Herói em 2006, Gabiru remói mágoas e é lado obscuro do mundial do Inter
Jeremias Wernek
Em Porto Alegre
18/12/2011 06h01
Há cinco anos, Adriano Gabiru fez a coisa mais significativa de sua carreira, agora à beira do fim. Foi dele, então com a camisa 16, o gol do Internacional em cima do Barcelona, em Yokohama, no Japão. O golpe de perna direita, na saída de Valdés, rendeu a maior conquista do colorado. Mas não foi capaz de alterar o rumo do meia.
Sessenta meses depois da partida épica no Oriente, do gostinho de ídolo, Adriano Gabiru remói a passagem pelo Beira-Rio. O que ele fez, deixou de fazer e como acabou saindo do Inter. Por tudo isso, o artilheiro virou o lado obscuro do título mais célebre do clube gaúcho.
Em Curitiba, aos 34 anos e esperando por uma proposta para voltar a jogar futebol, Gabiru alterna as boas e más lembranças do tempo em que vestia vermelho. “Me sinto feliz, é muito bom saber que fiz parte daquilo”, comenta para logo em seguida mudar de tom. “Eu não fico sonhando com aquele jogo, não. Lembro, mas tenho que tocar a vida em frente”.
“O Inter esqueceu de mim, então não posso depender dele. Tenho que seguir a minha vida”, dispara.
A mágoa de Gabiru não é novidade. E muito menos a história para que ela viesse à tona. Se antes da partida com o Barcelona ele não era unanimidade, o chute no Japão não mudou quase nada. Seis meses após o título, ele foi emprestado. Rodou por Figueirense, Sport e Goiás. Depois foi parar no Mixto, do Mato Grosso, e por fim esteve no Corinthians-PR.
E para o Inter, nem coube fazer muita coisa diferente. Adriano não se viabilizou, oscilou muito de produção. Não teve nem carisma para que a torcida se identificasse. Hoje em dia, todos os colorados irão aplaudir Gabiru. Vão agradecer. Mas na hierarquia de ídolo, Fernandão e Iarley, por exemplo, estão bem mais acima.
Nas primeiras festas de celebração pelo título mundial, o Inter convocou Adriano Gabiru para se fazer presente. Até por ele ainda ter contrato com o clube. Neste ano, nada disso. Os festejos, inclusive, serão com menos pompa e circunstância.
O Beira-Rio vai fazer festa, evidente. Mas de forma moderada. Com atividades lúdicas à tarde para as crianças, no gramado principal, e foguetório à noite. Nada de coquetel ou jantar de luxo.
“Não sei como vai ser o futuro, mas pouca coisa vai mudar”, prevê o jogador. E de fato, décadas e mais décadas irão passar e Adriano Gabiru vai ser lembrado como o autor do gol do título mundial. Mas não como ídolo. E será tido como o artilheiro mais atípico de uma conquista deste porte.