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Medo de parar, reserva financeira e glamour adiam aposentadoria de veteranos

Luiza Oliveira<br>Do UOL, em São Paulo

25/04/2012 11h03

Eles conquistaram títulos, jogaram em estádios lotados, tiveram o nome gritado pela torcida e ganharam muito dinheiro como jogadores de futebol. Hoje, já veteranos, veem a carreira perto do fim, mas ainda querem continuar. O UOL Esporte reuniu alguns quarentões, ou quase, que não penduram as chuteiras por dinheiro, medo, prazer ou simplesmente por acharem que ainda têm "lenha para queimar".   

RESERVA FINANCEIRA, FILHOS E MEDO MANTÊM HARLEI EM ATIVIDADE

  • EFE/ Weimer Carvalho

    Harlei é um dos jogadores mais velhos em atividade no futebol brasileiro e já se tornou um quarentão. Mas segue firme no gol do Goiás há 13 anos e ainda tem dúvidas se irá se aposentar no fim do ano ao término do seu contrato.

  • Para ele, o dinheiro e o medo de perder o 'glamour' da profissão ainda o fazem jogar. O gosto dos dois filhos, Leandro e Ana Clara, pelo futebol e a admiração pelo 'pai-jogador' também o incentivam a seguir em frente.

    Além disso, Harlei considera que ainda pode fazer uma reserva maior financeira para garantir a tranquilidade da família. Prova disso é que cogita não encerrar a carreira no Goiás se uma boa oportunidade surgir. Recentemente, ele teve propostas de times grandes do país e do futebol norte-americano. "Não decretei que vou encerrar minha carreira no Goiás. Minha família depende de mim, e o dinheiro que se ganha no futebol é diferente do que se ganha fora".

    "Também é difícil parar. Mexe com o lado psicológico, sem dúvida. Estou me preparando para sofrer o mínimo possível. Mas se hoje eu já durmo e sonho com os lances das partidas, imagina quando eu parar? O carinho dos torcedores e o prazer dos meus filhos em me ver jogando me animam muito".

    O arqueiro diz ainda que, apesar de veterano, tem um físico privilegiado que o ajudou a prolongar a carreira. Em 13 anos, sofreu apenas uma lesão muscular e já quebrou o recorde do Campeonato Brasileiro como o goleiro com maior número de partidas seguidas.

TÚLIO QUER MILÉSIMO GOL PARA COMPENSAR AUSÊNCIA EM COPA DO MUNDO

  • Ormuzd Alves/Folhapress

    Túlio não precisa mais de dinheiro e já conquistou títulos e fama na carreira. Mas ainda tem motivação para continuar atuando mesmo com 42 anos. O atacante enfrenta a falta de estrutura em clubes pequenos por um objetivo pessoal: chegar ao milésimo gol.

    Apesar de ter atuado pela seleção brasileira e ter conquistado a artilharia do Campeonato Brasileiro por três vezes, Túlio acha que só o gol 1000 compensaria o fato de não ter disputado uma Copa do Mundo.

    "Faltou uma Copa do Mundo para mim. Eu tinha que fechar minha carreira com algo mais. Precisava de algo para deixar definitivamente meu nome cravado não só no futebol brasileiro, mas mundial. Quem não me viu ser campeão brasileiro em 1995 (pelo Botafogo) vai ver esse legado", disse o atleta que hoje defende o Tanabi, time da quarta divisão paulista.

DEPOIS DE SOFRER COM LESÕES, PEDRINHO MANTÉM CARREIRA POR PRAZER

  • Ayrton Vignola/Folhapress

    Pedrinho tem motivação bem mais simples para continuar em atividade aos 34 anos: prazer. Meia canhoto e habilidoso, o ídolo de Vasco e Palmeiras na década de 90 teve a carreira prejudicada por seguidas lesões. Recuperado, quer ter tranquilidade para fazer o que gosta.

    Pedrinho anunciou o fim da carreira em 2009, quando atuava pelo Figueirense. Mas aos 34 anos decidiu voltar e jogou o Campeonato Carioca pelo Olaria. Teve boas atuações e marcou três gols no torneio.

    "Eu não precisava mais de dinheiro, não tinha pressão de me machucar. Fui ouvindo várias pessoas e vi que queria me dar essa chance de jogar com prazer. E tenho certeza que se falar com pessoas do Olaria, todos falariam que se eu tivesse num time grande todos estariam surpresos", disse ele.

  • Pedrinho afirma estar estabilizado financeiramente e já trabalha com agenciamento de novos atletas. Apesar do amor pelo esporte, ele vê que o fim da carreira está próximo e cogita pendurar as chuteiras se não surgir uma boa proposta após o fim do Estadual do Rio.

ROGÉRIO CENI DIZ QUE UMA PARTE DELE VAI MORRER QUANDO PARAR

  • Rubens Chiri/Divulgação

    Rogério Ceni alcançou tudo que sonhava no futebol. Participou de uma Copa do Mundo e conquistou de Paulistão a Mundial de Clubes, passando por Brasileiro e Libertadores. Mais que isso, é o principal ídolo do São Paulo. Aos 39 anos, o que o motiva a continuar?

    O goleiro se sente bem fisicamente e emocionalmente para continuar entrando em campo com a camisa tricolor, até sofrer uma lesão no ombro. Sua ideia é avaliar o futuro no fim do ano, quando termina seu contrato. Além disso, Rogério sofre do mal de todo atleta: o medo de parar. Ele diz que quando pendurar as luvas, uma parte dele vai morrer.

AOS 40 ANOS, RIVALDO ACHA QUE AINDA NÃO CHEGOU A HORA DE PARAR

  • Almeida Rocha/Folhapress

    Rivaldo faz parte do time dos quarentões que não querem largar a bola. Após ser dispensado do São Paulo, o pentacampeão mundial acertou com o Kabuscorp de Angola por um ano. Em forma, acredita que ainda tem condições de jogar bem.

    "Acabei o contrato com o São Paulo e senti que tenho condições para continuar. Recebi propostas de vários países, mas acabei por optar por Angola por causa da língua e por ficar contente com o projeto", disse.