Brasileiro relata rotina de concentração contra homem-bomba e torcida armada na Tchetchênia
Foram apenas sete partidas e um gol pelo Terek Grozny, mas o brasileiro Ewerthon viveu experiências inesquecíveis em seus poucos meses no clube da região russa da Tchetchênia. O ex-atacante de Corinthians e Palmeiras acertou na última semana a rescisão de contrato, que iria até julho deste ano, deixando para trás uma rotina marcada pela ameaça armada no ar.
FUTEBOL NA TCHETCHÊNIA
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Soldados da Tchetchênia caminham pelas ruas de Grozny antes de jogo com ex-jogadores da seleção
Holandês Ruud Gullit teve rápida passagem pelo Terek Grozny, mas foi demitido por falta de vitórias
Ewerthon chegou ao Terek Grozny em agosto de 2011 e enfrentou situações extremas na região separatista da Rússia, que vive tensão com o governo de Moscou desde que declarou sua independência nos anos 90, em relacionamento marcado por incidentes violentos.
O brasileiro diz ter testemunhado coisas como ver torcedores de seu time portando armas na arquibancada, por exemplo. O alto aparato de segurança na concentração da equipe, preparado contra possíveis atentados terroristas com homem-bomba, também assustou o atacante de 30 anos.
Atualmente Ewerthon está na Espanha e analisa ofertas para definir seu futuro profissional para 2012. Confira abaixo a entrevista com o jogador brasileiro:
UOL Esporte: Como surgiu essa oportunidade de jogar em um lugar como Grozny?
Ewerthon: Em agosto do ano passado, um empresário da Espanha me ligou dizendo que tinha uma proposta do futebol russo. Analisei e financeiramente era muito boa. Além disso, eu via que o futebol russo estava crescendo e o Terek era um clube que estava investindo.
UOL Esporte: Você diz ter vivido situações inusitadas em Grozny. Como era sua vida na cidade?
Ewerthon: Na verdade os jogadores não vivem em Grozny. Morávamos numa pequena cidade da Rússia, chamada Kislovodsk, que é tranquila para morar, embora não tenha muita coisa para fazer. Nos dias de jogos, viajávamos 5 horas de ônibus até Grozny.
UOL Esporte: Dizem que essa região tem um clima pesado, com gente portando armas nas ruas. Isso é verdade mesmo?
Ewerthon: É verdade, isso acontece realmente. Algumas pessoas, inclusive, assistem aos jogos armadas. Além disso, é um lugar em que a qualquer momento pode acontecer um atentado. Nós nos concentrávamos em um hotel com barreiras dos dois lados e gente com fuzil para evitar a entrada de homens-bomba.
UOL Esporte: O líder tchetcheno Ramzan Kadyrov gosta muito de futebol. Você teve contato com ele por lá?
Ewerthon: Eu não tive muito contato com ele, eu o via somente nas visitas que ele fazia ao grupo. Ele é uma pessoa que gosta muito de futebol, mas presenciei algumas coisas que fogem do que estamos acostumados no futebol profissional. Nos treinos ele chegava e tínhamos que parar as atividades para ele ficar chutando bolas no gol. Houve uma vez também em que ele entrou no vestiário e determinou que alguns jogadores iriam sair da equipe para entrarem jogadores tchetchenos.
UOL Esporte: Qual sua projeção profissional para 2012? Tem ofertas de clubes brasileiros?
Ewerthon: Estou na Europa nesse momento analisando algumas possibilidades. Não necessariamente ficarei por aqui, mas acredito que até o final dessa semana devo definir o meu futuro.
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