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Medo da Justiça e risco de prejuízo de R$143 mi pautam guerra Kleber x Palmeiras

Kleber trava uma guerra com o Palmeiras. O medo é a derrota na Justiça do Trabalho - Piervi Fonseca/AGIF
Kleber trava uma guerra com o Palmeiras. O medo é a derrota na Justiça do Trabalho Imagem: Piervi Fonseca/AGIF

Luiza Oliveira

Em São Paulo

21/10/2011 07h02

O pé de guerra entre Kleber e Palmeiras não se resume à decisão de manter o atleta no clube ou envolvê-lo em uma transferência, muito menos tem a questão técnica como ponto central. O que pauta a queda de braço é o medo de perder muito dinheiro na Justiça do Trabalho. Isso porque o preço da multa rescisória gira em torno de R$ 143 milhões.

A briga começou com atitudes intempestivas diante da insubordinação do Gladiador após liderar movimento para que os jogadores não se concentrassem na véspera do jogo contra o Flamengo, no último dia 12. A rebeldia gerou a revolta de Luiz Felipe Scolari e a decisão de afastar o atleta. Uma semana depois, o cenário é bem diferente e as partes calculam meticulosamente suas atitudes para evitar riscos.

O presidente Arnaldo Tirone estipulou os treinos para o atacante em horários diferentes do restante do grupo desde segunda-feira, mas a palavra 'afastamento' se tornou proibida. Com receio de que o Gladiador acione a Justiça alegando que foi impedido de exercer sua profissão, a reconciliação já se tornou uma possibilidade cogitada, mesmo diante da postura irredutível do treinador.

A cúpula está disposta a passar por cima das desavenças e agendou até uma reunião entre o vice de futebol Roberto Frizzo e o jogador na semana que vem. “Por enquanto continua como está, mas eles vão conversar. Temos que saber o que o Kleber quer, o que está pensando. Isso é importante”, disse Tirone ao UOL Esporte, em clara tentativa de não atiçar os nervos do pupilo.

Enquanto o mandatário se equilibra entre Felipão e Kleber, Frizzo ainda sofre as consequências de suas declarações logo após o conflito. Na ocasião, disse que “depois que alguém declara que não quer mais jogar, o Palmeiras também não pode querer essa pessoa”.

O vice é criticado por parte da diretoria e sabe que deu munição ao 'inimigo’. Ele não quer carregar o ônus político de contribuir para uma derrota desastrosa nos tribunais envolvendo quantias milionárias. Desde então, adota tom apaziguador, busca a reconciliação e defende a permanência do atleta nos bastidores, alegando ser o melhor caminho após todo investimento feito.

Apesar de aparentemente ter perdido a queda de braço com Felipão, Kleber parece estar melhor preparado para a guerra. O jogador notificou o clube pedindo uma definição sobre o caso após uma semana de incertezas. O Palmeiras respondeu e justificou a punição por ele ter se negado a se concentrar. No entanto, o argumento é falho. O estafe do atacante tem como defesa o fato de todo o grupo ter desrespeitado a orientação, mas só o Gladiador foi penalizado.

O jogador também alega que só não se apresentou porque recebeu telefonema com essa ordem da diretoria. Depois, frequentou normalmente a Academia de Futebol para treinar e deixar claro que vem cumprindo à risca suas obrigações.

Perdida, a cúpula ‘empurra o problema’ e deixa o atleta em maior vantagem. Tirone e companhia não bateram na tecla que mais poderia lhes favorecer: a insubordinação e quebra de hierarquia de Kleber, fato presenciado por cartolas, comissão técnica e elenco. Felipão até pediu uma advertência, mas nada foi feito, tampouco uma multa foi aplicada.

Na tarde de quinta-feira, o Gladiador e seu empresário Giuseppe Dioguardi se reuniram com o Sindicato dos Atletas do Estado de São Paulo e ganharam mais um aliado. O Sapesp incorporou o discurso da dupla e está disposto a entrar na briga. O agente mais uma vez mostrou esperteza e divulgou o encontro no Twitter, em tentativa de chamar a intenção da imprensa e deixar o clube ainda mais amedrontado.

*Colaborou Ricardo Perrone