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Palmeiras adia a definição sobre o sumiço dos R$ 290 mil das contas do clube

Antônio Carlos Corcione, à esquerda, participou do comitê gestor de Salvador Palaia - Adriano Vizoni/Folhapress
Antônio Carlos Corcione, à esquerda, participou do comitê gestor de Salvador Palaia Imagem: Adriano Vizoni/Folhapress

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

28/03/2012 14h38

O Conselho Deliberativo do Palmeiras preferiu adiar a decisão que tomará em relação ao sumiço dos R$ 290 mil das contas do clube, em 2010. A sindicância havia sido marcada para a última segunda-feira após duas comissões analisarem o caso. Na hora da votação de todos os conselheiros, no entanto, ficou decidido que não haveria tempo hábil para o veredicto.

O COF (Conselho de Orientação Fiscal) foi o primeiro a analisar o caso. O UOL Esporte teve acesso ao relatório em janeiro. O órgão que tem o poder de orientar e fiscalizar o presidente levantou a suspeita de que a verba poderia ter sido desviada para pagamento de suborno fiscal. No entanto, o Palmeiras emitiu nota contrariando o relatório feito pelos seus próprios conselheiros, dizendo que essa prática nunca foi vista no clube.

OUTRAS SINDICÂNCIAS

A reunião de segunda-feira ainda serviria para analisar o caso do conselheiro José Corona, que discutiu ao vivo com Arnaldo Tirone em uma rádio e ofendeu Roberto Frizzo. Outro caso que seria votado é o do associado Joca Mani, famoso pela "Lista da Galera Esmeraldina", que circula na internet com palavras fortes e acusações de problemas internos. Ele já teve problemas com nomes como Arnaldo Tirone, Carlos Degon, Wlademir Pescarmona e poderia ser expulso do clube

Após a reunião de segunda-feira, vários conselheiros que tiveram acesso aos relatórios e conversaram com as pessoas que participaram dos interrogatórios relataram à reportagem que o suborno segue como a principal suspeita.

Assim como já havia dito o UOL Esporte, fiscais foram cobrar impostos atrasados pessoalmente no clube, quando o então presidente, Luiz Gonzaga Belluzzo, estava internado no hospital, e Salvador Hugo Palaia era o presidente interino. No dia seguinte a visita, cinco comprovantes de recebimento adiantados (tratados como "vales no relatório) de R$ 50 mil apareceram no caixa.

O restante para completar a verba foi usada para pagar honorários de um advogado. O recibo deste escritório também estão anexados no processo.

Esses R$ 290 mil pertencem a R$ 1,1 milhão de uma conta destinada a valores discutidos na Justiça e que tiveram o Palmeiras como vencedor. Autorizado pelo clube, Pedro Renzo, sócio do clube, fez o resgate e depois repassou ao clube.

O entrave começa aí. O diretor financeiro da época, Franciso Busico, protocolou o recebimento da verba em sua forma integral e entregou documentos para Antônio Carlos Corcione e Pedro Renzo, membros do departamento jurídico daquela época. Os três estão envolvidos e poderiam perder se retirados do quadro de associados caso essa fosse a decisão do Conselho na segunda-feira.

OXIGENAÇÃO DO CONSELHO

O encontro ainda poderia eleger novos conselheiros vitalícios, o que faz o poder do clube ficar ainda mais concentrado nas mãos das mesmas pessoas. Na segunda-feira, nenhum dos 15 candidatos conseguiu a quantidade suficiente de votos e o Conselho terá mais chance de ser renovado com novas ideias

Em contato com a reportagem, Busico e Corcione lamentam a bagunça contábil que o Palmeiras têm há anos e disseram que não tem a menor preocupação com o caso, já que fizeram o tudo o que era esperado, depositando o dinheiro e protocolando o dinheiro.

Eles também negam a possibilidade de suborno fiscal. Renzo move processo na Justiça para provar sua inocência no caso. Corcione ainda deixou à disposição do clube seu sigilo fiscal e bancário.

Agora, o Conselho do Palmeiras deve marcar uma nova reunião para decidir qual será o veredicto. Em 30 dias, o encontro deve ser definido. 

ENTENDA O CASO DO SUMIÇO DE R$ 300 MIL

Setembro/2010Palmeiras ganha ação de R$ 1,4 milhão e paga 20% de honorários para advogado responsável pela ação. Renzo resgata o dinheiro, e Busico assina protocolo
Outubro/2010Renzo deposita o dinheiro na conta própria, por causa de greve que impedia que conta do clube fosse aberta na Caixa Econômica Federal
Outubro/2010Palmeiras tem conta aberta na Caixa, e apenas cerca de R$ 880 mil são depositados. Corcione e Renzo alegam que R$ 30 mil foram usados para escritório que ajudou clube na ação
Janeiro/2011Arnaldo Tirone ganha eleição. Grupo assume Conselho e começa a fazer varredura, identificando rombo de R$ 260 mil nas contas do clube
Outubro/2011COF finaliza investigações, ouvindo Corcione, Busico e Renzo. Relatório indica que agentes da Receita estiveram no clube para cobrar impostos atrasados e também que verba não apareceu na conta de nenhum dos acusados.
Janeiro/2012Seraphim del Grande vira presidente de sindicância no Conselho, investiga caso e diz que ex-diretores podem ser expulsos do quadro de sócios. Conselheiro ainda quer ouvir novas testemunhas para tomar decisão.
Março/2012Terminada a análise de Seraphim del Grande e do COF, caso iria para o Conselho, no último dia 26. Votação, no entanto, foi adiada.