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Palmeiras mantém aposta de resgate dos ídolos do passado, mas vê política fracassar

Luiza Oliveira

Em São Paulo

08/11/2011 05h53

Os tempos áureos da era Parmalat e a conquista do último título de expressão no Paulistão de 2008 não estão apenas na memória do torcedor ou na sala de troféus do Palmeiras. O clube ainda se prende ao passado e aposta no resgate dos ídolos para que os bons momentos se repitam. Mas ainda não teve sucesso e vê sua política fracassar.

O RETORNO DOS ÍDOLOS NO PALESTRA

  • LEVI BIANCO/NEWS FREE

    César Sampaio foi o último ídolo a voltar ao Palmeiras. Ele assumiu como gerente de futebol

  • Arquivo

    Parceiros desde 1999, Felipão e Galeano se reencontraram no clube. O ex-atleta é supervisor

  • Fabio Braga/Folhapress

    Valdivia e Kleber fazem parte da história recente, mas também representam ícones resgatados

Depois da gestão Luiz Gonzaga Belluzzo, o presidente Arnaldo Tirone tenta abraçar novamente os personagens que fizeram história. A chegada mais recente foi a de César Sampaio, campeão da Libertadores em 1999, para assumir como gerente de futebol.

Antes do ex-meio campista da seleção brasileira, a diretoria ainda sondou José Carlos Brunoro e Paulo Angioni que fizeram parte da diretoria durante os anos 90, marcada pela parceria com a Parmalat, que teve ainda o bicampeonato brasileiro em 1993 e 1994.

Apenas na atual cúpula e comissão técnica, já são três ídolos que participaram do título mais importante do clube: além de Sampaio, o técnico Luiz Felipe Scolari e o supervisor Galeano. No elenco, ainda está o goleiro Marcos que encerra a carreira no fim do ano.

O resgate começou na gestão de Belluzzo que fez todos os esforços possíveis para contratar novamente o meia Valdivia e o atacante Kleber. Os dois foram os heróis da conquista do Paulistão de 2008.

No entanto, o sucesso no passado não dá qualquer garantia de bons frutos no presente. A crise do Palmeiras é prova disso. Todos os símbolos ainda vivem das glórias de décadas que não voltam mais e ainda não mostraram resultados que justifiquem suas presenças.

O último título de expressão de Felipão tem quase dez anos, desde que foi campeão da Copa do Mundo da Alemanha com a seleção brasileira, em 2002. Depois, fez apenas um bom trabalho com a seleção de Portugal, teve uma passagem questionada pelo Chelsea, da Inglaterra, e passou pelo desconhecido Bunyodkor, do Uzbequistão.

Valdivia e Kleber também servem como exemplos de quem não conseguiu repetir os feitos. O meia chileno ainda sofre com as lesões desde seu retorno na metade de 2010. Já o Gladiador viveu longa má fase e jejum de gols, além de protagonizar as maiores crises do ano que culminaram em seu afastamento.

Os dois comprovaram ser um mau negócio após um investimento milionário que sacrificou os cofres do clube durante todo o ano. Até hoje, o Palmeiras não conseguiu bancar o empréstimo feito junto ao Banif de 6,25 milhões de euros (cerca de R$ 14,3 milhões) para trazer o Mago.

Se o investimento é alto pelos jogadores, quem está fora dos campos também precisa mostrar a que veio. César Sampaio tem curta experiência como dirigente e foi considerado um dos responsáveis pela queda do Rio Claro no Paulistão. Há mais tempo no clube, Galeano ainda não conseguiu impor sua filosofia e tem poderes reduzidos porque perdeu uma queda de braço com o vice de futebol Roberto Frizzo.

Sampaio admite a dificuldade da nova função, mas nega qualquer arrependimento por causa do mal momento do time. “Não me arrependo de ter assumido esse desafio e desde o dia em que assumi, já me coloco no mesmo patamar que os demais profissionais do clube por já fazer parte de tudo o que acontecendo. Nesse momento, só nos resta readquirir a confiança do grupo, que foi perdida em razão dos últimos resultados negativos. Só assim vamos sair dessa situação”, disse.