Técnico expert em desesperados explica cena sem camisa na TV e cobra chance em "grande"
Certos tipos de técnicos raramente ficam desempregados, mesmo se não carregam o rótulo de "treinador de elite" do futebol nacional.
É esse mais ou menos o caso de Vágner Benazzi, profissional que se especializou nas últimas duas décadas em salvar times do rebaixamento ou promover os mesmos a divisões superiores. Dias depois de livrar o Botafogo de Ribeirão Preto de um descenso que parecia consumado no Paulistão, e de aparecer desabafando sem camisa na TV, o veterano pede uma chance em um "grande" do país.
"Já passou da hora de eu ter uma oportunidade [em um time grande]. Estou perdendo alguns anos. Mas felizmente os times que me procuram têm torcidas que vão a campo. Mas eu já deveria ter tido pelo menos uma oportunidade. Venho batalhando para isso. Mas, se esperam que eu trabalhe com empresário famoso, não vai dar certo", disse Benazzi, que gosta de negociar os próprios contratos ao lado do genro.
Com 12 acessos no currículo e outros tantos resgates de times para fora de zonas de rebaixamento, o treinador quer ser visto além do rótulo especialista em uma determinada situação. Na meta de chegar a um "grande", também diz não ser um técnico caro.
Benazzi tira a camisa junto à torcida e depois abraça jogador na tarde em que o Botafogo se livrou do rebaixamento. Time de Ribeirão Preto bateu o Guarani na última rodada - Fotos: Reprodução |
"Tenho salário de médio para bom. Quando eu chegar num time de capitais, aí sim vou ter um salário bom. Times como Inter, Grêmio, Palmeiras e Corinthians. Sou um técnico de conquistas difíceis, mesmo com times que não têm um investimento maior. Mas também já estive em times de torcida, como Bahia e Vitória, com bons trabalhos", acrescentou o treinador em entrevista ao UOL Esporte.
No último domingo, o Brasil viu pela televisão um desabafo de Benazzi após o êxito do Botafogo na luta contra o rebaixamento. A cena do treinador sem camisa, pulando junto à torcida no estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto, foi uma das imagens marcantes dos estaduais no fim de semana, com destaque inclusive no Fantástico, da Rede Globo.
NETO COMENTA NA TV
"O que o Vágner Benazzi fez no Botafogo, nem Felipão, nem Muricy, nem Luxemburgo, nem Mourinho fariam. A mesma coisa o Estevam Soares. Porque é legal ser treinador com Valdivia, Daniel Carvalho, Neymar, Ganso, com dinheiro. Quero ver ser treinador sem dinheiro, ameaçado de cair. Aí é teta. Brincadeira esses treinadores. Falam muito e fazem muito pouco." |
No programa "Os Donos da Bola", da última segunda-feira (16.04) |
"Eu sou acostumado a tirar do sufoco. Você acha que eu ia perder essa banca? Essa banca é boa pra cacete, dá um dinheiro muito bom", desabafou o técnico diante das câmeras de TV, descamisado, ainda no calor da comemoração.
Benazzi explica a cena inusitada ao discorrer sobre a façanha do Botafogo, que passou quase todo o Paulistão como integrante da zona de rebaixamento. A equipe só escapou da queda com a vitória na última rodada por 2 a 1 sobre o Guarani, com gol de Clebinho aos 43min do segundo tempo, em resultado que selou o descenso da Portuguesa.
"Corri junto à torcida e vi uma mulher com lágrima nos olhos. Só tinha uns dois metros me separando da torcida. Ela estava chorando e me falou: ‘Me dê essa camisa’. Isso me matou. Depois nem lembrei mais da camisa. Só estando dentro no grupo, passar o que a gente passou, para entender. Uma situação de não conseguir se mexer dentro da tabela, um negócio arrasador. Você acorda de madrugada assustado, acende a luz e acaba colocando um esquema tático na prancheta", relata.
Depois de assumir o time na vaga de Lori Sandri no meio do Paulistão, Benazzi sai com a missão cumprida, em reconhecimento de custo-benefício admitido pela diretoria do Botafogo de Ribeirão Preto.
"Sem dúvida [vale a pena pagar por Benazzi]. Ele cumpriu a sua missão. Não só ele, como toda a comissão, como um todo. Cumpriu para o que foi contratado. Com a ajuda inegável da nossa torcida", diz Eduardo Neves, diretor de futebol do clube.
O treinador de 57 anos já promoveu Gama (1998), Figueirense (2001) e Portuguesa (2007) à Série A do Brasileirão e tem taças estaduais no currículo. No entanto, destaca como trabalhos marcantes ter segurado o Paysandu na elite nacional em 2004 e a arrancada com o Vitória na Série B em 2011, passando de 16º a 5º lugar.
"Perdemos o acesso na última rodada, por um ponto, tomamos gols do São Caetano no fim. Mas foi uma campanha boa e cansativa", afirma o técnico, com passagens por Avaí, Criciúma, Fortaleza, Náutico, Ponte Preta entre outros times.
À espera de uma chance em um clube considerado membro do rol dos "grandes", Benazzi diz que tem recebido nos últimos dias telefonemas de interessados em seu trabalho. O treinador relata ter ouvido sondagens de times de Série A e B e afirma contar preferencialmente com um trabalho que parta do começo, sem a pressão de modificar uma situação já em andamento.
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