Goleiro do gol mil de Pelé declara inocência e nega ter participado de mortes na ditadura
O goleiro argentino Andrada ficou conhecido no Brasil após sofrer o milésimo gol de Pelé. Em seu país, foi ídolo da seleção e do Rosário Central, mas hoje o próprio clube lhe deu as costas após ver o ex-goleiro ser acusado de participar das mortes de Osvaldo Cambiasso e Eduardo Pereira Rossi, militantes durante o regime que tomou conta da argentina entre 1976 e 1983.
Aos 73 anos, El Gato, como era conhecido, aguarda a definição do processo em liberdade e se diz inocente. “Vinte e oito anos atrás, se eu entrasse em algum lugar público, certamente muito mais pessoas notariam a minha presença”, afirmou o goleiro em entrevista ao SporTV News.
A alegação de Andrada é que ele era uma figura conhecida e que jamais poderia passar despercebido em uma situação como esta. No entanto, a advogada da família Cambiasso, Ana Oberlim, faz uma ressalva e lembra que “naquela época, a maioria das partidas era transmitida pelo rádio. As pessoas não tinham televisão. A imagem do Andrada não era tão conhecida, sua imagem física”.
A imagem de ídolo já não é mais a mesma e piorou ainda mais quando um cartaz com sua foto, endereço e uma inscrição - “Castigo aos assassinos do povo!” – foi divulgado após as acusações virem à tona por meio de um torturador confesso do governo militar.
Prova disso é que até mesmo seu antigo clube lhe fechou as portas. Andrada era treinador das categorias de base do Rosário Central e foi convidado a se demitir, uma vez que a entidade não queria prejudicar sua imagem.
O juiz Carlos Ruso já considerou as provas contra o ex-goleiro insuficientes, porém a promotoria apelou para a Câmara Federal de Rosário que pode rever a decisão.
“Me incomoda, sim, porque não é verdade. Mas não importa, tenho que esperar. A vida é assim. Quando você se descuida um pouquinho, o mundo desaba na sua cabeça. Eu sou inocente. Pode levar o tempo que leve. Se tudo correr bem e a inocência prevalecer, eu estarei aqui”, desabafou Andrada.
El Gato foi o goleiro do Rosário Central de 1960 a 1969. Neste último ano, foi contratado pelo Vasco da Gama, em que ficou por sete anos. Neste período, ele tomou o milésimo gol do santista Pelé, de pênalti, em 19 de novembro de 1969.
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