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Comitê volta atrás e diz que não recomendará expulsão de ex-diretores do Palmeiras por desvio

Antônio Carlos Corcione, à esquerda, é um dos investigados por Comissão - Adriano Vizoni/Folhapress
Antônio Carlos Corcione, à esquerda, é um dos investigados por Comissão Imagem: Adriano Vizoni/Folhapress

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

06/03/2012 11h00

A comissão que investiga os quase R$ 300 mil que não entraram nas contas do Palmeiras definiu que, até o fim desta semana, entregará o relatório final para José Vergamini, presidente do Conselho Deliberativo. Segundo o líder do grupo que investiga as denúncias, Seraphim del Grande, o parecer do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) de indicar que a verba não foi contabilizada será mantido.

Já a decisão de expulsar os investigados no caso, Antônio Carlos Corcione, Francisco Busico e Pedro Renzo do quadro de sócios ficará nas mãos do Conselho e não terá nenhuma participação do grupo, fato que contradiz o que o próprio Del Grande havia afirmado em janeiro, quando disse que pediria a expulsão dos conselheiros. 

ENTENDA O CASO DO SUMIÇO DE R$ 300 MIL

Setembro/2010Palmeiras ganha ação de R$ 1,4 milhão e paga 20% de honorários para advogado responsável pela ação. Renzo resgata o dinheiro, e Busico assina protocolo
Outubro/2010Renzo deposita o dinheiro na conta própria, por causa de greve que impedia que conta do clube fosse aberta na Caixa Econômica Federal
Outubro/2010Palmeiras tem conta aberta na Caixa, e apenas cerca de R$ 880 mil são depositados. Corcione e Renzo alegam que R$ 30 mil foram usados para escritório que ajudou clube na ação
Janeiro/2011Arnaldo Tirone ganha eleição. Grupo assume Conselho e começa a fazer varredura, identificando rombo de R$ 260 mil nas contas do clube
Outubro/2011COF finaliza investigações, ouvindo Corcione, Busico e Renzo. Relatório indica que agentes da Receita estiveram no clube para cobrar impostos atrasados e também que verba não apareceu na conta de nenhum dos acusados.
Janeiro/2012Seraphim del Grande vira presidente de sindicância no Conselho, investiga caso e diz que ex-diretores podem ser expulsos do quadro de sócios. Conselheiro ainda quer ouvir novas testemunhas para tomar decisão.

“Vamos entregar até a sexta-feira o relatório final do caso do sumiço de R$ 300 mil e vamos manter o parecer do COF. Vamos acatar a conclusão de que a verba sumiu, mas não vamos expulsar ninguém. Isso vai ficar nas mãos do Conselho”, disse Del Grande, mudando seu discurso inicial após ser pressionado pelo trio por causa de uma ação na Justiça que serve para provar a inocência deles. "A decisão final só sai depois de correr tudo na Justiça comum".


Todas as testemunhas já foram ouvidas. Depois de concluído, cabe ao Conselho dizer se acatará ou não o relatório final. Por isso, a conclusão tem apenas o teor de recomendação. Seraphim Del Grande não quis revelar o conteúdo das respostas das testemunhas e nem citar se a tese levantada pelo COF, de suborno a fiscais federais, foi comentada.

Como revelou o UOL Esporte no dia 26 de janeiro deste ano, o relatório do COF cita a presença de fiscais da Receita Federal e que, no dia seguinte, vales foram colocados no caixa do clube. Um conselheiro do clube teria desembolsado a quantia de quase R$ 300 mil para que fiscais ignorassem as dívidas do clube e, em seguida, teria descontado a verba do caixa para reaver seu dinheiro.
 


O problema é que, assim como em casos de mala branca, não há como o clube registrar esse tipo de movimentação financeira.

Antônio Carlos Corcione e Francisco Busico, ouvidos pela reportagem, negaram qualquer tipo de possibilidade de suborno a fiscais. Corcione ainda disse que seus sigilos fiscal e bancário estão à disposição da comissão. Já Busico reitera que o relatório do COF o isenta no caso, mas pede uma punição pela assinatura do protocolo sem ter verificado a existência da verba. O Palmeiras também emitiu nota para dizer que essa prática de subornar fiscais não é adotada no clube. 

Conselheiro quer que renovação de Deola seja investigada

Seraphim ainda vai além e pede a investigação do caso da renovação de Deola. Como divulgou o Blog do Perrone em junho do ano passado, o Palmeiras pagou R$ 330 mil para uma empresa de ex-sócio do clube e ignorou a prática do mercado de não pagar comissão a empresário em caso de renovação.


"Sei que já acataram a minha decisão de investigar porque o Palmeiras pagou quase R$ 350 mil para renovar com Deola". O goleiro já comentou o caso internamente e disse não ter relação com nenhum empresário. “Pelo que conversamos com Deola, ele nunca teve empresário, nunca teve agência para intermediar as suas negociações e assinou o documento sem saber o que estava fazendo”. 

A pressão política para que medidas sejam tomadas tanto no caso do "sumiço" de dinheiro quanto no da renovação de Deola é grande, assim como conselheiros pressionam para que Marco Polo Del Nero, presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol) e conselheiro vitalício do Palmeiras, seja retirado do quadro por ter cantado o hino do Corinthians e ter dito que torceria por arquirrival no Brasileirão do ano passado.

O diretor jurídico Piraci Oliveira também é alvo de investigação pela multa dobrada no caso da rescisão do ex-atacante Ewerthon. O pagamento atrasado, segundo o contrato, fez a rescisão que era de R$ 600 mil valer R$ 1,2 milhão. Ele nega esse aumento. 

A RENOVAÇÃO DE DEOLA CUSTOU CARO

  • Conselheiro quer saber o motivo do pagamento de comissão para empresário de goleiro