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Com nome francês, restaurante de ex-lateral Júnior vira lugar de "boleiro" em BH

Ex-lateral Júnior conquistou muitos títulos pelo São Paulo e destaca trabalho de Muricy - Fernando Santos/Folhapress
Ex-lateral Júnior conquistou muitos títulos pelo São Paulo e destaca trabalho de Muricy Imagem: Fernando Santos/Folhapress

Bernardo Lacerda

Em Belo Horizonte

08/11/2011 06h00

Pentacampeão Mundial com a seleção brasileira, o ex-lateral-esquerdo Júnior, que defendeu Palmeiras, Parma, São Paulo e Atlético-MG, entre outros clubes,  tornou-se empresário do setor gastronômico, ao abrir o restaurante Mes Amis, com nome francês e especializado em cozinha mediterrânea, na Zona Sul da capital mineira. Afastado profissionalmente do futebol, por algum tempo, ele já pensa em uma volta, ainda sem data marcada, que pode ser como técnico ou empresário de atletas.

  • Arquivo Pessoal

    Júnior conta que abertura do restaurante começou como brincadeira e se tornou negócio sério em BH

Aposentado desde o final de 2010, quando desistiu de continuar no Goiás, abrindo mão de cinco meses de contrato, Júnior revela que sente saudades da sua época de jogador, especialmente dos momentos vividos nos dois clubes paulistas que defendeu e no Atlético-MG. “Posso falar que dei muita sorte, por ter jogado em grandes times”, comentou Júnior, em entrevista ao UOL Esporte.

O ex-lateral não esconde a saudade dos tempos vividos no Palmeiras e, depois no São Paulo, onde destaca o trabalho realizado pelo atual técnico do Santos, Muricy Ramalho, a quem considera um dos melhores profissionais com que trabalhou. “Aquele time do São Paulo deu liga enorme, era um time que jogava junto, arrumado, conquistamos tudo o que podíamos”, salientou.

Júnior não quis se aprofundar em comentários sobre o futebol atual. Indagado, por exemplo, sobre a crise que atinge o Palmeiras, comandado por Felipão, que foi seu técnico na vitoriosa campanha do pentacampeonato mundial em 2002, o ex-lateral preferiu não comentá-la. “Não estou dentro do clube e podia falar alguma coisa errada”, justificou.

Enquanto não volta ao futebol, Júnior mata as saudades do esporte recebendo, ex-companheiros em seu restaurante, que foi inaugurado há seis meses no tradicional Bairro de Lourdes, na cidade que escolheu para morar após a aposentadoria. Parceria com a esposa Kelly Souza e com o amigo, Guilherme Cruz, advogado, o estabelecimento já recebeu a visita de vários jogadores, como o atacante Diego Tardelli, o volante Richarlyson e o lateral-direito Coelho.

UOL Esporte: Como surgiu a ideia de abrir o restaurante?

Júnior: Numa noite, meu amigo e sócio (o advogado Guilherme Cruz), que faz para mim alguns trabalhos na área dele, me falou que tinha o sonho de montar um restaurante. Aí, falei que ele tinha arrumado um sócio, mais na base da brincadeira. Mas, hoje, virou realidade. Graças a Deus deu certo. Tudo começou na brincadeira, mas acabou dando certo, inauguramos o Mes Amis, junto com minha esposa (Kelly). Deu muito certo, estou feliz nesta nova fase da minha vida.

  • Bruno Cantini/Site do Atlético-MG

    Depois de 'ser feliz' no Palmeiras e São Paulo, jogar em dois clubes italianos e ser campeão mundial com a seleção brasileir, em 2002, Júnior teve uma boa passagem pelo Atlético-MG

O restaurante tem se tornado ponto de encontro com ex-companheiros. Dessa forma você se mantém perto do futebol?

Júnior: Graças a Deus tenho muitos amigos aqui, jogadores nos prestigiaram, ex-jogadores também já vieram, isso é muito importante. O restaurante está sendo um sucesso, desde o início, nos surpreendeu, estamos felizes com tudo isso. O que começou na brincadeira minha, se tornou um sucesso. Muitos ex-jogadores já vieram conhecer, está se tornando um restaurante dos jogadores também.

Por que escolheu morar em Belo Horizonte?

Júnior: Fiz muitas e boas amizades aqui em Belo Horizonte. Por isso, resolvi morar aqui, pelo menos por enquanto. Estou muito bem adaptado à cidade, ao trabalho, tenho muitos amigos, estou muito feliz por aqui. Viajo para outros lugares, mas tenho ficado aqui tomando conta do restaurante.

Pretende seguir alguma carreira no futebol?

Júnior: O futebol está no meu sangue. Penso, mais para frente, trabalhar em alguma coisa dentro do esporte, que é uma área que conheço bastante. Mas no momento, vou me dedicar bastante a este restaurante, e quando estiver mais sossegado, vou fazer aquilo que amo, que é o futebol. Ainda são planos que tenho, que estou pensando, mas guardo para mim, para mais algum tempo ainda. Mas espero que aconteça.

Mas o pensamento é em ser treinador?

CARREIRA ENCERRADA HÁ QUASE UM ANO

  • Divulgação/Goiás

    Baiano de Santo Antônio de Jesus, Jenílson Ângelo Souza, ou simplesmente Júnior, iniciou a carreira no Vitória-BA. Em seguida defendeu o Palmeiras antes de se transferir para a Itália, onde jogou no Parma e no Siena. De volta ao Brasil, vestiu a camisa do São Paulo e, em 2009, chegou ao Atlético-MG. No ano passado, transferiu-se para o Goiás, onde decidiu se aposentar no final da temporada, após atuar poucas vezes e ter visto o time ser rebaixado para a série B. Júnior relembra das passagens vitoriosas pelo Palmeiras, onde foi campeão pela primeira vez da Libertadores, em 1999 e do São Paulo, onde ganhou três Brasileiros seguidamente, 2006, 2007 e 2008, sendo também bicampeão da competição internacional e do Mundial de Clubes, em 2005.

Júnior: Ainda não sei se seria empresário de jogadores ou técnico, não decidi. Mas vai ser relacionado ao futebol. Não sei se tenho o perfil para ser treinador, mas quem sabe da vida da gente é Deus. Continuo ligado ao esporte, sempre que posso vou ao estádio, acompanhei alguns jogos do Atlético, junto com companheiros, não largo de lado o futebol não. Então alguma coisa nesta área pretendo fazer na minha vida ainda.

Como foi a decisão de aposentar, sendo que ainda tinha contrato em vigor com o Goiás?

Júnior: Foram de 17 para 18 anos de carreira, e comecei no Vitória. Parei exatamente em dezembro, apesar de ter contrato com o Goiás até o mês de maio deste ano. Os motivos para parar são coisas que vão acontecendo no futebol que acabam te desgastando. A idade também não ajuda mais. Então decidi, junto com minha família, parar de jogar. Agora estou em um ramo novo, muito feliz e sei que fiz a escolha certa em minha vida. Meu caminho foi bem trilhado e parei no momento certo. Não me arrependo de nada, fui feliz nesses 18 anos de carreira.

Você jogou por grandes times, qual foi o que mais te marcou?

Júnior: Passei por equipes maravilhosas. Fui muito feliz no Palmeiras, aquele time formidável, com grandes jogadores, conquistei uma Libertadores, Mercosul, em grandes jogos, é um time que fica na minha história. Depois fui para o Parma, joguei por quase quatro anos lá, era um time de expressão média da Itália, mas aprendi muito, cresci como jogador. Cheguei à seleção brasileira, disputei uma Copa do Mundo com o meu futebol no Parma. Aí voltei para o Brasil, São Paulo abriu as portas para mim, um clube grande, de muita força, ganhei tudo ali, foi meu melhor momento na carreira, Libertadores, Mundial, Campeonato Brasileiro. Fui para o Atlético-MG, outro grande clube, uma torcida maravilhosa, que aprendi a gostar, respeitar, que me apoiava. Posso falar que dei muita sorte, por ter jogado em grandes times.

Como foi ser comandado por Muricy Ramalho?

Júnior: É um grande treinador, sem dúvida um dos melhores, aquele time do São Paulo deu liga enorme, time jogava junto, arrumado, conquistamos tudo o que podíamos. Ganhar três vezes seguida o Brasileiro é uma coisa enorme, difícil. É um treinador excelente, orgulho de ter trabalhado com ele. Foram quatro anos maravilhosos em minha vida. Aqui no Brasil, só tive felicidade, principalmente no começo, no Palmeiras e também no São Paulo.

Como você está vendo o momento vivido pelo futebol de Minas Gerais?

Júnior: Complicado. O Atlético deu uma melhorada agora, se distanciou um pouco das últimas colocações, não merece cair, o trabalho é sério lá, tem bons jogadores, o Cuca é uma boa pessoa. O Cruzeiro se complicou. Todo mundo pensava no Cruzeiro como favorito ao título e, de repente, perdeu jogadores importantes, a base enfraqueceu e agora está brigando para não cair. Vai precisar de muita força para dar a volta por cima. E o América vem lutando como pode, é difícil quando sobe da Segunda Divisão, mas fez bons jogos, honrou o time vencendo adversários bons como Vasco, Fluminense, mas é difícil não ser rebaixado. É preciso torcer para uma melhora do futebol daqui.