difícil pensar no famoso "Santos de Neymar e Ganso" como o "Santos de Neymar e Petrobras". Por isso, menos mal que o paraense ganhou outra alcunha ao chegar à Vila Belmiro.

Os sinais de emoção no discurso de Capitão quando fala de Ganso podem encontrar explicações na gratidão do santista por seu primeiro mestre no futebol. No ano passado, ao saber que seu antigo técnico andava perambulando na noite de Belém para achar bares que passassem jogos do Santos, Paulo Henrique armou uma surpresa e lhe enviou uma TV moderna e mais uma assinatura de canais a cabo.

MENSAGEM: DE CAPITÃO PARA GANSO

Também em 2010 o veterano treinador ganhou de presente de Ganso uma viagem para Santos. Capitão ficou uma semana na casa da família Lima no litoral paulista e teve a chance de ver umas das melhores atuações do ex-aluno na temporada passada, em um jogo do Paulistão.

"Fui até Santos, passei uma semana lá com ele. Tinha contato com a família dele antes de ele ser o Ganso que todos conhecem. Fui ver o jogo contra o Monte Azul, ele fez dois gols", relata.

Além de Ganso, Capitão é muito amigo dos pais do jogador. Mas mesmo com acesso liberado diz que toma cuidado para não perturbar a rotina agitada de uma estrela do futebol nacional. "Tenho o telefone dele, mas prefiro que ele me ligue quando precisar. Não quero incomodar", diz.

TÉCNICO FEZ A DIREITA DE GANSO FUNCIONAR

O canhoto Paulo Henrique Ganso já contou que começou a usar sua perna direita somente depois dos treinos desenvolvidos por Capitão no futsal da Tuna Luso, em que o futuro meia do Santos não poderia usar a sua habilidosa esquerda em hipótese nenhuma.

Ganso começou no futsal da Tuna Luso aos sete anos e permaneceu no clube até os 17, passando também pelo futebol de campo. Em seguida, passou pelo Paysandu e ganhou a oportunidade de ser avaliado na Vila Belmiro graças a uma indicação do ex-jogador Giovanni, conterrâneo paraense.

 "A gente via que ele era um diamante bruto, que só faltava ser lapidado. Começamos a lapidar e o Santos terminou. É diferenciado. De dez passes erra só três", analisa o primeiro técnico de Ganso.

"Quase tudo que sabe agradece a mim, diz que aprendeu quase todos os fundamentos comigo", acrescenta o treinador com o orgulho estampado no rosto.

Capitão tem a descoberta de Ganso como o grande feito de sua vida. Tanto que anda sempre com uma sacola que conta com artigos em referência à relação com o jogador do Santos. Lá dentro guarda fotos do meia em seu tempo de Tuna Luso, durante a adolescência, e uma camisa da seleção brasileira com um autógrafo carinhoso de seu ex-jogador, que o chama de "paizão".