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Leão abusa do 'morde e assopra' para tentar recuperar o São Paulo

Leão já tem sua estratégia definida para tentar motivar o grupo são-paulino - João Neto/Vipcomm
Leão já tem sua estratégia definida para tentar motivar o grupo são-paulino Imagem: João Neto/Vipcomm

Renan Prates e Ricardo Perrone

Em São Paulo

03/11/2011 07h00

Críticas públicas na imprensa, medidas bajulatórias para o grupo. Treinos pela manhã para conter a vida noturna dos atletas, concentração adiada para mostrar confiança nos jogadores. É na política do ‘morde e assopra’ que o técnico do São Paulo, Emerson Leão, tem apostado para tentar recuperar o time.

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  • João Neto/Vipcomm

    O que muda no futebol em um mês e meio? Para o São Paulo neste Brasileirão, muita coisa. O clube despencou da segunda para a sétima colocação na tabela, e terá que driblar o maior jejum de gols e vitórias na competição deste ano se quer pensar em no mínimo pegar uma vaga na Libertadores.

O treinador são-paulino tem também buscado identificar rapidamente os problemas no aspecto psicológico e atacá-los na base da ‘terapia de choque’. Leão admitiu que às vezes manipula um treino onde existe uma punição de pagamento de polichinelos a quem falhar nas finalizações para que os mais tímidos sejam mais penalizados e tenham uma interação maior com o grupo.   

Até agora, a estratégia de manter a relação 'entre tapas e beijos' vem dando certo. A única exceção foi uma reclamação isolada do meia-atacante Cícero após Leão ter dito que ele era muito calado e o ter tirado até do banco de reservas da partida contra o Vasco no último domingo. Mas ambos se acertaram e fizeram as pazes.

Os jogadores, por sinal, parecem em estado de graça. Quem vê o grupo treinando nem acredita que é o mesmo time que não vence há oito rodadas e não faz gols há quatro, tal a alegria com que participam das atividades promovidas por Leão.

“Faltava alguém que nos desse a oportunidade de ser alegre em campo. Às vezes, a gente fica concentrado e não aparece essa alegria. O Leão mostrou que dá para ter alegria e concentração”, explicou o zagueiro Luis Eduardo, que atuará de titular contra o Bahia no próximo sábado.

O treinador também apostou em conversas individuais com os atletas no estilo "paizão". "Eles precisam saber que agora trabalham com um treinador mais velho, que tem muitas coisas para contar para eles", explicou Leão.

Rivaldo e Dagoberto são dois dos atletas que tiveram conversas com o novo chefe. O veterano ouviu explicações sobre não ser titular. O mais jovem discutiu com ele seu futuro e revelou que já decidiu sair do clube ao final de seu contrato. Leão estimulou o atacante a "arrebentar" até o final do Brasileirão. Só assim convenceria o Inter, seu provável destino, a aceitar pagar algo para liberá-lo antes do fim do compromisso.

Nessas conversas, o objetivo do técnico é conquistar a confiança dos jogadores, mostrando a eles que fala de maneira direta e sincera. Leão busca assim uma cumplicidade com o elenco.

O ambiente positivo instaurado no São Paulo é uma constante no início dos trabalhos de Leão em grande parte dos lugares por onde ele passa. Resta saber se o treinador conseguirá manter este clima por muito tempo, o que geralmente não acontece.