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Após sucesso em SP e Milan, ex-lateral Serginho admite erro ao abandonar seleção

Serginho teve o destaque no Milan que não teve na seleção brasileira - Adek Berry/AFP Photo
Serginho teve o destaque no Milan que não teve na seleção brasileira Imagem: Adek Berry/AFP Photo

Marcio Monteiro

Do UOL, em São Paulo

15/05/2012 12h00

O ex-lateral esquerdo Serginho saiu do pequeno Itaperuna para entrar no Hall da Fama do gigantesco Milan e se tornar um dos grandes jogadores da história do clube rossonero. Porém, o que faltou em sua carreira foi uma passagem marcante pela seleção brasileira. Hoje, aos 40 anos, o agora consultor de futebol milanista no Brasil admite que errou ao pedir dispensa do time nacional após a Copa de 2002, por achar que já estava velho para o esporte.

REFORÇOS PARA O MILAN

Serginho acompanha com bons olhos os jovens Lucas e Ganso, mas ressalta que não há nada certo. “Não tem nada de concreto, são jogadores muito importantes, que vem jogando um bom futebol. Lucas voltou a jogar um bom futebol. Hoje não existe nada de concreto, mas acompanho bastante. Mas não falei nada com o Milan”. Kaká não vive grande fase no Real Madrid e fez história no Milan. Mas o consultor descarta qualquer possibilidade de retorno. “Pelo que converso com ele, que é meu amigo, ele tem dentro dele um dever a cumprir pelo clube, que fez um grande investimento nele, ele quer ficar. Acredito que ainda vai dar a volta por cima, mas o primeiro passo é resolver sua vida dentro do Real”.

Hoje em dia, Sérgio Cláudio dos Santos colhe as glórias de uma carreira de muito trabalho e dedicação, como descreve o próprio ex-atleta. A rotina de treinos intensos e jogos deu lugar a vida mais tranquila como consultor de novos talentos para o Milan no Brasil. Com residência no Rio de Janeiro, Serginho é uma espécie de ‘olheiro’ dos italianos para os craques ascendentes do país. “Qualquer trabalho do Milan no Brasil eu estou acompanhando”. Thiago Silva, por exemplo, foi para a Itália após avaliação de perto do consultor.

Na carreira, que teve início em 1988 no Itaperuna, do interior do Rio de Janeiro, o reconhecimento começou a aparecer apenas no Bahia, em 1994. As boas atuações chamaram atenção do Flamengo, que o levou para a Gávea. Sem muitas chances, foi negociado com o Cruzeiro. Então veio a polêmica transação que mudou o destino do lateral.

O São Paulo cedeu aos mineiros cinco atletas, Ronaldo Luís, Gilmar, Vitor, Donizete e Palhinha, e recebeu apenas dois, Beletti e Serginho. O primeiro, ainda como meia, se tornou lateral direito, foi campeão do mundo em 2002 na nova função e partiu para a Europa em seguida, onde defendeu Barcelona e Chelsea.

Já Serginho se tornou um dos melhores laterais esquerdos do país, mas sofria com a concorrência de Roberto Carlos. O jogador foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira em 1998 e acumulou diversas passagens pela equipe nacional até 2001, já no Milan, pelas eliminatórias da Copa de 2002. O técnico Felipão, porém, preferiu Júnior para a campanha do pentacampeonato.

“Sempre me doei ao máximo. Acho que eu teria que ter um aproveitamento maior pela importância que eu tive e pelo momento que vivia. Mas a vida é essa, no momento final ele não me levou”, disse Serginho em entrevista ao UOL Esporte. Logo após o Mundial, o lateral foi convocado para um jogo festivo da seleção, que contava com todos os campeões de 2002, mais Serginho e Zé Roberto.

Já com 32 anos, Serginho achava que estaria velho demais para a Copa seguinte, e pediu dispensa da seleção, para qual nunca mais voltou. “Arrependimento da minha parte não tem, naquele momento foi a minha escolha. Achei que era o momento de me desligar mesmo, quando não concordamos, temos que sair, mas sem fazer polêmica, sem confusão, e eu já estava com 32 anos”.

“Depois, pensando melhor, acho que errei na escolha, pois acabei jogando por mais tempo”. E quanto tempo. Serginho jogou em alto nível no Milan até o final da temporada 2007/2008. No clube foram 281 jogos e 24 gols, além das conquistas de um título italiano, uma Copa da Itália, duas Supercopas da Uefa, duas Liga dos Campeões e um Mundial de Clubes. Pela seleção, porém, apenas a Copa América de 1999.

SERGINHO DIZ QUE PRESSIONOU DIDA PARA AVENTURA NO FUTEBOL DE AREIA

O Milan participa pela segunda vez do Mundialito de Clubes de Futebol de Areia, que ocorre na Arena Guarapiranga, em São Paulo, e desta vez, com um reforço especial, o goleiro Dida. “Fui eu quem coloquei ele nessa, coloquei essa pressão para ele participar e fiz esse convite. Sabemos da dificuldade de adaptação, é diferente do futebol, mas ele esta curtindo bem, treinando muito bem”, revelou Serginho. “Ele não tem mais nenhum vínculo com o Milan, é mais pela amizade. O Milan faz sempre partidas beneficentes com seus veteranos, é mais por essa boa ligação que criamos”. O torneio ocorre entre os dias 12 e 19 de maio, com a presença de Milan, Vasco, Santos, Flamengo, São Paulo, Corinthians, Boca Juniors (ARG), Barcelona (ESP), Seattle Sounders (EUA), Sporting (POR), Lokomotiv (RUS) e Al-Ahli (EAU).