Clubes da elite admitem queda por técnicos medalhões, mas negam rejeição a novatos
Alguns dirigentes dos principais clubes brasileiros admitiram, mesmo que de maneira sutil, terem mesmo preferência pela contratação de técnicos veteranos, mas negam ter rejeição treinadores da nova geração, a maioria deles hoje fora da Série A.
O UOL Esporte mostrou que apenas seis dos 20 clubes da Série A apostam em técnicos que surgiram pelo menos na década passada, sendo que três deles (Gilson Kleina, da Ponte Preta, Jorginho, da Portuguesa, e Mazola Júnior, do Sport) estão hoje na elite porque subiram seus times na Série B do ano passado.
O Grêmio, que recentemente demitiu o novato Caio Júnior para a chegada do "medalhão" Vanderlei Luxemburgo, lembrou que já apostou em técnicos novos, mas que para seu projeto de voltar a ganhar um título importante é necessário um treinador mais gabaritado.
"O Grêmio sempre apostou [em novatos], apostou no Felipão, no Tite, no Mano Menezes. Apostamos no Caio, mas infelizmente, a equipe não andava e procuramos um treinador experiente, aí teve essa mudança. Queremos o Grêmio ano que vem na Libertadores e fomos procurar um técnico com experiência e bagagem. Exceção feita ao Atlético-MG [em 2010], o Vanderlei sempre colocou seus times na Libertadores", falou o vice de futebol, Paulo Pelaipe.
COMPARE O BRASIL COM OUTRAS LIGAS
País | Tempo médio de carreira do técnico | Nº de técnicos novatos |
Brasil | 16,05 | 6 |
Inglaterra | 15,95 | 8 |
Itália | 15,2 | 10 |
Espanha | 14,89 | 8 |
Argentina | 13,55 | 8 |
Alemanha | 12,9 | 11 |
"Existe sim menos paciência com o treinador jovem. Isso é uma realidade. Não tem como fugir dessa realidade, até a própria imprensa pega mais leve com quem tem mais experiência. Mas sempre apostamos em jovens, como Vágner Mancini, Silas e o Caio. Torço para ele ir bem, gostamos muito dele como pessoa", continuou.
O São Paulo foi outro clube que engrossou a moda dos veteranos ao demitir no ano passado o novato Adilson Batista para a contratação do "veterano" Emerson Leão.
"Não existe no São Paulo preferência por treinador mais experiente ou menos experiente. Pensamos em competência. Quando trouxemos o Adilson, que era jovem treinador, foi nessa linha. Demos oportunidade para o Sérgio Baresi no time principal. Mas a gente constata que o futebol brasileiro não tem tido muitas revelações na questão de técnicos, nos ressentimos que exista um número pequeno. Não temos uma variedade de técnicos com grande destaque", falou João Paulo de Jesus Lopes, diretor de futebol do clube.
"As 12 principais equipes do futebol brasileiro disputam títulos mais sofisticados e de maior importância, e pesa na escolha o currículo dos técnicos e a experiência deles nessas competição, como a Libertadores, que é desejável que haja técnicos com experiência maior."
O Palmeiras talvez seja um dos maiores exemplos de que o nome forte pesa na manutenção. Luiz Felipe Scolari já viveu momentos de muita turbulência nos quase dois anos à frente do clube, mas jamais foi cogitada a saída do técnico campeão da Libertadores de 1999.
E a cúpula do clube, que dispensou o novato Antônio Carlos antes da chegada do pentacampeão, não esconde sua preferência por veteranos. "Acho que ter um treinador como o nosso, campeão do mundo, é melhor do que uma aposta. Para os clubes que têm condições de ter um técnico cinco estrelas, é uma opção natural trazer treinador do tamanho do clube", falou Roberto Frizzo, vice-presidente do Palmeiras.
"Acho que quando alguns treinadores de ponta do país saíram um tempo, veio a situação pontual de se testar técnicos jovens quando eles mostraram excelentes resultados. Assim os grandes clubes vão dar chance, mas se não tiver um treinador medalhão naquela ocasião", continuou.
Já o Fluminense, apesar de ter ultimamente apostado em técnicos de mais renome, diz não ter preferência por este tipo de treinador. O clube é treinado por Abel Braga e teve antes dele no comando Muricy Ramalho, hoje no Santos.
"Acho que é uma coincidência [a baixa aposta em técnicos jovens agora]. Em 2009, por exemplo, o Flamengo foi campeão com o Andrade. Muitas vezes você não vê renovação, aí os mais experientes ocupam espaço, mas não por falta de convicção dos clubes. É que temos poucas ofertas. Eu acho que isso é algo momentâneo", falou Rodrigo Caetano, diretor executivo do clube das Laranjeiras.
TEMPO DE CARREIRA DOS TÉCNICOS DOS TIMES DA SÉRIE A
Clube | Técnico | Início de carreira | Tempo de carreira |
Atlético-MG | Cuca | 98 | 14 anos |
Bahia | Falcão | 90 | 22 |
Botafogo | Oswaldo Oliveira | 99 | 13 |
Corinthians | Tite | 90 | 22 |
Coritiba | Marcelo Oliveira | 2003 | 9 |
Cruzeiro | Vágner Mancini | 99 | 13 |
Figueirense | Branco | 2012 | Menos de um ano |
Flamengo | Joel Santana | 81 | 31 |
Fluminense | Abel Braga | 85 | 27 |
Grêmio | V. Luxemburgo | 83 | 29 |
Internacional | Dorival Júnior | 2003 | 9 |
Náutico | W. Lemos | 86 | 28 |
Palmeiras | Felipão | 82 | 30 |
Ponte Preta | Gilson Kleina | 2002 | 10 |
Portuguesa | Jorginho | 2007 | 5 |
Santos | Muricy Ramalho | 93 | 19 |
São Paulo | Emerson Leão | 87 | 25 |
Sport | Mazola Júnior | 2009 | 3 |
Vasco | Ricardo Gomes | 96 | 18 |
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