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Ex-assessor da presidência do Palmeiras ameça processar diretor jurídico por danos à imagem

Piraci de Oliveira, diretor jurídico, pode ser processado por Antônio Carlos Corcione - Danilo Lavieri/UOL Esporte
Piraci de Oliveira, diretor jurídico, pode ser processado por Antônio Carlos Corcione Imagem: Danilo Lavieri/UOL Esporte

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

31/03/2012 16h33

A investigação interna para saber o destino dos R$ 290 mil que não foram contabilizados nas contas do Palmeiras tem gerado atrito entre conselheiros.

Antônio Carlos Corcione, ex-diretor jurídico e ex-assessor da presidência, não gostou das declarações do atual diretor jurídico, Piraci de Oliveira, e ameaçou processá-lo caso sinta que sua imagem esteja sendo prejudicada.

Na sexta-feira, Piraci afirmou ao UOL Esporte que a possibilidade de que os R$ 290 mil tenham sido usados para subornar fiscais da Receita Federal era fantasia para desviar a sindicância que investiga a falha de contabilidade.

“Em nenhum momento falei que subornamos fiscais. Apenas relatei fatos para o COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) que aconteceram na minha gestão. Eles que tiraram conclusões de que seria suborno. O relatório é deles. Pelo contrário, assim que saiu essa notícia, fiz questão de negar essa possibilidade. Isso é gravíssimo. Essa acusação dele (Piraci) é coisa de mente doentia, de pessoa que trabalha em articulação com outros para prejudicar imagem de terceiros”, disse Corcione.

“Eu nunca vou processar o clube. Mas vou processar as pessoas que estão denegrindo a minha imagem se sentir necessidade. Todos os documentos estão à disposição do clube, inclusive meus sigilos bancário e financeiro. Até por isso, tenho certeza de que a Justiça comum vai nos dar razão e vai provar que o dinheiro está, sim, no clube”, completou.

A confusão ficou ainda maior porque Alberto Strufaldi Neto, Gilto Avalone, Francisco Gervásio Primo e Emílio Acosella, os quatro que fizeram as investigações no COF, foram chamados pela Corregedoria da Receita Federal para prestar esclarecimentos sobre a possibilidade de fiscais terem sido subornados.

Em 2010, o Palmeiras tinha R$ 1,1 milhão para sacar de uma conta após ganhar uma ação na Justiça. O montante foi resgatado por Pedro Renzo e protocolado como depositado no clube por Francisco Busico. Destes, foram contabilizados apenas cerca de R$ 900 mil. Os outros quase R$ 300 mil ainda não foram encontrados.

Pedro Renzo e Francisco Busico também negam a possibilidade de a verba ter sido usada para suborno a fiscais. Eles lamentam a bagunça contábil em que o Palmeiras se encontra. Renzo ainda move processo para provar sua idoneidade.  

ENTENDA O CASO DO SUMIÇO DE QUASE R$ 300 MIL

Setembro/2010Palmeiras ganha ação de R$ 1,4 milhão e paga 20% de honorários para advogado responsável pela ação. Renzo resgata o dinheiro, e Busico assina protocolo
Outubro/2010Renzo deposita o dinheiro em conta própria, por causa de greve que impedia que conta do clube fosse aberta na Caixa Econômica Federal
Outubro/2010Palmeiras tem conta aberta na Caixa, e apenas cerca de R$ 880 mil são depositados. Corcione e Renzo alegam que R$ 30 mil foram usados para escritório que ajudou clube na ação
Janeiro/2011Arnaldo Tirone ganha eleição. Grupo assume Conselho e começa a fazer varredura, identificando rombo de R$ 260 mil nas contas do clube
Outubro/2011COF finaliza investigações, ouvindo Corcione, Busico e Renzo. Relatório indica que agentes da Receita estiveram no clube para cobrar impostos atrasados e também que verba não apareceu na conta de nenhum dos acusados.
Janeiro/2012Seraphim del Grande vira presidente de sindicância no Conselho, investiga caso e diz que ex-diretores podem ser expulsos do quadro de sócios. Conselheiro ainda quer ouvir novas testemunhas para tomar decisão.
Março/2012Terminada a análise de Seraphim del Grande e do COF, caso iria para o Conselho, no último dia 26. Votação, no entanto, foi adiada
Abril/2012Conselheiros do Palmeiras são convocados pela Receita Federal para dar explicações sobre possível suborno a fiscais. Piraci diz que é fantasia, e Corcione ameça processá-lo