Conselheiros do Palmeiras são convocados pela Receita para explicar possível suborno a fiscais
A Corregedoria da Receita Federal investiga suposto suborno de fiscais por parte de dirigentes do Palmeiras. Quatro membros do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) foram convocados a comparecer no órgão e explicar suspeitas levantadas pelo relatório elaborado por quatro membros que fizeram as investigações do sumiço dos quase R$ 300 mil.
No COF, há relatos do ex-assessor da presidência e ex-diretor jurídico, Antônio Carlos Corcione, do ex-diretor financeiro Francisco Busico e do ex-membro do departamento jurídico Pedro Renzo. Além disso, há conversas com testemunhas que participavam das diretorias e também de ex-presidentes.
Foram chamados pela receita Alberto Strufaldi Neto, Gilto Avalone, Francisco Gervásio Primo e Emílio Acosella, os quatro que fizeram a investigação. Os depoimentos acontecerão segunda e terça.
A suspeita foi levantada com exclusividade pelo UOL Esporte, em janeiro. O Palmeiras, por meio de uma nota oficial, negou que alguma vez essa prática teria acontecido.
Segundo o relatório, fiscais foram cobrar impostos atrasados pessoalmente no clube, quando o então presidente, Luiz Gonzaga Belluzzo, estava internado no hospital, e Salvador Hugo Palaia era o presidente interino. No dia seguinte a visita, cinco comprovantes de recebimento adiantados (tratados como "vales no relatório") de R$ 50 mil apareceram no caixa.
O restante para completar a verba foi usada para pagar honorários de um advogado. O recibo deste escritório também estão anexados no processo.
Esses R$ 290 mil pertencem a R$ 1,1 milhão de uma conta destinada a valores discutidos na Justiça e que tiveram o Palmeiras como vencedor. Autorizado pelo clube, Pedro Renzo, sócio do clube, fez o resgate e depois repassou ao clube.
O entrave começa aí. O diretor financeiro da época, Franciso Busico, protocolou o recebimento da verba em sua forma integral e entregou documentos para Antônio Carlos Corcione e Pedro Renzo, membros do departamento jurídico daquela época. Os três estão envolvidos e poderiam perder se retirados do quadro de associados caso essa fosse a decisão do Conselho na segunda-feira.
Em contato com a reportagem, Busico e Corcione lamentam a bagunça contábil que o Palmeiras têm há anos e disseram que não têm a menor preocupação com o caso, já que fizeram o tudo o que era esperado, depositando o dinheiro e protocolando o dinheiro.
Eles também negam a possibilidade de suborno fiscal. Renzo move processo na Justiça para provar sua inocência no caso. Corcione ainda deixou à disposição do clube seu sigilo fiscal e bancário.
ENTENDA O CASO DO SUMIÇO DE R$ 300 MIL
Setembro/2010 | Palmeiras ganha ação de R$ 1,4 milhão e paga 20% de honorários para advogado responsável pela ação. Renzo resgata o dinheiro, e Busico assina protocolo |
Outubro/2010 | Renzo deposita o dinheiro na conta própria, por causa de greve que impedia que conta do clube fosse aberta na Caixa Econômica Federal |
Outubro/2010 | Palmeiras tem conta aberta na Caixa, e apenas cerca de R$ 880 mil são depositados. Corcione e Renzo alegam que R$ 30 mil foram usados para escritório que ajudou clube na ação |
Janeiro/2011 | Arnaldo Tirone ganha eleição. Grupo assume Conselho e começa a fazer varredura, identificando rombo de R$ 260 mil nas contas do clube |
Outubro/2011 | COF finaliza investigações, ouvindo Corcione, Busico e Renzo. Relatório indica que agentes da Receita estiveram no clube para cobrar impostos atrasados e também que verba não apareceu na conta de nenhum dos acusados. |
Janeiro/2012 | Seraphim del Grande vira presidente de sindicância no Conselho, investiga caso e diz que ex-diretores podem ser expulsos do quadro de sócios. Conselheiro ainda quer ouvir novas testemunhas para tomar decisão. |
Março/2012 | Terminada a análise de Seraphim del Grande e do COF, caso iria para o Conselho, no último dia 26. Votação, no entanto, foi adiada. |
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