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Túlio encara 'banho tcheco', fã no armário e bêbado atirador na busca por gol 1000

Túlio vive auge da carreira e comemora título brasileiro de 1995 pelo Botafogo - Ormuzd Alves/Folhapress
Túlio vive auge da carreira e comemora título brasileiro de 1995 pelo Botafogo Imagem: Ormuzd Alves/Folhapress

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

18/04/2012 15h27

Na luta para chegar ao milésimo gol, Túlio Maravilha contabiliza 25 anos de carreira, 37 clubes, cinco países e, claro, muitas histórias para contar. O artilheiro conhecido pelo jeito autêntico e até folclórico se gaba de ter vivido quase tudo em sua trajetória: da consagração à humilhação, de fãs apaixonadas a situações perigosas com risco de morte.

Túlio está a 15 gols do milésimo e espera atingir sua meta ainda neste ano para encerrar a carreira com o sentimento de 'dever cumprido' e recompensado por não ter disputado uma Copa do Mundo. O jogador reconhece que se submeteu a situações que muitos atletas consagrados não teriam coragem, mas não se arrepende. Considera que tudo foi importante para atingir a meta.

“É exatamente isso que eu quero mostrar quando tudo acabar. A vida não é feita de mil maravilhosas, não são só flores. Tem altos e baixos para poder valorizar o objetivo. Minha história é de superação, de luta, garra, atitude e perseverança. Nunca desisti, pensei em desistir por tantas dificuldades que encontrei na carreira, mas nunca perdi o jogo”, contou, ao UOL Esporte.

No Botafogo, Túlio viveu o auge da carreira. Teve vida de ídolo pop star e se viu em meio a luxo, dinheiro e mulheres, muitas mulheres. Em seu primeiro casamento na época, o jogador driblou o assédio de fãs enlouquecidas. Não foi fácil.

OS CASOS INUSITADOS DE TÚLIO

Aventura na Amazônia
Quando jogava no Fast, de Manaus, Túlio viajou 16h de barco pelo Rio Amazonas. Teve que dormir na rede.

Bêbado atirador
Em um jogo à noite, Túlio correu risco de morte. Um torcedor rival bêbado entrou no vestiário armado e fez ameaças. Disse que se os adversários ganhassem o jogo, não sairiam vivos.

Banho tcheco
Quando defendia a Canedense, em 2011, faltou água no chuveiro do vestiário. Túlio tomou banho na pia e só lavou as partes íntimas.

Jogo contra goleiro de 15 anos
Túlio somou quatro gols para o milésimo em um jogo amistoso do Botafogo-DF contra o time juvenil do Ceilândia, que contou com um goleiro de apenas 15 anos.

Fãs enlouquecidas
Na primeira passagem pelo Botafogo, Túlio já precisou sair pelos fundos de um shopping fugindo das mulheres, recebeu fotos de fãs nuas, mapas com a direção para chegar à casa de uma delas, além de cartas quilométricas com milhares de mensagens escritas ‘Eu te amo’ e beijos impressos com batom.

Fã escondida no armário
Ainda na época do Botafogo, o jogador abriu a porta do armário em um quarto de hotel e levou um susto ao se deparar com uma fã escondida que queria autógrafos, fotos e beijos.

Jogo com um pagante
Quando atuava pela Canedense, Túlio atuou em uma partida com apenas um torcedor pagante.

Nos anos de sua primeira passagem pelo clube alvinegro, de 1994 a 1996, ele conquistou o Campeonato Brasileiro, foi artilheiro da competição e passou pela seleção brasileira. A fama acompanhou os feitos. Já precisou sair pelos fundos de um shopping fugindo das mulheres, recebeu fotos de fãs nuas, mapas e endereços para chegar à casa delas, além de cartas quilométricas com milhares de mensagens escritas ‘Eu te amo’ e beijos impressos com batom.

Outras situações foram ainda mais sérias e constrangedoras. Certa vez, abriu a porta do armário em um quarto de hotel e levou um susto ao se deparar com uma fã escondida. Mas foi uma menor de idade que o deixou preocupado. Túlio precisou procurar os pais da menina que perdeu a razão e acreditava na própria fantasia que o jogador era seu namorado.

Os anos se passaram, e a realidade de Túlio mudou. Os gols se tornaram mais difíceis, e o ídolo já não tinha mais tanto espaço nos clubes grandes. A fama diminuiu e o assédio das fãs também. Ele aprendeu a viver o outro lado da vida de atleta e colecionou histórias pelo interior do país.

A passagem pela Canedense em 2011 rendeu apenas dois gols para a contagem, mas ficou marcada por episódios que não serão esquecidos. Ele chegou a jogar em um estádio para apenas um pagante e viveu situações constrangedoras.

Certa vez, após um jogo, não havia água no chuveiro. Túlio tomou banho na pia e lavou apenas as partes íntimas. “Foi um banho tcheco mesmo”, brinca.

Foi lá também que ele viveu talvez a situação mais perigosa de sua carreira. “Depois de um jogo à noite, um torcedor do adversário invadiu o vestiário bêbado e armado. Ele nos ameaçou dando tiro para cima e disse ‘se ganhar aqui, ninguém sai vivo’. Nunca passei tanto medo”, conta.

Mas foi na Amazônia que ele considera ter vivido sua maior aventura. Em 2006 jogava pelo Fast, de Manaus, e o principal meio de transporte para as partidas era o barco. Certa vez, precisou enfrentar uma viagem de 16h pelo Rio Amazonas dormindo em uma rede. Valeu a pena. Ele marcou dois gols e ficou mais perto do milésimo.

“Falaram para mim que tinha um camarote só para mim. Mas era meio apertado e muito frio. Resolvi dormir na rede mesmo. Foram 15, 16 horas”, relembra.