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Conselheiros do Palmeiras são convocados pela Receita para explicar possível suborno a fiscais

Antônio Carlos Corcione, à esquerda, é um dos protagonistas do caso - Adriano Vizoni/Folhapress
Antônio Carlos Corcione, à esquerda, é um dos protagonistas do caso Imagem: Adriano Vizoni/Folhapress

Danilo Lavieri e Ricardo Perrone

Do UOL, em São Paulo

30/03/2012 06h00

A Corregedoria da Receita Federal investiga suposto suborno de fiscais por parte de dirigentes do Palmeiras. Quatro membros do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) foram convocados a comparecer no órgão e explicar suspeitas levantadas pelo relatório elaborado por quatro membros que fizeram as investigações do sumiço dos quase R$ 300 mil.

No COF, há relatos do ex-assessor da presidência e ex-diretor jurídico, Antônio Carlos Corcione, do ex-diretor financeiro Francisco Busico e do ex-membro do departamento jurídico Pedro Renzo. Além disso, há conversas com testemunhas que participavam das diretorias e também de ex-presidentes.

Foram chamados pela receita Alberto Strufaldi Neto, Gilto Avalone, Francisco Gervásio Primo e Emílio Acosella, os quatro que fizeram a investigação. Os depoimentos acontecerão segunda e terça.

A suspeita foi levantada com exclusividade pelo UOL Esporte, em janeiro. O Palmeiras, por meio de uma nota oficial, negou que alguma vez essa prática teria acontecido.

Segundo o relatório, fiscais foram cobrar impostos atrasados pessoalmente no clube, quando o então presidente, Luiz Gonzaga Belluzzo, estava internado no hospital, e Salvador Hugo Palaia era o presidente interino. No dia seguinte a visita, cinco comprovantes de recebimento adiantados (tratados como "vales no relatório") de R$ 50 mil apareceram no caixa.

O restante para completar a verba foi usada para pagar honorários de um advogado. O recibo deste escritório também estão anexados no processo.

Esses R$ 290 mil pertencem a R$ 1,1 milhão de uma conta destinada a valores discutidos na Justiça e que tiveram o Palmeiras como vencedor. Autorizado pelo clube, Pedro Renzo, sócio do clube, fez o resgate e depois repassou ao clube.

O entrave começa aí. O diretor financeiro da época, Franciso Busico, protocolou o recebimento da verba em sua forma integral e entregou documentos para Antônio Carlos Corcione e Pedro Renzo, membros do departamento jurídico daquela época. Os três estão envolvidos e poderiam perder se retirados do quadro de associados caso essa fosse a decisão do Conselho na segunda-feira.

Em contato com a reportagem, Busico e Corcione lamentam a bagunça contábil que o Palmeiras têm há anos e disseram que não têm a menor preocupação com o caso, já que fizeram o tudo o que era esperado, depositando o dinheiro e protocolando o dinheiro.

Eles também negam a possibilidade de suborno fiscal. Renzo move processo na Justiça para provar sua inocência no caso. Corcione ainda deixou à disposição do clube seu sigilo fiscal e bancário.

ENTENDA O CASO DO SUMIÇO DE R$ 300 MIL

Setembro/2010Palmeiras ganha ação de R$ 1,4 milhão e paga 20% de honorários para advogado responsável pela ação. Renzo resgata o dinheiro, e Busico assina protocolo
Outubro/2010Renzo deposita o dinheiro na conta própria, por causa de greve que impedia que conta do clube fosse aberta na Caixa Econômica Federal
Outubro/2010Palmeiras tem conta aberta na Caixa, e apenas cerca de R$ 880 mil são depositados. Corcione e Renzo alegam que R$ 30 mil foram usados para escritório que ajudou clube na ação
Janeiro/2011Arnaldo Tirone ganha eleição. Grupo assume Conselho e começa a fazer varredura, identificando rombo de R$ 260 mil nas contas do clube
Outubro/2011COF finaliza investigações, ouvindo Corcione, Busico e Renzo. Relatório indica que agentes da Receita estiveram no clube para cobrar impostos atrasados e também que verba não apareceu na conta de nenhum dos acusados.
Janeiro/2012Seraphim del Grande vira presidente de sindicância no Conselho, investiga caso e diz que ex-diretores podem ser expulsos do quadro de sócios. Conselheiro ainda quer ouvir novas testemunhas para tomar decisão.
Março/2012Terminada a análise de Seraphim del Grande e do COF, caso iria para o Conselho, no último dia 26. Votação, no entanto, foi adiada.