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Devido à fragilidade técnica do Mineiro, Atlético e Cruzeiro chegam 'às cegas' no Brasileirão

Atlético-MG e Cruzeiro se testaram no Mineiro com vistas à disputa do Brasileirão - Washington Alves/Vipcomm
Atlético-MG e Cruzeiro se testaram no Mineiro com vistas à disputa do Brasileirão Imagem: Washington Alves/Vipcomm

Bernardo Lacerda e Guyanne Araújo

Do UOL, em Vespasiano (MG) e Belo Horizonte

03/05/2012 06h00

O Campeonato Mineiro está em sua fase decisiva, a final acontecerá em dois jogos, a partir deste domingo, entre Atlético-MG, que teve dificuldades, mas superou o Tupi, e América-MG, que eliminou o Cruzeiro, nas semifinais. Na etapa de classificação do certame estadual, no entanto, os rivais Atlético-MG e Cruzeiro reinaram absolutos. A falta de adversários de peso no cenário nacional é um problema enfrentado pela dupla da capital, que chegará pouco testada ao Campeonato Brasileiro.

  • Bruno Cantini/Site do Atlético-MG

    Cuca: valorização das 13 partidas invictas do Atlético-MG no atual Campeonato Mineiro

Diferentemente dos principais campeonatos Paulista e Carioca, considerados os principais estaduais do país, em que há equilíbrio maior, com mais clubes em condições de conquistar o título, em Minas, Atlético-MG e Cruzeiro têm poucos desafios nos cinco primeiros meses do ano. Em São Paulo, os quatro grandes – Santos, São Paulo, Corinthians e Palmeiras, enfrentam mais seis clubes que disputam as séries A ou B.

Da atual edição do Campeonato Mineiro, que se aproxima do fim, apenas América-MG, Boa Esporte e Tupi disputam a competição nacional. Os dois primeiros estão na série B, enquanto a equipe de Juiz de Fora, disputará a série C do Brasileiro. O Ipatinga, que também está na Segunda Divisão do Brasileiro, disputou o Módulo II em Minas.

Na fase inicial do Estadual deste ano, Atlético-MG e Cruzeiro foram líder e vice-líder, com 29 e 28 pontos, respectivamente, com ampla vantagem sobre o terceiro e quarto colocados, América-MG e Tupi, que registraram apenas 21 e 17 pontos.

Na temporada passada, Atlético e Cruzeiro decidiram o Campeonato Mineiro, com o título ficando nas mãos do time celeste. No Campeonato Brasileiro, a realidade dos rivais foi bem diferente, com ambos lutando contra o rebaixamento, safando-se apenas nas rodadas finais da competição.

O técnico Cuca tenta amenizar o discurso e destaca a dificuldade do estadual mineiro. “Tenho de valorizar as 13 partidas invictas que o Atlético teve, temos adversários de qualidade, não é fácil enfrentar Villa Nova, time de tradição, Tupi, melhor time do interior, América, Cruzeiro, Boa, são times fortes”, disse.

O Atlético-MG chegou invicto à decisão do título mineiro, com dez vitórias e três empates. Porém, nos jogos contra equipes que disputam competições nacionais, o clube venceu três vezes: Boa Esporte, América-MG e Tupi, empatando com Cruzeiro e Tupi (duas vezes).

O presidente atleticano, Alexandre Kalil, reconhece que o estadual não serve de preparação para os times de Belo Horizonte e se mostra favorável à criação de uma liga com as principais equipes de outros estados, como aconteceu de 2000 a 2002, quando equipes mineiras, do Rio Grande do Sul e do Paraná, se confrontaram, na Copa Sul-Minas.

  • Washington Alves/Vipcomm

    Cruzeiro, do goleiro Fábio, não passou pelo América-MG e está fora da final do Mineiro

“Não tem atrativo, não tem público, se os clubes do interior tivessem rachando de ganhar dinheiro. É muito mais interessante Atlético e Cruzeiro, Grêmio e Internacional abrirem mão de uma parcela do Estadual, que é muito vantajoso e aí sim, fazer um campeonato Atlético e Grêmio, Atlético e Internacional, Atlético-PR, seria muito melhor”, destacou Kalil.

“Campeonato Mineiro pode ser pensado e viabilizado de uma forma melhor. Podemos fazer um campeonato de Atlético, Cruzeiro e América em um grupo. Qual a diferença de ter os três na fase de classificação. O que me assusta são os campos que temos de jogar, os jogadores se preparando para a temporada”, acrescentou o mandatário atleticano.

Para o Cruzeiro, o Campeonato Mineiro trouxe uma outra realidade, ao ficar de fora até mesmo da final do Estadual. O time foi batido duas vezes pelo América na semifinal, não chegando a final. Antes, o time comandado por Vágner Mancini havia vencido 11 de 15 jogos no ano.

“Diversas equipes que jogam estadual, que não tenham dúvida, que é um pouco inferior em termos de qualidade de times do brasileiro, todos nós sabemos que mesmo quem for campeã do Estado, ela vai ter que se arrumar melhor, para que possa iniciar bem o Brasileiro”, analisou o treinador celeste.

Para o treinador, nenhum campeonato estadual é parâmetro para o Brasileirão. “Acho que é inicio de parâmetro, parâmetro mesmo é só o Brasileiro. Nenhum outro, em nenhum outro lugar do mundo, você tem 12 equipes que começam como favoritas ao titulo: as duas de Minas, as duas do Sul, as quatro de São Paulo, e as do Rio. Em nenhum campeonato por mais forte que seja lá fora, na Europa, você não vai achar quatro equipes que podem chegar ao título, então é um campeonato diferente”, avaliou.