'Limpa' há um mês, ex-atleta do Santos trava luta contra o crack e celebra nova chance

Bebel usa a expressão “matar um leão por dia” para definir os mais de 30 dias longe das drogas. Ela esteve presa em fevereiro acusada de furto qualificado. O crack foi o combustível para o acesso ao caminho desvirtuado. A jogadora trata como um título cada dia sem droga, se diz fortalecida diante do risco de recaída e celebra nova chance no futebol.

A meio-campista de 23 anos, que era atleta do Santos, está prestes a assinar contrato com o Juventus. Além do recomeço no futebol, uma clínica de reabilitação se ofereceu para tratar Bebel gratuitamente.

Em entrevista ao UOL Esporte, a jogadora relata o período em que esteve detida e conta que a reabilitação em uma clínica especializada será de extrema importância.

“Para mim é um recomeço pessoal. Estou matando um leão por dia. Estou há mais de um mês sem crack. Você não tem noção de como é difícil. Vontade dá, meu corpo sente falta. É a sensação que dá. Mas estou forte, segura. As pessoas estão me ajudando e não eu vou desapontá-las. Estou ansiosa e feliz para voltar a jogar o mais rápido possível”, declarou.

UOL Esporte – Como a droga entrou na sua vida?

Bebel - Por pura curiosidade. Não foi por depressão ou por perda de algum familiar. Foi mesmo por curiosidade, faz muito tempo

UOL Esporte – E como está sendo esse processo de reabilitação?

Bebel – Eu estou muito forte, principalmente porque estou perto de pessoas que não usam drogas. A gente não consegue nada sem batalhar. E quando assumi meu problema ganhei força e apoio de muitas pessoas. Estou há mais de um mês sem usar nada. Não vejo a hora de voltar a jogar futebol, coisa que sempre amei.

UOL Esporte – Como foi o período em que esteve presa?

Bebel – Foi horrível, traumatizante. As presas sabiam que eu era uma jogadora de futebol. Eu sabia que ali não era meu lugar. Eu nunca roubei [ela foi acusada de furto qualificado, em que teria participado com o namorado em tentativa de furto de veículo]. Tinha sim problemas com drogas. Mas vou me tratar porque quero voltar a jogar e ajudar pessoas.

UOL Esporte – Você chegou a ser dispensada no Santos devido ao uso de crack. A droga te afetou no desempenho em campo?

Bebel – Mesmo tendo enfrentado grande problema, eu nunca deixei que meu rendimento em campo fosse prejudicado. Nunca usei antes de jogar. Mas eu fiquei mal. Não sabia quem eu era no Santos. Fiquei magra como um palito.

UOL Esporte – Você recebeu convite de uma clínica de reabilitação e está tendo nova oportunidade no futebol. Como avalia esse recomeço?

Bebel – Eu não pensei duas vezes em aceitar essa internação. Vejo a droga como uma doença, que precisa de remédio e tratamento. Para mim será uma honra jogar no Juventus, onde comecei quando tinha 8 anos.

UOL Esporte – Você pretende servir de exemplo a dependentes químicos?

Bebel – Quero passar a todos que mesmo no fim do túnel ainda tem uma luzinha te chamando para o bem. Cabe a cada um ter força para alcançar essa luz. Eu vou atrás do meu sucesso no futebol.