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Vítima em 2004, Júnior alerta Zinho sobre pressão no Fla: "já querem o cargo dele"

Com experiência como jogador e cartola, Júnior prevê problemas para Zinho no cargo - Reprodução
Com experiência como jogador e cartola, Júnior prevê problemas para Zinho no cargo Imagem: Reprodução

Luiz Gabriel Ribeiro

Do UOL, no Rio de Janeiro

12/05/2012 06h04

Diretor técnico do Flamengo em 2004 – durante a gestão de Márcio Braga – e familiarizado com os bastidores do Flamengo, Júnior foi um dos conselheiros de Zinho antes de o ex-jogador aceitar a proposta para retornar ao clube da Gávea. Entre desejos de sorte para o novo desafio, o comentarista da TV Globo alertou o amigo sobre as dificuldades que terá como diretor executivo. Pressão para deixar o cargo, segundo ele, já há.

ZINHO: ATENÇÃO ESPECIAL A RONALDINHO

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    Zinho começou a trabalhar nesta sexta-feira no Flamengo. O primeiro ato do diretor executivo foi uma conversa com jogadores e técnico dentro do campo de treinamento. Em seguida, o cartola encarou os jornalistas para a sua primeira entrevista coletiva. O tetracampeão mostrou estar atento à estrela do time, Ronaldinho Gaúcho. O camisa 10 foi companheiro de Zinho no início da sua carreira, no Grêmio. Os dois deram longo abraço antes do encontro no gramado. No entanto, o dirigente deu recado ao craque e companheiros.

“Existem muitas figuras acima dele que opinam em tudo achando que sabem de futebol, mas não sabem de nada. Vai acontecer pressão porque muitos já querem o cargo dele. Qualquer um que sente naquela cadeira vai encontrar esse problema”, avisa Júnior, que complementa. “Ajuda demais o fato de o Zinho ter sido criado no Flamengo. Mas não é só isso. Tem que estar preparado, e o Zinho é um cara vencedor e tem isso”.

Júnior teve passagem frustrada como cartola do Flamengo na temporada de 2004. Por discordâncias com dirigentes, o ídolo flamenguista abandonou o cargo na Fla-Futebol, órgão criado na ocasião para profissionalizar o departamento. O agora comentarista prevê dificuldades que Zinho irá enfrentar com conselheiros e reforça que somente conhecer o clube não é suficiente para evitar questionamentos.

O ex-jogador foi só uma das pessoas procuradas por Zinho antes da assinar o contrato. O diretor rubro-negro pediu tempo para pensar na oferta feita no último final de semana e só fechou acordo com a presidente Patricia Amorim nesta quinta. “Conversei com o Junior Capacete. Um cara que é meu ídolo. Junior me ligou, a gente sempre se fala, se encontra. Ele se colocou à disposição, me desejou sorte. Ele tem a pele rubro-negra e exerceu a função também. Os verdadeiros rubro-negros estão preocupados com um amigo”, admitiu Zinho.

Outro ex-jogador a aceitar trabalho semelhante, Zico sofreu em 2010 e deixou o clube pela porta dos fundos após imensa pressão em função dos questionamentos ao seu trabalho como diretor executivo. Para Júnior, Zinho terá que vencer as barreiras já conhecidas no clube para ter autonomia e comandar o futebol do Flamengo.

“Ele não vai ter autonomia total agora. Assim, o desafio será maior ainda. Já começa pela dificuldade de ele não começar a temporada. Ele não escolheu plantel e treinador. Além disso, tem o momento difícil que a equipe vive. Mas acredito que ele tem capacidade para, junto com o Joel, fazer um bom trabalho”, explica Júnior.

A expectativa do comentarista é que – ao contrário dos cartolas – a relação do novo diretor executivo com o elenco do Flamengo seja tranquila. “É um cara vitorioso por onde passou e está preparado. Nenhum jogador irá questioná-lo porque ele tem um passado vencedor, carisma e algo diferente para oferecer”, ressalta Júnior.

Zinho revela não ter conversado com Zico antes de tomar posse na sexta-feira, quando se reuniu com dirigentes, técnico Joel Santana e jogadores. No entanto, o tetracampeão destaca a intenção de ter os ídolos do Flamengo ao seu lado. “Quero os ex-jogadores. As portas estão abertas para eles estarem aqui, visitar e ajudar. Vou escutar todo mundo. Zico tem abertura total, pelo que escutei da direção toda. Todos tem carinho grande por ele. Zico é um patrimônio do Flamengo para sempre”, lembrou o diretor executivo.