Contratações 'desastrosas' marcam temporada dos rivais Atlético e Cruzeiro
A campanha ruim no Campeonato Brasileiro, quando lutaram até a reta final contra o rebaixamento e terminaram na 15ª e 16ª posições, respectivamente, não foi o único ponto comum entre Atlético-MG e Cruzeiro. Os dois rivais adotaram política semelhante de contratações para esta temporada e apostaram na quantidade e em alguns ‘medalhões’ que, na maioria dos casos, não renderam o esperado.
Mais do que não fazer gols ao longo dos quase dez meses em que esteve no Atlético, Guilherme pouco jogou, sofreu com três lesões musculares e viu o torcedor encarar, com desconfiança sua contratação, por ter sido revelado pelo arquirrival Cruzeiro. Segundo o Datafolha, o atleta finalizou 27 vezes, sendo 17 erradas e tendo dado apenas duas assistências para gols.
Prática comum no Atlético nos últimos anos, quando tem montado e desmontado o time a cada temporada, o Cruzeiro também utilizou procedimento parecido. E esse comportamento comum, além de ajudar a explicar as más campanhas, gerou outros problemas que também se refletiram nas colocações finais de ambos, como a indefinição de um time titular, jogadores importantes fora de forma e muitas contusões.
O Atlético optou em repetir o que já havia feito em 2010, quando contratou 22 reforços, e foi às compras durante todo o ano. Ao todo, 23 atletas chegaram em 2011. Porém, assim como ocorreu na temporada anterior, a mudança de elenco, que acabou sendo formado apenas em setembro, não surtiu efeito e o time sucumbiu com resultados ruins.
Ao longo do ano, a diretoria atleticana foi anunciando os reforços, ressaltando uma mudança de mentalidade do clube, com jogadores importantes e campeões. Porém, o currículo dos atletas não rendeu boas atuações da grande maioria, tanto, que dos 23 reforços, apenas cinco estiveram em campo na última rodada, quando a expectativa era que o alvinegro rebaixasse o Cruzeiro para a Série B, mas acabou goleado por 6 a 1: Carlos César, Leonardo Silva, Richarlyson, Pierre e André.
A maior frustração do lado atleticano foi com o atacante Guilherme. Apresentado no dia do aniversário de 103 anos do clube, o jogador, que não teve boa passagem por Ucrânia e Rússia, foi a contratação mais cara da história do futebol mineiro: 6 milhões de euros. Em campo, o retorno ficou ao investimento ficou longe do esperado, com apenas 16 jogos, 11 como titular, e dois gols marcados.
Segunda contratação mais cara do Atlético-MG em 2011, Dudu Cearense esteve em campo apenas 13 vezes, quando fez três gols e levou oito amarelos. Ele conviveu com problemas físicos, dificuldade de adaptação ao futebol brasileiro e não rendeu. Abusou das faltas, 25, realizou 77 desarmes e finalizou 10 vezes, sendo apenas quatro certas.
Outra decepção foi o volante Dudu Cearense. Contratado após longo período no futebol da Grécia, o jogador foi apresentado como exemplo a ser seguido, pelos títulos na carreira. Porém, em campo, o jogador amargou problemas físicos, cartões amarelos em excesso, contusões e pouca sequência de jogos.
O experiente Mancini voltou ao Atlético após quase nove anos na Itália. Chegou afirmando que queria ser protagonista novamente com a camisa atleticana, mas depois de ganhar chances com Dorival Júnior, no começo da temporada, não se firmou e perdeu espaço. O atleta fez 29 jogos, marcou três gols, mas mostrou deficiência física, além de conviver, fora de campo, com condenação na Itália, por estupro contra uma modelo brasileira.
Outras contratações menos badaladas e que chegaram para compor o elenco também não se firmaram. Foram os casos dos laterais Patric e Guilherme Santos, já que o primeiro foi emprestado e o segundo afastado. O zagueiro Luiz Eduardo entrou no segundo tempo de um jogo, o volante Toró foi afastado por Cuca, os meias Wesley e Caio não tiveram bom rendimento, com o segundo indo para a Ponte Preta.
No ataque, Jônatas Obina não repetiu o destaque conquistado no Campeonato Mineiro, quando foi vice-artilheiro pelo América de Teófilo Otoni, e Marquinhos Cambalhota, contratado por indicação do diretor de futebol, Eduardo Maluf, conviveu com lesões, ficou de fora dos gramados grande parte da temporada e marcou apenas um gol em três jogos, nos quais entrou sempre no segundo tempo.
Decepção também na Toca
No Cruzeiro, a história também não foi diferente. O atacante Keirrison, por exemplo, veio emprestado no início de agosto, cercado de grande expectativa, mas atuou em apenas oito jogos e marcou um gol. Sem espaço, nas últimas partidas não estava nem sendo relacionado. Fora dos planos para 2012, na última semana de treinos, sofreu lesão no joelho direito e terá que fazer uma cirurgia, devendo ficar afastado do futebol por seis meses.
Vitor, que foi emprestado pelo Palmeiras, chegou ao Cruzeiro em abril, e participou de 22 partidas, 21 delas pelo Brasileiro. O Datafolha informa que o lateral errou 38 dos 45 cruzamentos tentados, além de ter perdido 59 bolas, 2,8 em média, por partida.
No brasileiro, o atacante atuou em 10 jogos, sendo dois pelo Santos, ainda no início da temporada. De acordo com estatísticas da Datafolha o jogador finalizou apenas cinco vezes, e marcou dois gols, um por cada time. Ele ainda foi pego três vezes em impedimento e fez apenas uma assistência. Ainda de acordo com os dados da Datafolha, o atacante fez três cruzamentos, todos errados.
Outros exemplos de contratações que não vingaram foram do lateral-direito Vítor e dos também atacantes Bobô, Brandão e Reis, sendo que os dois últimos nem mais estão no elenco celeste. O Reis foi para o Bahia e o Brandão disputou o restante do Brasileiro pelo Grêmio.
Bobô entrou em seis jogos e marcou um gol. O jogador que está no Cruzeiro desde agosto de 2011, também não se encaixou na equipe. De acordo com dados da Datafolha, o jogador finalizou 10 vezes, mas sete erradas, com um gol na competição nacional.
O presidente eleito do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, explicou que o clube não investiu dinheiro nessas contratações. “Vieram para o clube sem custo, mas não renderam o que a gente esperava”, observou o dirigente, lembrando que eles foram emprestados.
De acordo com Gilvan, os atletas que vêm de fora levam algum tempo para se adaptar no futebol. “Todos eles tinham nome, o Bobô chegou como um artilheiro. O Keirrison todos queriam, acabaram não deslanchando, a gente tinha esperança que iria deslanchar”, ressaltou.
TOSTÃO DIZ QUE ENCONTRAR BONS JOGADORES PARA CONTRATAR É UMA ARTE
"Esse é um erro frequente não só no Cruzeiro, como Atlético, e no Brasil. Às vezes não é erro, acontece de o jogador não dar certo. Muitas contratações não dão certo por erro de avaliação, poucos têm esse conhecimento para fazer esse tipo de avaliação. Os empresários também ganharam muito espaço no clube e influenciam na contratação. O Atlético contratou uns 570 jogadores nos últimos anos e a maioria não deu certo".
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