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País vive crise na posição, e 'dia do goleiro' é marcado por falhas, críticas e desconfiança

Goleiros da seleção e de Palmeiras e Corinthians vem sendo questionados pelas falhas Imagem: Montagem UOL

Luiza Oliveira*

Do UOL, em São Paulo

26/04/2012 14h36

Ele é o único jogador de futebol que tem um dia sua homenagem. Não é para menos. Treina mais que os colegas, não leva os louros das vitórias e seus erros são considerados imperdoáveis. O merecido dia do goleiro, no entanto, não tem muitos motivos para comemorações. A posição passa por uma crise no país e até os principais nomes enfrentam críticas e desconfianças.

VEJA A SITUAÇÃO DOS GOLEIROS NO PAÍS

MINAS GERAIS
Atlético-MG
Giovanni- Acabou de assumir a posição e fez seu quarto jogo contra o Goiás, na quarta, pela Copa do Brasil. Pegou o lugar de Renan Ribeiro que nem tem sido relacionado, depois de falhar no clássico com o Cruzeiro (empate em 2 a 2) e ser bastante cobrado pela torcida.

Cruzeiro
Fábio- Ídolo do Cruzeiro e líder do grupo, Fábio segue em alta no clube e tem se destacado neste início de temporada. Com boas atuações, foi lembrado por Mano Menezes.
 
SÃO PAULO
Santos
Rafael - Titular absoluto do Santos, é cotado para assumir a camisa 1 da seleção nas Olimpíadas de Londres. Apesar de jovem, demonstra muita confiança e conquistou quatro títulos em dois anos. Recebeu propostas do futebol italiano, mas diz que quer fazer história em apenas um clube.

Palmeiras
Deola - Vive à sombra de Marcos e é comparado ao Santo em qualquer falha. Está em crise com a torcida pelas falhas contra o Guarani e foi um dos mais xingados do time. Foi sacado, e Bruno ganhou a vaga contra o Paraná, pela Copa do Brasil.

Corinthians
Julio Cesar- É criticado por falhar em momentos decisivos e não tem a confiança da torcida. Errou contra a Ponte Preta no Paulistão e corre o risco de perder a vaga no duelo contra o Emelec. É considerado fraco no aspecto emocional.

São Paulo
Denis - É considerado uma grande promessa e tem feito boas exibições. Mas também vive à sombra de Rogério Ceni, que se recupera de lesão, e falha de vez em quando. Sua saída de bola é contestada.

Os arqueiros nacionais se valorizaram na última década e o futebol brasileiro deixou de exportar atacantes ou jogadores ofensivos para mostrar ao mundo o talento com as mãos. Taffarel, Dida, Julio Cesar, Doni, Gomes, Diego Alves e Helton são alguns dos que fizeram sucesso lá fora. Mas o cenário mudou. Hoje, as estrelas na Europa e os titulares no Brasil são mais lembrados pelas falhas que pelas grandes defesas.

Dos 12 grandes clubes brasileiros, apenas três vivem situação confortável: Fábio é ídolo e unanimidade no Cruzeiro, Rafael se tornou uma referência no Santos e Diego Cavalieri vem se firmando no Fluminense. Até os preferidos de Mano, o gremista Victor e o botafoguense Jeferson andaram falhando ultimamente e estão sendo questionados.

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Campeão mundial pelo São Paulo em 1992 e 1993 e pela seleção brasileira em 1994, o ex-goleiro Zetti considera que o setor passa por um momento delicado. Em sua visão, o maior erro foi a transferência precoce dos destaques para o exterior.

“Acho que houve uma reformulação no gol, o Victor vinha numa sequência boa na seleção, mas começou a falhar no Grêmio e o time não se encontrou no gol. O Jefferson vinha em ascensão ótima, mas esse ano andou falhando também e trazendo dúvida para nós”.

“Estamos perdendo os melhores goleiros para o exterior: o Diego [Alves] está fora, o Júlio está fora, o Gomes saiu, o Hélton também. Era a fase que tínhamos para acompanhar esses goleiros dentro do futebol brasileiro, mas saíram os melhores. Não reformulamos como deveria e estamos encontrando dificuldades pra escalar um goleiro titular.”

São Paulo é quem mais sofre e vive uma crise na posição. No Palmeiras, Deola ainda vive à sombra de Marcos e não consegue conquistar a torcida e o próprio Felipão. Falhou na primeira fase do Paulista e ganhou o primeiro alerta ao perder a vaga para Bruno. Nas quartas de final, os erros nos três gols contra o Guarani não foram perdoados pelo treinador. Saiu do time e Bruno foi o escolhido na Copa do Brasil.

RIO GRANDE DO SUL
Inter
Muriel - Cria das categorias de base, virou titular no ano passado diante da má fase de Renan e de uma lesão de Lauro. Começou bem e caiu no gosto da torcida e do então técnico Falcão. Tem o apoio da diretoria, mas não ‘enche os olhos da torcida’ e é considerado comum.

Grêmio
Victor - Um dos goleiros do país de maior destaque. Jogador de seleção, é ídolo da torcida e titular incontestável. Mas falhou muito no Brasileiro e já enfrenta resistência de uma ala da torcida que gostaria de negociá-lo.
RIO DE JANEIRO
Flamengo
Felipe - Já não reina soberano no Flamengo. Está em pé de igualdade com o reserva Paulo Victor que deu conta do recado quando o substituiu. É acusado de falhar em alguns jogos, como nas semifinais da Taça Guanabara e da Taça Rio.

Fluminense
Diego Cavalieri- Está em início de namoro com a torcida e é comparado até a Paulo Victor, ídolo na década de 80. Está com a cotação em alta e já vislumbra uma vaga na seleção brasileira. Nesta quarta, pegou um pênalti contra o Inter pela Libertadores.

Vasco
Fernando Prass- Ídolo da torcida, tem apoio da diretoria e já revelou que quer ficar marcado na história do clube. Porém, aos poucos, começa a ouvir críticas pelas suas saídas do gol e por raramente conseguir defender um pênalti.

Botafogo
Jefferson- Goleiro de seleção, está em boa fase apresentando grandes defesas e segurança no gol. No entanto, não está livre dos erros. Falhou contra o Bangu, pela semifinal da Taça Rio.

O mesmo caminho pode seguir o corintiano Julio Cesar. Criticado por falhar em momentos decisivos, ele cometeu dois erros cruciais que custaram a eliminação do Corinthians para a Ponte Preta nas quartas de final do estadual. Muito abalado, ele mesmo admite que pode perder a vaga no duelo contra o Emelec pela Libertadores.

O momento se reflete na seleção brasileira. Mano Menezes já convocou dez goleiros entre amistosos, períodos de treinamentos e competições: Júlio César, Neto, Rafael, Renan, Diego Alves, Fábio, Gabriel, Gomes, Jefferson e Victor fizeram parte das listas.

Julio Cesar está na frente dos concorrentes com onze participações, mas não goza mais do prestígio que o tornou o melhor do mundo na posição. Marcado por falhar na eliminação do Brasil na Copa do Mundo contra a Holanda, ele tem acompanhado o mau momento da Inter de Milão-ITA nas competições europeias e perdeu a confiança da torcida.

Victor teve sua última oportunidade na despedida de Ronaldo no amistoso contra a Romênia em 7 de junho e também vem sendo questionado no Grêmio. Jefferson disputou quatro jogos. Quem vem ganhando espaço é Diego Alves, do Valencia, que já disputou dois jogos.

O ex-goleiro Velloso, campeão da Libertadores pelo Palmeiras em 1999, acredita que a 'era Julio Cesar' já chegou ao fim. “Acho que estão insistindo demais com o Julio Cesar, não dá mais. Ele vem falhando muito, mostrando insegurança e parece não ter substituto. O Jefferson ainda não conquistou a confiança, acho que o Diego tem potencial grande e pode ser melhor observado. É um momento de transição em que estão entrando jovens que nunca tiveram sequência e temos que passar confiança”, afirmou.

* Colaboraram José Ricardo Leite e Renan Prates

"FÁBRICA" DE GOLEIROS DE ZETTI FAZ SUCESSO E INSPIRA JOVENS

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